(Por Sergio da Costa Ramos, DC, 02/04/2014)
Se chove demais, a tragédia é a inundação. Se não chove, dramática é a seca e a sua consequência mais comum: o apagão.
A Celesc já avisou: a luz vai aumentar, por conta da caríssima geração das termelétricas, movidas a gás ou óleo diesel, resultado de anos de demonização das fontes hídricas e do abandono do carvão como fonte geradora. O que será pior: uma usina a carvão, com o devido cuidado e manejo ecológico, ou as atuais térmicas, movidas a combustível fóssil?
Os especialistas trovejam: “Se as chuvas deste próximo trimestre forem favoráveis, escapamos. Mas se acontecer um período de seca, há sérios riscos de faltar energia já, já, depois da Copa…”
Quer dizer: se tivermos uma inundação, teremos energia elétrica. Mas se nos salvarmos do Dilúvio – cairemos em outra tragédia: a treva.
Quem não se lembra do famoso Apagão de 2001, quando os brasileiros foram orientados até a não tomar banho nas horas de pico?
Treze anos depois, estamos diante da mesma ameaça, revivendo os diálogos de esquina entre brasileiros desencantados e “apagados”:
– Viu a última? As geradoras e distribuidoras de energia querem aumentar ainda mais as tarifas a título de “compensação” pelo prejuízo do racionamento…
– Como é que é?
– Você ouviu. Querem aumentar a fatura da “falta de luz”.
– Não acredito! Cobrar mais pelo que deixaram de fornecer?
– E com o apoio do governo.
– Quer dizer: o governo deixou de investir na matriz energética, provocou um blecaute na economia nacional, colaborou com o dicionário Houaiss com a palavra “apagão”… e agora quer mandar a conta pra gente?
– Acho que é muito pior. É como ser assaltado, levar um tiro e a Polícia mandar a conta da bala para a vítima.
Imagine-se uma empresa que deixe de fabricar farinha por falta de matéria-prima. O faturamento cai. Aí o empresário reclama que “alguém tem que pagar por isso”! Empunha um revólver e… assalta quem? O freguês!
Também me considero um ecologista consciente. Não quero ver a natureza degradada pelo lucro a qualquer preço. Mas pagar uma tarifa maior pela escuridão que virá é puro Franz Kafka! É contratar o breu e pagar por ele!
É reescrever o conto de Kafka, com Gregor Samsa transformado numa barata, sem o direito de interromper o pesadelo acendendo a luz…
Como se não houvesse mais nenhum assunto urgente para propor nestes tempos de gastança e insaciável fome fiscal, o vereador Deglaber Goulart gostaria de propor projeto de lei emancipando o Estreito da porção insular da Capital.
A farra da criação de novos municípios está barrada por veto do Executivo federal a uma lei permissiva do Senado, a 98/2002.
Certas câmaras e certos vereadores são como bebês lactentes: querem criar mais vagas de vereadores, mais câmaras municipais, mais municípios com suas novas prefeituras, legislativos, dezenas de novos vereadores e a penca de cargos, gabinetes, veículos e todo o entourage de apaniguados.
Chega. Florianópolis está de bom tamanho. Vamos trabalhar?
Depois de 10 anos de adiamentos e de tergiversações, Infraero e governo contrataram a empreiteira do ritmo lento para construir o novo terminal de passageiros do Hercílio Luz e o seu acesso – obra atolada no impasse de traçados à direita ou à esquerda do estádio da Ressacada. Mais parece uma conspiração. Uma cidade inteira quer o novo aeroporto, mas as forças do atraso impõem sua ditadura niilista: fazer tudo para que nada aconteça.
Nesse ritmo, pegar um avião na Capital, daqui a cinco anos, será literalmente impossível. O aeroporto mais viável “aqui por perto” será o de Navegantes…
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