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Ordem e água fresca

(Sergio da Costa Ramos, DC, 15/10/2014)

Darcy Ribeiro, um eterno sonhador, aceitava a frase positivista de Augusto Comte, lema da bandeira do Brasil: “Ordem e Progresso”. Mas achava que a personalidade “flamboyant” dos brasileiros exigia um acréscimo mais caloroso. E sugeriu, divertido: “Por que não ‘Amor, Ordem e Água Fresca’?”

Seria ótimo. Não faltaria, contudo, o deboche dos descrentes. O Brasil de hoje está menos para frases positivistas e mais para diminuições negativistas, como: “Desordem, Afano e Regresso”.

Se ainda temos o direito de dar um beijão nos lábios da amada – e sem pagar imposto –, nem tudo está perdido neste Brasil do século 21. Já imaginaram se a Câmara Municipal, a Assembleia ou o Congresso resolvessem aprovar projeto de lei onerando o beijo e o carinho? Já pensaram a Receita Federal obrigando o cidadão a renovar todos os anos a sua “Declaração do Imposto do Amor e do Bem Querer”?

Mal-acostumadas com a turma de Brasília, as moças exigiriam mesada de R$ 20 mil (como naquelas “despesas sem necessidade de comprovação”) por um simples beijinho. Mão no quadril, custaria R$ 25 mil. Mais pra baixo, o valor seria igual ao de um mensalão de R$ 50 mil. E pra “ficar com tudo”, R$ 100 mil.

“Namorar” é tão belo e tão puro que contém a palavra “amor” bem no meio do verbo. E sua conjugação é tão antiga quanto o romance de Romeu e Julieta, nascido da pena de Shakespeare e supostamente vivido na Verona medieval, nas fraldas da Renascença.

Nessa encalorada primavera pré-eleitoral, o brasileiro deveria conjugar, com capricho e de forma regular, o inofensivo verbo “namorar”.

Namorarei eu, namorarás tu, namoraremos todos nós – leitora, leitor –, cientes neste mês de outubro de que nosso exercício é uma benigna exceção no mundo de hoje, mais habituado aos verbos “matar”, “roubar”, “chantagear” e “guerrear”.

Que mal haverá em aderirmos a este Brasil do “Amor e da Água Fresca”, mesmo que isso implique uma certa preguiça tropical?

 

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