Diariamente, milhares de pessoas perdem minutos preciosos do dia no trânsito de Florianópolis. A cidade, que sofre com as consequências do crescimento populacional e o aumento desenfreado de veículos nas ruas, é uma das mais problemáticas do Brasil quando o assunto é mobilidade urbana. Apesar das deficiências no transporte coletivo, da falta de ciclovias e do pouco estímulo ao uso da bicicleta, que somados prejudicam muito o ato de se movimentar na Capital, a 3ª Circunferência Sobre Mobilidade Urbana na Grande Florianópolis, realizada ontem na UFSC, apontou iniciativas e ideias que podem ser o ponto de partida para uma cidade mais humana, com menos carros e mais qualidade de vida nas ruas.
O evento, que marcou o Dia Mundial Sem Carro e faz parte da Semana Nacional do Trânsito, teve a participação do belga Angelo Meuleman, criador de um software que oferece serviços de compartilhamento de caronas e cujo objetivo principal é fazer as pessoas pensarem mais no “coletivo”. Pela primeira vez em Florianópolis, Meuleman entende que a Capital é muito parecida com algumas cidades europeias, onde a geografia limita o número de veículos nas ruas.
“Cidades antigas, com ruas afuniladas e muitos morros, como é Florianópolis, devem apostar em condições de a população usar a bicicleta, melhorar o transporte coletivo e buscar maneiras alternativas de melhorar a mobilidade, como com a criação de aplicativos para o trânsito”, diz. “Não é de uma hora para outra que a cidade vai mudar, mas é preciso começar a agir para mudar”, completa.
Carros compartilhados
Na busca por alternativas que minimizem o crescente problema da mobilidade em Florianópolis, um grupo de jovens da cidade criou um aplicativo de carros compartilhados. Em fase de testes, o serviço consiste em espalhar por quatro macrorregiões da cidade, carros que podem ser usados por qualquer pessoa cadastrada no sistema do aplicativo, chamado PodShare.
A intenção é de que até dezembro o serviço seja uma realidade em Florianópolis. Inicialmente, serão 20 carros espalhados por pontos em Jurerê, Santo Antônio de Lisboa, Lagoa da Conceição e Centro.
O serviço custará R$ 45 mensais fixos e R$ 10 para cada meia hora de aluguel, valor que pode ser dividido entre os ocupantes de cada viagem. “No aplicativo, será possível ver para onde vai o carro, quantas pessoas estão dentro do veículo, o horário, enfim, a ideia é compartilhar o carro e os espaços dentro dele”, explica Rodrigo Magri, 22 anos, diretor executivo do projeto.
Alternativas sustentáveis
Na era digital e enquanto o poder público não coloca em prática obras para desafogar os nós da mobilidade urbana em Florianópolis e cidades vizinhas, a tecnologia é a principal arma que pessoas e instituições têm para melhorar o trânsito e a mobilidade. Idealizado pelo administrador Silvio Roberto Seara Júnior e pelo engenheiro mecânico Bruno Koech Lisboa, funcionários da Eletrosul, o Dwingo é um aplicativo que tem o propósito de contribuir com a mobilidade nos grandes centros urbanos, estimulando o uso de alternativas sustentáveis de transporte.
O serviço, embrião de um aplicativo mais completo e moderno que ganhará o nome de Moooveapp – e deve ser lançado em dezembro -, funciona baseado na escolha da pessoa, que deve optar por meios alternativos de transporte, seja a pé, de bicicleta, de carona ou usando o transporte público. Basta o usuário baixar o aplicativo e entrar com a conta utilizada no Facebook.
O usuário que escolher um dos meios pode, através do aplicativo, ver quais outros usuários estão indo para a mesma direção e assim irem juntos ocupando menos espaço nas ruas. “Colocamos empresas para anunciarem nos aplicativos, e quando as pessoas fazem a escolha por um meio alternativo elas ganham pontos e têm acesso às promoções dos anunciantes. É algo em que todos saem ganhando”, afirma Seara Júnior.
( Notícias do Dia Online, 23/09/2014)
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