Faz tempo que com R$ 2 o consumidor conseguia comprar mais de um item no supermercado. O quilo da batata ultrapassou os R$ 3, a dúzia de ovos chegou aos R$5, e o tomate – vilão da feira no ano passado – passou os R$ 6. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento de alguns alimentos está atrelado ao clima pouco favorável dos últimos meses. Essa combinação resultou no recorde do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês de março: 0,92%. É o maior desde 2003. Em Florianópolis, a única notícia boa está no valor das hortaliças, que teve uma leve queda.
A pesquisa de preços do IBGE foi divulgada nesta quarta-feira (9), em Brasília. Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do estudo, o valor dos produtos foi influenciado diretamente pelo tempo. “Esses produtos sobem na esteira do clima, com a estiagem prolongada afetando tanto as quantidades produzidas como a qualidade dos produtos, muitos descartados em razão disso. As pastagens secas prejudicaram os rebanhos e puxaram para cima os preços da carne e do leite”, disse.
Nem o período de safra do tomate em Santa Catarina, que vai até junho, evitou uma alta no valor da fruta, que subiu 32,85% no país. Na Ceasa (Centrais de Abastecimento de Santa Catarina) de Florianópolis, a caixa com 25 quilos do item chega a R$ 60, contra os R$ 35 em novembro. “O calor dificultou bastante a lavoura. Ainda assim, acredito que tivemos um reajuste bem menor do que em outras regiões”, afirmou o presidente da Ceasa, Geraldo Pauli. Em março, a mesma caixa foi vendida a R$ 100.
Batata é a vilã do ano
Além do tomate, a batata se tornou um vilão para o bolso do consumidor. De acordo com a pesquisa, a batata inglesa subiu 35,5% em março, ocupando o topo da lista do IBGE. “Houve uma variação grande da saca da batata, que quase dobrou nos últimos meses. Até o final de 2013, 50 quilos custavam cerca de R$ 50, mas hoje já estão pagando R$ 90”, calculou Pauli.
A pesquisa do IBGE mostra que as altas de tomate, batata, leite, carnes, feijão, frutas e hortaliças representaram um terço da variação do IPCA em março, que foi de 0,92%. No mês anterior, o índice foi de 0,69%. A alta acumulada no primeiro trimestre de 2014 chega a 2,18%, número maior do que o mesmo período do ano passado.
Tem que pesquisar
Com os preços mais altos, a solução para o consumidor é pesquisar, e muito. Dependendo do supermercado que escolher, a pessoa pode desembolsar R$ 4 pelo quilo da mesma batata que pode ser encontrada a R$ 2,75 em outro estabelecimento. Mesmo assim, o preço final vai ficar acima do esperado. “A batata subiu demais, mesmo nos mercados mais em conta. Em fevereiro eu cheguei a comprar por R$ 1,49 o quilo. Agora já está quase em R$ 3. Mas tenho que levar em casa todos gostam de comer”, confessou a dona de casa, Claudete Peres, 44.
Um item mais caro aqui, outro ali, e o rancho mensal da oceanóloga Ana Paula Klein, 25, está R$ 50 mais caro. “O tomate e os ovos subiram bastante. A batata eu confesso que não percebi muita alteração. Comprando pouco a pouco não dá para notar a alta, mas quando faço o rancho do mês, fica visível o aumento”, afirmou.
Em quinto lugar na lista de produtos que mais tiveram variação de preço pelo IBGE, com alta de 8,21% em março, o ovo de galinha também começou a pesar mais na conta final de Vivian Machado, 38, relações públicas. “A carne e algumas verduras não aumentaram muito, mas a dúzia de ovos estava menos de R$ 4 em março, e agora chegou a R$ 6. É muito caro”, reclamou.
(Notícias do Dia Online, 10/04/2014)
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