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Pacientes do bairro Vila Aparecida, em Florianópolis, aprovam trabalho de médicos cubanos

Se depender dos pacientes, os médicos cubanos que atendem na unidade básica de saúde do bairro Vila Aparecida, em Florianópolis, jamais sairão dali. Os profissionais do programa Mais Médicos, do governo federal, chegaram há três meses. Eles enfrentaram as barreiras do idioma e agora se dizem acolhidos, não somente pelos colegas, mas também pela comunidade. O serviço prestado pelo casal cubano Maikel Rodriguez Alfonso, 32 anos, e Erenia Aguiar, 30, é razão de elogios entre os moradores da Vila Aparecida.

O pedreiro José Silvino Martins, 52, não reclama de nenhum outro médico que tenha passado pela unidade de saúde da Vila Aparecida. No entanto, não economiza elogios ao doutor Maikel, com quem já consultou duas vezes. “Apoio quem vem com vontade de trabalhar. Ele é esforçado e atencioso”, disse.

Para Martins, os cubanos parecem mais atenciosos. “Sinto que eles acolhem o paciente, se importam com o que estamos falando e sentindo”, afirmou.

O médico conta que ao chegar à unidade de saúde disse bom dia e recebeu um caloroso “buenos dias”. Para vencer o desafio do idioma, Maikel desacelerou a fala e passou a explicar mais de uma vez a receita e a o tratamento aos pacientes. “Aqui os agendamentos são mais organizados em relação ao sistema boliviano e os pacientes brasileiros seguem o tratamento corretamente”, comparou. El atuará por três anos no Brasil.

Ao falar do local de trabalho, Maikel lembra que muitos profissionais evitam unidades em áreas de risco socioeconômico, como a Vila Aparecida, o que não foi o seu caso. “Os idosos dão somente bom dia quando chegam. Mas ao deixar a unidade eles apertam forte a minha mão e até me abraçam. Sinto-me em casa”, disse.

O cubano atende em média 24 pacientes por dia, mais casos de emergência. “As pessoas gostam do meu trabalho. Isso me satisfaz”, disse ao mostrar a camisa amarela por baixo do jaleco, para torcer pela seleção brasileira. “Cuba não participa da Copa, e metade do meu país torce pelo Brasil”, assegurou.

Sem praia, por enquanto

O porteiro Kleber Araújo, 37 anos, levou o filho Gabriel, 5, para consultar com a médica Erenia Aguiar. Ao avaliar o atendimento da profissional cubana, Araújo afirmou que a doutora é atenciosa e acolhedora. “Ela mostra que se preocupa com os pacientes. Não atende para se livrar rapidamente de nós”, disse.

Para Erenia, o importante é que os moradores estejam satisfeitos. “Deixei meu país e minha filha de nove anos para servir aos pacientes brasileiros. Esta é minha função aqui”, contou.

Em Cuba, se uma gestante não procurar atendimento ela receberá acompanhamento em casa. “Lá velamos pela saúde até quando não se está doente”, afirmou.

Erenia tem apenas um receio: o inverno de Santa Catarina. “Estou acostumada com frio máximo de 11°C. Menos que isso eu vou sofrer”, afirmou. Ela não se arrisca a visitar a praia antes de setembro: “Sem sol quente não tem como”.

Treinamento com outros médicos

Erenia e o marido moram no bairro Pantanal e se deslocam de ônibus até o trabalho na Vila Aparecida, onde o casal atende de segunda à quinta-feira. Assim como os demais médicos que atuam na Secretaria de Saúde de Florianópolis, os profissionais cubanos trabalham 32h por semana, das 8h às 17h. Nas sextas-feiras os 11 estrangeiros passam por treinamentos na Secretaria de Saúde da Capital, como determina o Ministério da Saúde. A coordenadora da unidade da Vila Aparecida, Cilane Bauer Ela lembra que o primeiro mês foi de adaptação, principalmente ao sistema informatizado. “Os pacientes são só elogios ao casal de médicos”, observou, ao afirmar que voltou a estudar espanhol para melhorar a comunicação com os profissionais cubanos.

De acordo com o diretor de Educação Permanente da Secretária de Saúde do Estado e coordenador do programa Mais Médicos em Santa Catarina, Walter Vicente Gomes Filho, atualmente 203 municípios catarinenses contam com o serviço de 434 profissionais oriundos de Cuba e Venezuela. Os intercambistas começaram a chegar em setembro de 2013. Os últimos 55 chegaram ao Estado em março. Após um mês de treinamento foram entregues aos munícipios. “Em 2014 não receberemos mais estrangeiros porque a lei eleitoral não permite”, disse, ao detalhar que pelo menos 15 municípios esperam ser beneficiados pelo programa do Governo Federal.

Mais Médicos em Florianópolis

-Ingleses: 1

-Rio Vermelho: 1

-Prainha: 2

-Pantanal: 1

-Vila Aparecida: 2

-Monte Cristo: 2

-Fazenda do Rio Tavares:1

-Rio Tavares: 1

( Notícias do Dia Online, 23/06/2014)

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