A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) descumpriu o plano emergencial apresentado antes da temporada à Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico de Santa Catarina (Agesan) e que previa a locação de geradores em casos de queda de energia. Enquanto prédios públicos, supermercados, indústrias, hospitais e outros locais contam com o apoio de geradores para eventuais quedas de energia elétrica, as estações de tratamento de água não possuem os equipamentos que poderiam evitar transtornos como os ocorridos no Norte da Ilha ao longo do feriadão de Natal e Ano-Novo.
O relatório da Agesan sobre as causas dos problemas de distribuição ainda não foi publicado, mas o superintendente regional de negócios da Casan na Grande Florianópolis, Carlos Alberto Coutinho, antecipou que nenhum gerador foi locado na temporada. Se confirmada a irregularidade pelos técnicos da Agesan, a Casan pode ser multada.
Conforme o diretor de regulação e fiscalização da Agesan, Silvio Rosa, a medida constava no plano emergencial a ser seguido pela companhia. Rosa explica que a Casan tem pontos de captação de água subterrânea e que seria inviável colocar os geradores em todos os poços, mas a falta nas estações pode prejudicar a distribuição. Coutinho, no entanto, afirma que há um problema de interpretação no plano. Segundo ele, a Casan só deveria locar os equipamento caso a Celesc informasse sobre a falta de energia.
— Não podemos colocar antecipadamente. Em nenhum momento durante o ano a Celesc disse que iria falta luz. Tínhamos garantia do fornecimento. E quando tivemos as quedas, a Celesc nos disse que seria reestabelecido imediatamente, mas ficamos com falta de luz pontuais em três dias consecutivos — rebate Coutinho.
Segundo ele, a estação de tratamento de água de Ingleses foi a mais afetada pelas quedas de energia, já que produz 300 litros de água por segundo. Em entrevista ao Diário Catarinense, o presidente da Casan, Dalírio Beber, afirmou que a compra de geradores, acarretaria em acréscimo de valores na conta dos consumidores.
Resultado do relatório é aguardado para esta quinta
Desde quarta-feira à noite, oito técnicos se debruçam sob dezenas de papéis espalhados pela mesa de uma das salas da Agesan no Centro de Florianópolis. Procuram, ali, pelas explicações da falta de água que atingiu os moradores do Norte da Ilha por oito dias durante o feriadão de Natal e Réveillon. Dali, até esta quinta-feira, sairá a resposta: de quem foi a culpa pelas torneiras vazias?
De um lado, a Casan e o argumento que mantém desde o início dos problemas: foi a falta de energia elétrica que colaborou para que a água também faltasse nas torneiras da região. De outro, a Celesc que, ao clarear os problemas que enfrentou, passou a questionar: pode não haver relação direta entre a falta de um e outro.
O grupo de técnicos, determinado em encontrar respostas, reuniu-se às 18h30min. Cinco minutos antes o relatório da Casan chegara ao local trazendo as justificativas da concessionária pela falta de água dos últimos dias. Eles sentaram ao redor da mesa, desligaram os celulares e adentraram a noite chuvosa. O relatório final que nascerá ali será discutido até hoje, debatido com a diretoria para a definição da penalidade a ser cobrada e, só amanhã, levado a público. Também amanhã chegará às mãos do prefeito em exercício João Amin, que vai decidir quais as providências serão tomadas em relação à concessionária.
A contradição entre o que diziam as duas concessionárias foi o que motivou a agência a se dedicar com mais afinco ao que aconteceu durante o feriadão de fim de ano. Notificou os dois órgãos e os obrigou a se explicar formalmente. Os dados da Casan chegaram ontem, pontualmente às 18h25min. Os da Celesc, no fim da tarde de terça. A Casan não quis divulgar o conteúdo do relatório, nem falar em detalhes no assunto.
Diário Catarinense, 09/01/2014)
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