( Por Laudelino José Sardá* , DC, 28/03/2014)
A reitora da UFSC deveria ter dito ao delegado da Polícia Federal que o seu acesso à universidade só se daria pelo vestibular, parodiando Pedro Calmon, reitor da Universidade do Brasil em 1950. Não se trata de defender a democratite e nem se contrapor à tese de que a violência também é gerada pelas drogas. Mas o delegado da PF exacerbou-se ao menosprezar uma instituição de mais de 50 anos: A reitora quer transformar a UFSC numa república de maconheiros. Sendo assim, o governo também quer transformar o Estado em um reduto de traficantes e a prefeitura a Ilha numa república do crack.
O crack é droga proibida? Então a PM precisa percorrer as ruas centrais da Ilha, onde o tráfico e o consumo não esperam o sol se pôr. Os craqueiros são doentes? No campus os maconheiros são estudantes. É inócuo querer aleatoriamente combater o tráfico e consumo de droga sem uma política de combate com investigação, estratégias e ações sociais bem definidas, sob pena de os maconheiros continuarem a ser os principais alvos da pirotecnia policial.
Esse episódio enseja outro questionamento: por que a autoridade da cidade – o prefeito – sempre é omisso nesses casos? Minutos depois do episódio das torres gêmeas, o prefeito de Nova York já estava diante da imprensa comandando operações de resgate das vítimas. Afinal, quem manda em Florianópolis? O governo estadual? O serviço de patrimônio público? A polícia? Isto denota que somos uma cidade sem rosto por falta de identidade. Por isso, para o delegado carioca, a UFSC é “um antro da prática de crimes”. E o mais deplorável é que parte da sociedade e da mídia só enxerga a maconha como justificativa, como se o legalismo da ótica do Direito Penal bastasse para condenar a UFSC e seus dirigentes. Onde estão os nossos valores?
A UFSC precisa pisar e sentir o século 21, sim. É impossível querer se isolar da cidade. Os que nela vivem e circulam precisam de segurança, e a polícia é uma presença necessária. O macarthismo, senhores docentes e alunos, é apenas história.
A universidade precisa pisar e sentir o século 21, sim. É impossível querer se isolar da cidade. Os que nela vivem e circulam precisam de segurança.
LAUDELINO JOSÉ SARDÁ JORNALISTA E PROFESSOR. MORADOR DE FLORIANÓPOLIS
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