Artigo de Beatriz de Sousa Arruda, psicóloga e moradora de Florianópolis (DC, 28/11/2013)
Venho há algum tempo acompanhando as discussões sobre mobilidade urbana e novos modais de transporte coletivo, como o marítimo, o teleférico, o BRT, que em conexão com os ônibus permitirão à população deixar o carro na garagem e passar a usar o transporte de massa, acabando com os engarrafamentos.
Recentemente, precisei pegar um ônibus e pude testar a eficiência deles. Ao me aproximar do ponto, um ônibus acabava de sair e como não consta o nome na traseira ou na lateral, não há como saber se era ou não o “meu ônibus”. Procurei alguma informação no ponto e não existia. E fiquei esperando por quase uma hora até que resolvi perguntar e soube que “meu ônibus” não mais passava por ali. Enquanto na Europa existe painéis que informam não só quais as linhas bem como o tempo que falta para os ônibus chegarem ao ponto, aqui não há qualquer informação. O usuário fica entregue à própria sorte.
Quando embarquei, percebi que além de sorte precisava de preparo físico, porque as escadas são feitas para jovens. No ônibus me vi então jogada para todos os lados até conseguir sentar. Também não há um mapa com os pontos de parada. Pedi ajuda do cobrador, que tinha também a função de ajudar pessoas obesas e as que carregavam criança no colo ou pacotes a passar pela catraca.
Nossos ônibus não passam de latas velhas recondicionadas. Mesmo que tivermos novas modalidades de transporte, continuaremos dependendo desses “latões”. Não somente eu, mas acredito que a maioria da população não vai deixar o carro na garagem. Continuaremos a ter congestionamento. Perde a cidade e perdemos nós, que gostaríamos de ter um sistema de transporte coletivo mais parecido com o do Primeiro Mundo e menos com o da Índia ou do Paquistão.
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