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Tarcísio Schmitt, presidente do SHRBS: “É estupidez limitar o número de turistas”

TURISMO SC EM DEBATE

Tarcísio Schmitt, presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis “É estupidez limitar o número de turistas”

Depois de quase 10 dias consecutivos de problemas no abastecimento de água e energia elétrica, o litoral de Santa Catarina tenta a reabilitação. Um cenário que faz o Diário Catarinense dar continuidade às discussões a respeito da estrutura do Estado (que tem três de seus municípios no ranking do Ministério do Turismo como os mais procurados por estrangeiros) para receber os visitantes, mas de maneira que a população não fique desabastecida.

Presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmitt fala em estruturas de estocagem de água, com sistemas de captação da chuva. E diz que limitar o acesso aos turistas ou cobrar pedágio dos visitantes não resolveria o problema.

DC – Quais seriam as soluções para Santa Catarina continuar recebendo turistas, mas sem que a população fique desabastecida?

Tarcísio Schmitt – Solução existe, mas não a curto prazo. Faz sete anos consecutivos que Florianópolis é apontada como o destino mais procurado do país, não dá mais para admitir o despreparo do Estado. O que vem acontecendo é um desleixo – e eu não digo nem com os turistas, mas com a população residente de Santa Catarina. Estamos pagando um preço muito alto por isso. Se o governo quer investir em propaganda para atrair turismo, precisa investir na infraestrutura que acomodará todo mundo. E cabe a nós cobrar do poder público.

DC – Então a culpa é exclusivamente do poder público?

Schmitt – Quase 80% das pessoas que vêm para Florianópolis não encontram estrutura adequada. Eu digo isso porque se constroem casas para quatro pessoas, mas na temporada se alugam os mesmos imóveis para 15 ou 20 (e aí entram também os residentes que acomodam os amigos). Hotéis e pousadas acomodam 22% dos turistas. E está comprovado que 95% da falta de água ocorre nessas casas de aluguel, nestas que não são oficiais. Não há fiscalização nenhuma nesse sentido. Então nós temos duas situações: a ineficiência do poder público, que é o maior responsável por isso, e a falta de responsabilidade de quem recebe os turistas em situações que não são adequadas.

DC – O que poderia ser proposto como medidas emergenciais ao governo?

Schmitt – Precisamos pensar em estruturas de estocagem de água, como as caixas elevadas e as cisternas – que é um sistema de captação de água da chuva. Seria importante que houvesse esta estrutura emergencial em vários bairros, caixas com capacidade para armazenar um ou dois milhões de litros de água (até porque não há um equilíbrio na distribuição em todos os bairros). E o governo poderia incentivar os próprios proprietários das residências de aluguel a também investir nisso.

DC – O senhor acredita que em função dos investimentos em infraestrutura o preço das acomodações e serviços de bares e restaurantes possa aumentar?

Schmitt – Não acredito que possam subir. A maioria dos hotéis e pousadas já tem os seus geradores próprios, por exemplo, e não cobra a mais por isso. A solução não está em aumentar preços, assim como não existe coisa mais estúpida do que pensar em limitar o número de visitantes ou cobrar a entrada na Ilha.

DC – Por que o senhor diz isto?

Schmitt – Cobrar ou restringir a entrada fere o direito de ir e vir das pessoas, que está lá na Constituição. Não existe isso, os caminhos e vias de acesso são públicos. Pensar nessa possibilidade me parece uma grande bobagem. Temos é que cobrar por mais estrutura.

DC – O que o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes pensa em fazer para ajudar a minimizar os problemas que o litoral enfrentou nestes últimos dias?

Schmitt – A partir desta semana a situação deve normalizar, mas temos que pensar que a partir do dia 10 os argentinos começam a chegar e que ainda temos um feriado de Carnaval pela frente. Ou seja, é uma situação que está sempre se repetindo. É bem provável que o trade turístico se reúna com o governo para cobrar soluções. E que elas venham, caso contrário daqui um ano estaremos presenciando as mesmas cenas.

Precisamos pensar em estruturas de estocagem de água, como as caixas elevadas e as cisternas.

(DC, 06/01/2014)

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