Setor de turismo quer impressionar jornalistas que estão na Capital para congresso da Copa
17/02/2014
Congresso da FIFA: Vigilância extrema
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Copa do Mundo em Floripa: A primeira impressão

Esta semana Florianópolis será uma das cidades mais observadas do planeta. Representantes das 32 seleções que disputam a Copa do Mundo vão se reunir para discutir critérios técnicos da competição. É a chance que a cidade e o Estado têm de se consolidar como destino turístico mundial

A bola está no centro do gramado para a Copa do Mundo no Brasil e o apito a inicial desse jogo será dado nesta semana em Florianópolis. O Congresso Técnico da Fifa, que será realizado no Costão do Santinho entre quarta e sexta-feira, reunirá os 32 treinadores das seleções que participarão do Mundial e definirá toda a organização da Copa. Se para as comissões técnicas e imprensa internacional é a chance de entender os detalhes da competição, para Santa Catarina é a oportunidade de abrir com honras o ano e se mostrar para o planeta. O Congresso Técnico é um dos eventos preferidos da imprensa esportiva por se tratar do único momento, entre todas as datas que envolvem o Mundial, que reúne os 32 treinadores e representantes das comissões técnicas no mesmo lugar. Após essa semana em Florianópolis, eles retornarão apenas para treinar as equipes às vésperas da competição.

São esperados cerca de 300 jornalistas. Antes mesmo da chegada ao aeroporto eles estão sendo considerados por Estado e prefeitura como aqueles que podem levar relatos da cidade de volta ao país de origem e até a vender SC pelos meios de comunicação que representam. A estratégia das secretarias de turismo é gerar informação e pautas espontâneas que avancem sobre o caráter esportivo do evento e tratem a cidade como polo turístico, tanto que foram confeccionados kits especiais com informações turísticas de SC para entregar aos jornalistas.

A expectativa é de que Florianópolis se consolide como um destino internacional. Ainda assim, há pontos críticos que precisam de atenção para não arranhar a pintura da ilha. Para isso foi organizado, em sintonia com o governo federal e a Fifa, os planos de segurança e infraestrutura para garantir a realização do evento.

Prefeitura e Estado pretendem impressionar mídia estrangeira

Foi somente nos últimos dias que o Costão do Santinho, local onde será o encontro, passou a mostrar a identidade visual da Copa. Um grande outdoor com o mascote Fuleco dá boas-vindas a quem chega. Estruturas, como a área de imprensa e escritórios de trabalho da Fifa, já estão sendo montadas. Carros especiais já circulam pela cidade e uma tenda onde ficará concentrada a segurança já está erguida.

O evento não é voltado ao público, mas irá selar os compromissos da Fifa com cada seleção. Na pauta do seminário estão esclarecimentos do que as seleções precisam saber desde a chegada ao país-sede até a despedida. Quais são as obrigações quanto a horário e datas, direitos de imagem, questões de mídia, regras, novidades da arbitragem. Tudo será primeiro apresentado às comissões técnicas e depois à imprensa.

Em 2010, esse mesmo congresso ocorreu no Resort Sun City. O hotel estava a 2 horas e 30 minutos de Johanesburgo, na África do Sul, e a cidade não foi envolvida durante a programação. Em Florianópolis, haverá outras oportunidades de atividades. Prefeitura e governo do Estado querem promover ações pela região. Estão previstos jantares e passeios para integrantes do evento e jornalistas nas brechas da apertada agenda.

O Congresso Técnico será a grande ação do Mundial neste ano em Santa Catarina. Será a partir desse evento que Florianópolis e o Estado tentarão se beneficiar quando o país ferver em junho. A partir dessa semana, Florianópolis estará na pauta e na boca de todo o país, e se tem algo que é bem vindo, mais que Fifa e treinadores, é a exposição da cidade. Algumas qualidades e defeitos que afetam o dia a dia serão colocados à prova, e isso também significa oportunidade de melhorias e crescimento econômico.

Escolha foi comemorada

Desde 2009, Florianópolis e Santa Catarina buscam receber pelo menos uma das ações relacionadas à Copa do Mundo. Assim que a cidade saiu da disputa por ser sede de jogos, os trabalhos se voltaram para duas frentes: receber o sorteio dos grupos ou o Congresso Técnico. Assim que o sorteio foi confirmado para a Bahia, em março de 2013, todas as fichas foram colocadas na realizaçao do Congresso Técnico. Só em outubro do ano passado a Fifa e o Comitê Organizador da Copa no Brasil fizeram o anúncio tão esperado: o Estado receberia no fim de fevereiro o encontro que decidiria questões técnicas relacionadas à competição. A partir dali houve três visitas técnicas que consolidaram as negociações.

No centro desse cenário está o Costão do Santinho. O resort agradou a Fifa pelas condições de hospedar todas os integrantes oficiais do evento e apresentar infraestrutura necessária para comportar os seminários, coletivas e escritórios de trabalho. A localização do hotel, apesar de distante do aeroporto – cerca de 1 hora –, também contribui por ser isolada e segura.

A rede hoteleira da cidade foi outro fator levado em conta para receber o evento. Embora o Costão do Santinho não esteja fechado para o congresso e junto com os integrantes oficiais estarão também turistas comuns, a Fifa pede que nenhum jornalista se hospede no sede do evento. Com isso é necessário que a cidade apresente outras opções para receber a imprensa, e desde Jurerê Internacional até o Centro, Florianópolis conta com boas bandeiras internacionais.

Embora hoje o trade turístico acredite que não houve danos sérios à imagem de Florianópolis como destino turístico, houve um momento em que se temeu pelo arranhão. O abastecimento de energia elétrica e água, que foram insuficientes no auge da temporada, levou a medidas de emergência. Tanto o Costão do Santinho quanto os demais hotéis relacionados ao evento estão com geradores e reservas para garantir as demandas. O que não se quer é que essas questões destruam o trabalho de marketing feito até agora.

Durante a preparação houve também preocupação com a segurança. Depois das manifestações durante a Copa das Confederações em 2013, o governo federal e a Fifa ficaram mais atentos. Polícia Militar, Guarda Municipal, Bombeiros e, de forma discreta para não causar uma sensação exagerada de monitoramento, Força Nacional de Segurança e Forças Armadas estarão presentes. Há planos para agir em casos de protestos e para realizar o deslocamento do aeroporto até o Costão do Santinho, com escoltas e batedores. Números e detalhes são tratados como segredo de estado.

Catapulta turística

Governo do Estado e prefeitura de Florianópolis vão bombardear participantes do Congresso da Fifa e jornalistas com informações e esperam que imagem de lugar ideal para passear seja espalhada pelo mundo


“Vamos aproveitar brechas” – Maria Cláudia Evangelista – Secretária de Turismo de Florianópolis

Florianópolis pretende aproveitar as folgas na agenda do Congresso da Fifa para mostrar aos participantes o que a cidade tem de melhor e espera catapultar o turismo com isso.

Diário Catarinense – O que Florianópolis espera a partir deste evento?

Maria Cláudia Evangelista – Queremos convencer es pessoas que estão envolvidas no evento e que elas tenham boas informações sobre a nossa cidade. Iremos focar nossas ações nos representantes das seleções que virão ao sul do país para o mundial em função das partidas que devem atrair turistas. Quanto aos jornalistas, vamos recepcionar para que criem pautas espontâneas sobre a cidade. Faremos ações já a partir do aeroporto.

DC – Que ações serão destinadas a esses jornalistas?

Maria Cláudia – São jornalistas que chegam antes do evento e vêm em busca de informações para conhecer o lugar de trabalho. Vamos aproveitar as brechas na programação do congresso e oferecer passeios, jantares, acompanhamento guiado. Vamos atender a demanda do jornalista também, de acordo com o que ele propor. Se de 200 jornalistas a gente conseguir 50 pautas espontâneas avaliamos que será um sucesso.

DC – A dúvida sobre a permanência de Curitiba entre as sedes preocupa Florianópolis?

Maria Cláudia – Sim, porque perdemos um ponto ao Sul do Brasil e próximo da gente. Sabemos que a Fifa não criará uma nova sede caso essa exclusão de Curitiba seja confirmada. Mas apesar de ter um fluxo rodoviário reduzido entre Porto Alegre e Curitiba, contamos ainda com os movimento em todo o centro-sul do país.

DC – Alguma ação direta com esse público que é foco para gerar pautas e divulgar a cidade?

Maria Cláudia – Há um jantar já programado, passeios e entretenimento noturno com visitas às nossas boates. O jantar irá ocorrer no P12, no dia 19. Para os jornalistas haverá algumas cortesias para jantar no Simple On The Beach, também em Jurerê Internacional.


“Vai dar currículo para nós”: Valdir Walendowsky – Secretário de Turismo de SC

Estado considera o encontro da Fifa como um ganho ao portifólio turístico e um plus no currículo na hora de captar novos eventos para Santa Catarina.

Diário Catarinense – O que o evento representa para SC?

Valdir Walendowsky – Não é só a área esportiva. Por trás, daqui a pouco, pode vir um investimento econômico em função da divulgação que Florianópolis e SC vão ter. Quanto mais perto da Copa, maior é o envolvimento de toda a imprensa mundial. É uma oportunidade ter essas pessoas aqui para mostrar o nosso potencial.

Diário Catarinense – Que legado o Congresso pode deixar?

Walendowsky – Tem todo um aprendizado. Aprender a captar e fazer um evento como esse vai dar um currículo e um portfólio muito importante para captação de outros eventos. Quando a gente disputa numa captação, a experiência conta muito. Se tem um evento desse no portfólio, dá um atestado de capacidade.

DC – Baseado em que elementos a Fifa escolheu Florianópolis?

Walendowsky – Foram várias missões técnicas. A quantidade de voos, apesar de a gente ter um aeroporto que não comporta mais, a condição de a cidade sediar, o espírito turístico. Se não tivéssemos equipamentos e empresas que prestam serviço à altura estaríamos fora. Estávamos capacitados até para receber seleções, mas infelizmente elas não vieram.

DC – O que o Estado vai fazer durante a Copa para atrair turistas?

Walendowsky – Tem que fazer um trabalho todo antes, porque durante é difícil atrair pessoas. Há uma série de eventos, principalmente para Florianópolis, organizados pela iniciativa privada. Aí não é uma função estatal.

DC – O senhor tem se mostrado bastante confiante no evento, mas teme algum contratempo?

Walendowsky – O maior pode ser os black blocs, mas também estamos monitorando o acampamanto na SC-401.


RODRIGO HERRERO – EDITOR DE ESPORTE: Chance de ouro para fortalecer destino

O pontapé inicial da Copa do Mundo será em Florianópolis, que recebe nesta semana, entre os dias 18 e 20, o Congresso Técnico da Fifa, onde serão discutidos e decididos diversos aspectos do Mundial, como logística, hospedagem, segurança, arbitragem, relações com a mídia, etc., e que vai reunir uma única vez os técnicos das 32 seleções, além de membros dessas delegações e cerca de 300 jornalistas de todo o mundo.

O Diário Catarinense abre a cobertura sobre o evento com uma reportagem assinada por Erich Casagrande e Cristian Weiss, em parceria com o editor de Arte do DC, Fábio Nienow, que apresenta o que Florianópolis e Santa Catarina podem mostrar para os visitantes.

O Costão do Santinho, local do congresso, no Norte da Ilha, foi escolhido por ter a infraestrutura para deixar as comissões técnicas das 32 seleções preocupadas apenas com os seminários. Além de facilitar a segurança, por ser uma área isolada. Foi um trabalho de mais de ano para conquistar o evento, anunciado em outubro passado após três visitas técnicas que encantaram os dirigentes da Fifa.

Assim como outros eventos restritos, a Fifa encara o congresso com especial confidencialidade, dificultando acesso à informações. E os entes governamentais contribuem para manter tudo em sigilo, justamente para que o evento não fuja do previsto.

À parte as dificuldades, o Congresso em Florianópolis e a Copa do Mundo são possibilidades de ajudar a impulsionar o Brasil, em que pese os problemas envolvidos na construção dos estádios, no gasto excessivo de dinheiro público, na falta de legado e nos consequentes protestos contra o torneio. Dentro disso, no caso particular de SC, o último evento antes dos jogos é uma oportunidade única de fortalecer internacionalmente a imagem de Florianópolis a médio prazo como referência turística, uma vez que o congresso e a cidade serão notícia nos principais jornais do mundo.

Além disso, os jornalistas que irão fazer a cobertura enxergam o evento como importantíssimo para fazer contatos com as seleções já visando o período de competições. Na visão de especialistas, é mais importante até que o sorteio dos grupos, ocorrido em dezembro.

Em curto prazo, é também a chance do turismo catarinense angariar visitantes durante a Copa, mesmo a Capital não tendo sido escolhida sede da competição. O fato de Curitiba e Porto Alegre receberem partidas possibilita o trânsito de pessoas pela região, o que fará com que o governo local inclusive aposte suas ações de marketing no Santinho nos jornalistas cujos seus países vão jogar no Sul do Brasil, caso de Espanha, Argentina, França, Holanda, Rússia e Austrália.

(DC, 16/02/2014)

 

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