Sem projetos para melhoria na rua Baldicero Filomeno, prefeitura estuda novo acesso ao Sul da Ilha

Excluída dos projetos de mobilidade urbana financiados pelo Ministério das Cidades, a rodovia Baldicero Filomeno, única via de acesso às localidades do extremo sul da Ilha, também está de fora de programas emergenciais de conservação da Prefeitura de Florianópolis. Buracos, trechos de asfalto esfarelado intercalados com lajotas desgastadas e soltas, lombadas sem sinalização e falta de recuos laterais para parada de ônibus e circulação de pedestres e ciclistas são situações comuns nos 21 quilômetros entre Alto Ribeirão e Caieira da Barra do Sul.

Enquanto não encontra soluções viáveis para o trecho atual, entre as propostas em estudos na Secretaria Municipal de Obras está a abertura de acesso secundário às localidades de Costeira do Ribeirão, Taperinha e Caieira da Barra do Sul. O esboço de projeto mostrado pelo secretário Domingos Zancanaro prevê melhoria na passagem entre a Baldicero Filomeno e a rua Rosália Paulina  Ferreira, na Costa de Cima, pelo caminho histórico do Sertão do Peri, até o entroncamento com a SC-406, no Pântano do Sul.

“Seria a solução para desafogar o tráfego da Baldicero. Seria uma via de fuga para casos de emergência, evitando o isolamento de quem mora naquela ponta da Ilha”, argumenta Zancanaro. Orçada em R$ 1,43 milhão, a obra não foi aprovada pelo Ministério das Cidades, e neste caso um dos complicadores é o Parque da Lagoa do Peri, a mais importante unidade de conservação ambiental do município.

Zancanaro reconhece a importância da Baldicero para as comunidades do Sul da Ilha, e lamenta que não há possibilidades imediatas de melhorias, nem em médio prazo. “Precisamos buscar recursos para uma obra completa, em toda a extensão da rodovia. Enquanto isso não for possível, vamos fazer o paliativo”, admite. Até lá, ciclovia é prevista somente  nos trechos onde não for necessária a derrubada de muros ou cercas e desapropriação de terrenos particulares.

Falta de estrutura afeta transporte coletivo

Paciência é atributo que não pode faltar a quem depende de transporte público no itinerário da Baldicero Filomeno, maior via urbana de Florianópolis. Pelos 21 quilômetros da estrada trafegam ônibus convencionais das linhas Ribeirão da Ilha e Caieira da Barra do Sul, reforçados pelos “amarelinhos” do sistema executivo e com ponto final na Costeira do Ribeirão.

As reclamações não se resumem ao número de horários, principalmente aos sábados, domingos e feriados. Os atrasos também são comuns, garante o agente administrativo Kleber dos anjos, 30, que trabalha no Centro e espera o ônibus todas as manhãs em um dos pontos do Alto Ribeirão. “Perde-se muito tempo. É um trajeto longo, quase sempre com filas e muitos buracos pelo caminho”, diz.

Responsável pelo encaminhamento dos relatórios operacionais de motoristas e cobradores, o técnico em segurança no trabalho da Empresa Insular, Luiz Carlos Teixeira, 36, admite que as condições de tráfego atrasem o itinerário da Baldicero. Os principais problemas, segundo ele, são buracos nas pistas, paradas se sinalização e falta de recuos laterais para instalação de pontos padronizados.

“Encaminhamos diversos ofícios à intendência do Ribeirão da Ilha e ao Núcleo de Transportes, mas demora”, diz. Há uma semana, Teixeira fez vistoria em todo o trajeto, e anotou algumas situações prejudiciais ao transporte coletivo.

Na frente do número 15.270, na Caieira, por exemplo, há um ano os moradores improvisaram um barraco de madeira para substituir o abrigo danificado por queda de árvore e barreira. “Está assim, ainda, porque os vizinhos não permitem instalar o novo. Não tem espaço para recuo”, diz Marelise da silva, 22, enquanto espera do ônibus com dois filhos pequenos.

(Notícias do Dia Online, 15/07/2014)