Quem olha do alto a área central da Ilha de Santa Catarina só vê concreto; mas ao caminharmos pelas ruas centrais, descobrimos verdadeiros (e solitários) paraísos em meio aos prédios.
Vista de cima, dos altos do Morro da Cruz, a área central da Ilha de Santa Catarina é uma selva de pedra. Não se consegue distinguir pedaços verdes expressivos, só concreto, mais concreto e mais concreto. Os prédios são praticamente colados uns nos outros, impossibilitando, de longe, uma visão humana da cidade, do pouco que restou da nossa aldeia.
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A gente sabe que nem sempre foi assim. Até a década de 1960 o miolo central de Florianópolis era dominado por residências térreas, chácaras, jardins e muita vida. Reconhecer partes remanescentes daquela cidade só é possível no contato direto com algumas ruas, caminhando, olhando, admirando e fotografando. Ao caminhar, descobrimos que ainda existem nichos da bela cidade que já fomos.
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O caso da Praça Doutor Gilberto Guerreiro da Fonseca, que seria destroçada para dar mais espaço a automóveis – mas foi salva graças a uma mobilização da comunidade – me inspirou a uma caminhada pela região central da Capital, em busca dos nichos de verde e, por acaso, também de patrimônio histórico.
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Além da propriedade da família von Wangenheim, na Avenida Trompowsky, e da antiga chácara Molenda, na Rua Bocaiúva – onde foi a primeira reitoria da UFSC e hoje é a 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército –, existem outros imóveis no Centro que preservam o verde e traços arquitetônicos importantes de uma cidade quase toda demolida, que perdeu suas características mais charmosas numa rapidez impressionante.
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Comecei pela Avenida Rio Branco, curtindo a casa da família Bulcão Viana, meio escondida para quem passa de automóvel, mas bem visível quando se passa a pé. Um verdadeiro oásis, espremido entre prédios, a exemplo de outro imóvel, a antiga residência do médico e historiador Osvaldo Rodrigues Cabral, na Rua Esteves Júnior, um lugar que deveria constar de qualquer roteiro turístico de Florianópolis, desde que o poder público e os herdeiros tivessem interesse.
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Na Alves de Brito, o centenário colégio Silveira de Souza, que integra a estrutura da Secretaria Municipal de Educação, é outro paraíso, com suas belas árvores – inclusive duas jaqueiras -, num ambiente isolado e convidativo à meditação e à completa paz de espírito. Um espaço que merece ser valorizado, visitado e revisitado sempre que possível.
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Passei por outros locais, que conservam magníficos jardins e árvores, geralmente sufocados por prédios; sem esquecer as praças, obviamente verdejantes, como a 15 de Novembro, a Olívio Amorim, o Largo Benjamin Constant, tudo isso visível apenas no contato direto, porque, do alto, de avião ou do topo do Morro da Cruz, não se vê essa cidade, sumida no meio do concreto.
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Em tempo: haverá uma festa neste sábado, 22, na Praça Doutor Gilberto Guerreiro da Fonseca, a partir das 10h. Uma bela oportunidade para celebrarmos a vitória da cidadania na luta por uma cidade mais humana.
Cautela
Na Câmara de Florianópolis há quem não acredite em cassações relacionadas à Operação Ave de Rapina, caso fique realmente comprovada a culpabilidade dos dois vereadores indiciados pela Polícia Federal. Esse descrédito tem relação com a Operação Moeda Verde (de 2007), também realizada pela Polícia Federal: os vereadores Juarez Silveira e Marcílio Ávila foram cassados, mas recuperaram os mandatos na Justiça, com todos os ônus para a Câmara.
Olho vivo
Medidas para salvaguardar a seriedade da pública foram anunciadas na sexta-feira pelo prefeito Cesar Souza Júnior. Na prática, mais vigilância sobre tudo, como deve ser. Cesar tem que receber em seu computador, diariamente, um resumo de todos os procedimentos da máquina pública, como licenças para empreendimentos e licitações. Simples assim, sem mais, nem menos, apenas controle e olho vivo.
ND, .
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