A investigação da Polícia Federal, iniciada com denúncia sobre a cobrança de propina para aprovação do projeto Cidade Limpa, foi além e gerou pelo menos cinco inquéritos. Advocacia administrativa, corrupção, fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro estão entre os crimes investigados.
Dois novos inquéritos foram anunciados na tarde de ontem pelo promotor Alexandre Graziottin. Conforme antecipou o jornal Notícias do Dia, em 24 de novembro, os novos inquéritos tratarão especificamente dos crimes de lavagem de dinheiro e sobre oferecimento de propina em contratos entre Prefeitura de Florianópolis e a empresa Sinasc. Os pedidos de abertura foram encaminhados à Justiça ontem.
Antes de deflagrar a Operação Ave de Rapina, a Polícia Federal já possuía provas contra os envolvidos na investigação. Nos diálogos colhidos entre 9 e 30 de setembro deste ano, os policiais flagraram conversas entre o vereador Marcos Aurélio Espíndola, o Badeko (PSD), e uma mulher não identificada, que seria funcionária de um cartório, pra quem o vereador detalha a compra de um imóvel em nome de uma terceira pessoa. “Trata-se de João José Pistum Netto.
A lavagem de dinheiro toma-se incontroversa no caso em tela, tendo como crime precedente a corrupção e peculato que norteiam a vida do vereador”, releva o inquérito policial na página 516. Em entrevista ao Noticias do Dia, Netto, que foi nomeado em maio deste ano diretor de eventos da Liesf (Liga das Escolas de Samba de Florianópolis), negou que seja o “laranja” do vereador do PSD.
Provas contundentes contras os ex-diretores de Operações do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) Júlio Pereira Machado, o Júlio Caju, e Adriano João de Melo também estão relatadas.
Os dois teriam comprado três imóveis, sendo um deles em sociedade. Segundo apontam as gravações, parte do dinheiro para a compra dos imóveis era proveniente da propina paga pela Sinasc, que mantém contratos milionários com a Prefeitura de Florianópolis.
Graziottin também requereu inquérito separado para apurar as denúncias relacionadas à empresa Sinasc, que aparece nas investigações em diferentes momentos.
“Visualizamos que era mais coerente pedirmos o desmembramento também deste fato para que o inquérito policial pudesse seguir de forma isolada sem atrapalhar esse outro processo, que até o momento temos pessoas presas”, declarou o promotor.
Nas interceptações relacionadas ao Sinasc, a polícia aponta a liberação irregular de veículos apreendidos e listados para leilão a pedido de agentes públicos, além de tratativas para a renovação de aditivos milionários assinados pela Secretaria Municipal de Governo.
No diálogo 77 do inquérito policial, Júlio Cajú alega que não tem condições de pagar até janeiro a parcela de R$ 4 mil do apartamento que comprou com Adriano, argumentando: “eu não ganhei o do Sinasc, entendeu?”. Os contratos com a empresa ultrapassam R$ 5 milhões.
(ND, 11/12/2014)
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