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Muito pouco a comemorar em educação

(Por Miguel Luís Gnigler*, DC, 28/04/2014)

No dia 28 de abril, comemora-se o Dia Internacional da Educação. Em termos quantitativos, temos bons motivos para festejar: estamos próximos da universalização do ensino obrigatório. Em termos de qualidade, precisamos melhorar muito. Alfabetizar crianças no segundo ano deveria ser obsessão nacional. A média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é de sofríveis 4,2, numa escala que vai de zero a 10.

O aprendizado no Ensino Médio também é baixo. No Programa Internacional de Avaliação de Alunos ficamos na 58a posição entre 65 países. No ranking mundial de educação da Unesco, aparecemos em 88o lugar. Os números se refletem no indicador nacional de analfabetismo. Três em cada quatro brasileiros são analfabetos funcionais. No Ensino Superior, são quatro em cada dez. São pessoas que conseguem ler textos simples, mas incapazes de interpretar e associar informações. A família, a sociedade e as escolas, a quem a Constituição Federal obriga a garantir o direito à educação, deveriam fazer deste dia um momento de reflexão.

Educação de qualidade é o caminho para realizar o sonho de um país desenvolvido. Será que chegaremos lá destinando 10% do PIB para educação? Não há relação significativa entre quantidade de recursos e a qualidade do ensino. O Brasil investe em torno de 6% do seu PIB na educação, proporcionalmente o mesmo que EUA, Alemanha e Finlândia. Mais do que China, Japão e Coreia do Sul. “Mais recursos não bastam para a educação dar um salto de qualidade; é necessário corrigir graves problemas de método e gestão.”(“Aprender a ensinar”, Folha de S. Paulo, 8/7/2013). Descentralizar a gestão das escolas, qualificar e certificar os educadores, unificar e enxugar os currículos e melhorar a interação professor-aluno são práticas que nos ajudarão a concretizar o salto de qualidade na educação.

Educação de qualidade é o caminho para realizar o sonho de um país desenvolvido.

Será que temos condições de chegar lá destinando 10% do PIB para o setor?

*MIGUEL LUÍS GNIGLER PROMOTOR DE JUSTIÇA. MORADOR DE FLORIANÓPOLIS

 

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