Aprovada em regime de urgência em 2011 e apontada como alternativa para melhorar a gestão, a venda de parte da Casan a um investidor privado esbarra em um problema: a baixa avaliação do mercado. Para tentar torná-la atraente, o governo de SC corre para sanear as contas e reverter a imagem de inoperância, presente desde que a empresa virou alvo na crise de falta d’água no ínicio da temporada
Dois anos e meio depois de conseguir aprovar em regime de urgência na Assembleia Legislativa a venda de até 49% das ações da Casan, o governo estadual mantém a operação em suspenso. Apontada como uma solução para trazer recursos e profissionalizar a gestão da estatal, a operação esbarra em um ponto fundamental: hoje seria um mau negócio.
A falta d’água do Réveillon, que tornou a Casan alvo de críticas por falhas na gestão, levou o próprio Raimundo Colombo a relembrar o assunto e declarar que o governo ainda tem planos de buscar um sócio para a estatal. De acordo com entrevista concedida ao DC em 8 de janeiro, a intenção do governo é vender 34% das ações para um investidor privado. O valor da transação seria reinvestido na empresa.
A venda foi colocada de lado em abril de 2012, quando chegaram às mãos do governador os números preliminares do valor de mercado da Casan, avaliados pela consultoria KPMG. Fatores como o elevado número de ações judiciais fizeram essa cotação ficar tão baixa que tornaria inviável o negócio pretendido pelo governo. Nos bastidores, especula-se que a Casan foi avaliada em R$ 240 milhões – o que faria a venda render cerca de R$ 81 milhões. O presidente da estatal, Dalírio Beber, nega a cifra com veemência, mas confirma que a operação foi brecada diante de números pouco animadores.
– Se nós vislumbrássemos a possibilidade de fazer um bom negócio, teríamos levado a cabo. No entanto, as primeiras análises recomendaram que algumas providências fossem tomadas antes da venda – diz.
Nesse contexto, o governo realizou aporte de R$ 200 milhões na estatal – metade do valor será depositado este ano e o resto em 2015 e 2016. Os recursos servirão de contrapartida aos financiamentos da Casan junto à Caixa, à Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Ainda assim, não suprem as necessidades da estatal.
– Temos R$ 1,5 bilhão, mas precisamos de mais R$ 6 bilhões (para a universalização dos serviços de água e esgoto) – afirma Beber.
A Odebrecht Ambiental, apontada como principal candidata ao negócio, não nega estar atenta a oportunidades no Estado. Por meio da Foz, a empresa controla os sistemas de água e esgoto em 160 municípios brasileiros, incluindo Blumenau. Procurada pela reportagem, a Odebrecht afirmou ter interesse em investir onde “há a possibilidade de sinergia com a esfera pública”.
(Diário Catarinense, 28/01/2014)
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