Moradores da Grande Florianópolis se assustaram ao abrirem as torneiras nesta última semana. Em muitas casas da região, a água apresentou um tom escurecido, próximo do marrom, deixando os consumidores receosos.
A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) afirma que o motivo para a cor da água é a alta incidência de temporais em Santa Catarina e admite que a água nesta região nunca esteve tão turva como agora, mas garante que não há riscos à saúde. Segundo a Celesc, o Estado não registrava 25 dias consecutivos com tantos temporais há 60 anos. A chuva faz com que a água captada pela Casan chegue ao tratamento com galhos, folhas e barro, aumentando o tempo de tratamento.
Morador do bairro Ratones, no Norte da Ilha de SC, Anderson dos Santos fotografou a mancha marrom que surgiu dentro de uma piscina inflável na noite do último domingo. Ele relata não ter percebido diferença ao tomar banho de chuveiro durante a tarde, mas após encher a piscina e deixá-la parada por algumas horas, os materiais se sedimentaram no fundo, como mostra a imagem enviada pelo leitor:
Via assessoria, a companhia lamenta e pede desculpas aos consumidores pelo transtorno causado, mas ressalta que a incidência histórica de tempestades no Estado (principalmente nos fins de tarde, de forma isolada e com muita força) tem feito o tratamento demorar mais que o comum.
O maior problema está na água captada nos rios Vargem do Braço e Cubatão – ambos muito importantes para o abastecimento da Grande Florianópolis. Segundo a Casan, a dificuldade no tratamento tem causado menor vazão para bairros de Florianópolis, Biguaçu, São José e Palhoça.
— Esses temporais atrapalham o funcionamento de nosso sistema, pois depois das chuvas fortes a água vem cheia de restos de vegetação e resíduos, chegando a ficar marrom — explica o engenheiro Carlos Alberto Coutinho, superintendente da Região Metropolitana da Grande Florianópolis.
Na Ilha de SC, a região mais afetada é a Bacia do Itacorubi, que compreende os bairros Córrego Grande, Parque São Jorge, Jardim Anchieta, Itacorubi, João Paulo e Monte Verde. Outras regiões da Ilha, que têm mananciais próprios e sistemas independentes, não tem sofrido com problemas no abastecimento de água.
Investimento de R$ 18 milhões na estação de Cubatão
Para evitar que o problema volte a ocorrer com frequência, a Casan investe cerca de R$ 18 milhões na ampliação da estação de tratamento de Cubatão. Uma das melhorias será a implantação do equipamento flocodecantador, que vai ampliar a capacidade de tratamento de água em até 50%.
Segundo a Casan, a finalização da obra – prevista para o final do ano – deve aumentar a produção de água na estação de Cubatão de 2 mil litros por segundo para 3 mil litros por segundo.
Palhoça entra com ação contra Casan
Na semana passada, a prefeitura de Palhoça, na Grande Florianópolis, entrou com ação judicial contra a Casan por suposta quebra no acordo em relação à água fornecida para a cidade. Segundo o município, a falta de água é frequente em diversos bairros, especialmente no verão, e estaria acontecendo devido à baixa vazão de água fornecida pela companhia.
A Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) diz possuir documentos de dezembro com provas da vazão mais baixa. Em dezembro, moradores que entraram em contato com a Samae Palhoça – responsável pelo serviço na cidade – também foram informados de que a Casan estaria diminuindo a vazão.
Já a Casan contesta as críticas e afirma que não reduziu a distribuição de água. Segundo a companhia, medições de janeiro mostram que a vazão média foi maior que 420 litros por segundo, o que estaria inclusive acima do ideal.
(DC, 20/01/2015)
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