“Navegar é preciso” – já diria Fernando Pessoa –, mas garantir a segurança de tripulantes, passageiros e dos banhistas que se refrescam em áreas próximas às de circulação de barcos é ainda mais importante.
Em Florianópolis, principalmente durante a temporada de verão, as águas calmas das baías Norte e Sul e de balneários como Jurerê e Canasvieiras atraem navegadores experientes e “marinheiros de primeira viagem”, fato que aumenta a preocupação das entidades responsáveis pelo trânsito náutico.
Em ação conjunta, Capitania dos Portos de Santa Catarina e Acatmar (Associação Náutica Catarinense para o Brasil) têm trabalhado para conscientizar, fiscalizar e instruir aqueles que trafegam em embarcações, mas os navegadores também têm sua parcela de responsabilidade.
Uma das primeiras medidas foi tomada em 2012, quando a Marinha passou a exigir um curso prático de quatro horas de navegação para fornecer o arrais amador (habilitação náutica). “Antes, era só pegar a apostila e fazer uma prova.
Hoje, as próprias escolas passam a teoria antes de levar o aluno para a água, onde ele vai se familiarizar com a navegação, saber onde pode e onde não pode chegar, como atracar, etc. Isso dá uma boa base, mas não tem jeito, navegação se aprende navegando”, diz Leandro Ferrari, o Mané Ferrari, presidente da Acatmar.
A partir do momento em que a embarcação está na água, as preocupações se voltam para as regras de navegação interior (próxima à costa) estabelecidas pela Marinha. A distância mínima permitida para a circulação de barcos na orla das praias é de 200 metros da areia, mas é possível atracar o barco a 50 metros da enseada, desde que o trajeto seja feito em velocidade de 3 nós (5,5 km/h) – mesmo limite para a entrada de marinas.
Em alguns casos, como em Jurerê, é possível chegar com a embarcação na areia, mas deve-se respeitar a demarcação de uma raia. “Somente entre essas raias é que as embarcações podem chegar, para evitar acidentes.
Mas os banhistas também precisam respeitar e não podem invadir a área destinada aos barcos”, explica Mané Ferrari. Ele acredita que navegar com responsabilidade não diminui em nada a diversão, mas pode ser decisivo na hora de preservar vidas.
Entre as embarcações que circulam nas praias de Florianópolis estão escunas de passeio e lanchas de apoio a esportes radicais. A legislação náutica é a mesma para esse tipo de veículo, mas os profissionais precisam redobrar os cuidados ao manejar o timão.
Dono de um barco que faz passeios de parasail – voo de paraquedas em que o “aventureiro” é alçado e puxado pelo barco –, Fábio Pedro acredita que tomar as devidas precauções evita acidentes graves. “Precisamos ter mais atenção, porque somos considerados como um rebocador perante as leis da Marinha.
A nossa navegação exige mais cuidado e atenção com quem trafega ao lado, porque se precisarmos fazer alguma manobra brusca, por conta de uma eventual mudança na direção do vento, não podemos ter ninguém por perto”, diz.
O parasail ainda é uma novidade, mas já existem barcos desenvolvidos especialmente para a prática. “No Brasil, existem apenas cinco embarcações habilitadas pela Marinha. Tem pessoas que fazem isso em lanchas adaptadas, mas aí correm riscos desnecessários”, afirma o guia de parasail. Veja mais!
(ND, 23/01/2015)
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