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Punição para responsáveis por falta de água em Florianópolis depende da conclusão de relatórios

O abastecimento de água na região norte da Ilha de Santa Catarina voltou gradativamente desde sábado e está restabelecido em praticamente todas as áreas que haviam sido afetadas, de acordo com a Agesan (Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico de Santa Catarina). Com a chuva de sábado, os reservatórios voltam à capacidade normal de água. Ontem, foram registradas poucas reclamações. Em muitos locais da Capital havia principalmente problemas com vazamentos. “O sistema permanece normal em todas as regiões”, informou ontem Carlos Alberto Coutinho, superintendente da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento).

A Prefeitura de Florianópolis cobrou informações concretas sobre a falta de água. Mas, segundo a Agesan, os fatores responsáveis pela falta de abastecimento só serão apontados após a entrega de um relatório da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) para a Agesan. O problema pode ter ocorrido por um fator interno da Casan ou por falta de energia elétrica. De acordo com a assessoria da Celesc, o relatório deve ser entregue amanhã à Agesan. “Nesta terça-feira receberemos também um relatório da Casan com informações complementares. Com estes documentos em mãos, vamos nos debruçar a analisar o que aconteceu para tomarmos uma decisão”, disse Silvio Rosa, diretor de regulação e fiscalização da Agesan.

Se for constatado que o problema foi interno da Casan, a Agesan poderá multar a estatal e, caso o problema tenha sido ocasionado por falta de energia elétrica, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) é responsável por regular a Celesc. Após o posicionamento da Agesan, que deve sair até sexta-feira, a prefeitura vai decidir as medidas que serão tomadas para que a situação não volte a acontecer e punir os responsáveis pela falta de abastecimento de água.

Segundo o prefeito interino de Florianópolis, João Amin, se for comprovado que a Casan não cumpriu algum dos 55 itens que foram acordados com a prefeitura em agosto deste ano no plano emergencial para o verão, a Justiça poderá ser acionada. Se for caracterizado que algum critério do plano de emergência proposto não foi executado, cabe punição. Entre os itens estão uma equipe de manutenção da Casan por região, disponibilização de caminhão-pipa, gerador e um call center para atender aos chamados. “Tudo isso será considerado”, explicou Amin. Segundo ele, a falta de água dos últimos dias foi uma mancha negativa em uma temporada altamente positiva em Florianópolis, prejudicando moradores e turistas.

Moradores racionam água

Apesar da informação da Casan, de que o serviço de abastecimento está normalizado, muitos moradores do Norte da Ilha continuam tendo problemas com a falta de água. Noeli Leite, 46 anos, proprietária de uma lavanderia caseira em Canasvieiras, conseguiu encher a caixa-d’água com um caminhão-pipa na sexta-feira, mas tem que poupar para não falta água em casa. “Tenho um reservatório grande em casa, por isso ainda tenho água, mas os vizinhos estão tendo problemas para tomar banho. Na Casan, a única resposta que a gente recebe é que o serviço vai melhorar quando os turistas forem embora”, disse.

No bairro Ingleses, a situação também não melhorou no fim de semana. Dono de um camping na região, Danilo Guadagnin, 64, reclama que só tem água em casa por causa de um poço no terreno. “Alguns vizinhos vêm aqui pedir água para poder fazer tarefas básicas em casa. Todo ano é a mesma coisa, e só piora”, afirmou.

Alguns estabelecimentos comerciais estão contratando empresas de caminhão-pipa para garantir o abastecimento e não perderem os clientes. Este ano, Edson Medeiros, proprietário há 19 anos da pizzaria Tereza’s, em Canasvieiras, ainda não precisou fazer isso, mas porque tomou medidas drásticas. “Comprei uma máquina de lavar louça que economiza água, mas custou R$ 18 mil. Além disso, tenho um reservatório de 10 mil litros de água, que divido com um hotel que fica do lado da minha pizzaria. Só assim racionando bastante e consigo passar o verão. Mas já teve anos que tive que contratar caminhão-pipa”, lembrou. (Hyury Potter)

População pode ter reembolso de despesas

O serviço privado de abastecimento de água chega a custar R$ 15 mil por caminhão-pipa. De acordo com o diretor do Procon Municipal, Michael da Silva, quem tiver algum gasto por falta de água deve reclamar no órgão de defesa do consumidor. “A lei obriga o ressarcimento do usuário quando ele não recebe um serviço básico, que é o de fornecimento de água. Basta a pessoa guardar a nota fiscal ou comprovante, que a Casan terá que pagar tudo depois”, orientou. Até ontem à tarde, o Procon Municipal tinha recebido cinco reclamações formais sobre a falta de água.

Prejuízos na rede hoteleira

Uma pesquisa realizada pela Fecomércio (Federação do Comércio de Bens e Serviços de Santa Catarina) realizada com 60 hotéis e pousadas, 30 de Florianópolis e 30 de Balneário Camboriú, que tem como foco a ocupação da rede hoteleira na semana do Réveillon, aponta a insatisfação dos turistas com a falta de luz e água e o impacto que a escassez de ambas pode ter causado no setor hoteleiro. Segundo a pesquisa, 19,4% dos hotéis de Florianópolis foram afetados pela falta de luz; 11,1% pela falta de água e 8,3% pela falta de água e luz. No total, 38,8% foram impactados na Capital.

Em Balneário Camboriú, 17,4% sofreram com a falta de luz; 17,4% com a falta de água e 13% com a falta de água e luz. Somando tudo, 47,8%, quase metade dos hotéis da pesquisa, foram prejudicados.

Com isso, pelo menos metade dos hotéis da pesquisa teve reclamações de hóspedes. Os estabelecimentos também registraram gastos com a compra de água e uso de geradores de energia e registraram check-outs antecipados e cancelamentos de reservas. “Acreditamos que o resultado conseguido a partir dessa amostra dá uma boa ideia do que aconteceu no setor na época do Réveillon”, disse Renato Barcellos, gerente de planejamento da Fecomércio.

O Sindicato de Hotéis Restaurantes Bares e Similares de Florianópolis informou que ainda não foi realizado um balanço dos prejuízos causados pela falta de água e luz no setor na semana da virada, mas que há registros de check-outs antecipados e outros problemas que serão contabilizados em breve.

(Notícias do Dia Online, 07/01/2014)

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