O delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, afirmou ontem que os atentados orquestrados, segundo ele pelo PGC (Primeiro Grupo Catarinense), extrapolaram os limites e podem ser comparados a “ataques terroristas” contra o Estado. Aldo chegou a esta conclusão porque unidades militares, residências de policiais, ônibus de empresas privadas e até a sociedade civil vêm sendo alvos dos criminosos.
Apesar de informações nos meios policiais darem conta de que a organização criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) estaria tentando dominar os presídios de Santa Catarina, com soberania no tráfico de drogas e armas, o PGC teria impedido ser engolido pelo concorrente e mostrado sua força. Aldo admite que por diversas vezes o PCC tentou entrar em Santa Catarina, porém integrantes desta organização estão em menor número e não teriam força suficiente para “virar o jogo”.
O chefe de polícia sabe que o PGC foi criado com bases no estatuto da organização criminosa paulista, entretanto, afirma que nas reuniões da cúpula da Segurança Pública este assunto nunca foi cogitado. “Os criminosos são oportunistas, aproveitaram o momento das eleições para chamar a atenção”, afirmou.
Na opinião do delegado, a repressão policial muito forte para cima do crime organizado, que vem resultando em apreensões de grandes quantidades de drogas, armas, e, sobretudo os confrontos com baixa de criminosos, é o real motivo para esta terceira onda dos atentados. Nos últimos cinco dias, 20 ônibus foram incendiados e cinco bases operacionais foram atacadas, além de seis viaturas e seis casas de polícias atingidas por tiros.
Juíza enumera problemas em São Pedro de Alcântara
Apesar de reconhecer avanços na situação do complexo penitenciário de São Pedro de Alcântara, a juíza Alexandra Lorenzi da Silva não deixa de apontar para problemas que vão ao encontro das reclamações de detentos da unidade. De bom, Alexandra exemplifica as políticas públicas implantadas pelo gestor da unidade, Alexandre Camargo. De ruim, o “básico”, a começar pelas vagas no sistema prisional, principalmente para presos provisórios, e a manutenção da proporcionalidade entre número de agentes penitenciários e presos.
“Falta uma reforma geral em São Pedro de Alcântara, diante da precariedade do sistema de efluentes, sistema de tratamento e fornecimento de água, sistema elétrico e sistema de segurança contra incêndios”, cita. Ela lembra que há dois inquéritos civis do Ministério Público cobrando essas reformas.
Em São Pedro de Alcântara e na Colônia Penal Agrícola, em Palhoça, locais que em 2012 e 2013 concentravam boa parte das ordens para ataques no Estado, a juíza acredita que não exista confronto entre facções rivais. “Ambas as unidades prisionais contam apenas com integrantes do PGC”, diz.
Questionada sobre as oficinas de trabalho a que os detentos de São Pedro de Alcântara têm acesso, e se elas realmente funcionam, Alexandra afirma que muitos presos do pavilhão 1 da penitenciária estão trabalhando. Além disso, reforça, novas oficinas de labor estão sendo construídas em outros pavilhões. “Hoje em dia 30% da população carcerária de São Pedro está trabalhando, e lá estão segregados 1.200 presos. O gerente de trabalho da unidade, João Batista, está trazendo muitas empresas para dentro da penitenciária”, informa.
(Notícias do Dia Online, 02/10/2014)
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