A secretaria municipal de meio ambiente e desenvolvimento urbano de Florianópolis apresentou ontem à Superintendência do Patrimônio da União de Santa Catarina a segunda proposta preliminar para a ocupação do aterro da baía sul, com a criação de uma “passarela jardim” e uma praça, contendo comércio, área de lazer e de espaços culturais e uma praça para eventos e esportes. A primeira providência da prefeitura será a instalação de cercas no local que, hoje, é usado como estacionamento de forma gratuita pela população. Segundo os comerciantes do Camelódromo, com a demolição do Direto do Campo, o local está cada vez mais deserto e o fechamento do estacionamento gera mais dificuldades para eles.
Segundo a secretaria de administração de Florianópolis, uma licitação será lançada nos próximos dias para a construção da cerca, que fechará o espaço de 32 mil m² para que o terreno possa ser readequado. A licitação prevê a contratação de uma empresa para construir cercas metálicas e telas soldadas para fechar o local. A abertura dos envelopes com as propostas está marcada para o dia 27 de novembro.
De acordo com César Floriano, secretário-adjunto da SMDU, o projeto paisagístico para o local teve que sofrer alterações, pois, no estudo original, uma plataforma passava por cima de uma estação de água da Casan e não seria possível retirar esta estação para a realização das obras. “Por isso, tivemos que fazer um novo projeto preliminar, que foi apresentado ontem ao Patrimônio da União”, explica ele.
Por meio de nota na tarde de ontem, a SPU (Secretaria do Patrimônio da União) informa que “Florianópolis já formalizou o pedido de cessão da área, mas está pendente de envio à SPU/SC o cronograma de execução das obras da implantação da passarela jardim. Dessa maneira, a SPU/SC já autorizou o município de Florianópolis realizar o cercamento, limpeza e conservação da área”. Silvia Beatriz Rizzieri De Luca, superintendente do Patrimônio da União em Santa Catarina não atendenu às ligações da reportagem do Notícias do Dia para comentar o assunto.
Uma reunião com o prefeito Cesar Souza Júnior será realizada na próxima semana para discutir esta questão. As obras devem começar em meados de 2014. “Solicitamos a compreensão da população, pois iremos cercar a área para poder implantar o projeto, que é inovador e irá qualificar de forma significativa esta área do aterro”, diz ele.
Segundo Floriano, os comerciantes do Camelódromo só serão retirados do local até que seja encontrado um novo lugar para eles. Até o início das obras da praça pública, o terreno deverá ficar fechado e sem utilização. Após a aprovação do estudo preliminar, ele será transformado em anteprojeto e depois em projeto. Somente então será aberta uma licitação para uma empresa especializada executar a obra.
Arquiteto responsável pela equipe do projeto, César Floriano classifica o estudo como “uma ação de respeito ao projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, autor do projeto do parque do aterro em 1978 e que foi totalmente descaracterizado.”
Entenda o caso
Em fevereiro deste ano, a Justiça Federal determinou a desocupação do aterro da baía Sul, onde funcionavam o Direto do Campo, o estacionamento da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) e onde funciona o Camelódromo.
A ordem de desapropriação foi feita em 2010, mas após um acordo entre União e prefeitura, a Justiça concedeu dois anos para desocupação voluntária.
Após a desocupação, o local foi tomado por flanelinhas, que cobravam e ameaçavam motoristas. Nos últimos meses, isso não tem ocorrido, mas o local tem sido usado como estacionamento gratuito.
A prefeitura prevê a criação de uma praça pública no local que resgate o projeto original criado por Roberto Burle Marx, na década de 1970.
(ND, 08/11/2013)