Quem passa pelos bairros Carianos e pela Tapera, no Sul da Ilha, já consegue perceber o andamento das obras do novo acesso para ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis. O primeiro trecho iniciado, entre a ponte do Rio Tavares e o trevo de acesso à Ressacada, está com obras paradas no momento para estabilização do solo. Enquanto isso, as máquinas se concentram na construção da rodovia que fará a ligação da Tapera ao novo Terminal de Passageiros do aeroporto, com acesso pela SC-405. Segundo o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), esse trecho deve ficar transitável até 2014, após a Copa do Mundo.
— Estamos em contato direto com a Infraero, que está fazendo o terminal, e, por esse motivo, a obra está sendo feita a quatro mãos. O terminal deve ficar pronto em dezembro de 2014 e no mesmo prazo esse trecho deve ficar transitável — revela o presidente do Deinfra, Paulo Meller.
Ele explica que o primeiro trecho da obra ficará parado nos próximos quatro meses. Por se tratar de área de mangue, o solo mole precisa ser adensado, ou seja, estabilizado com a colocação de materiais, antes da colocação do asfalto. A construtora Espaço Aberto, que venceu a licitação dos dois lotes, fez a colocação da camada de rachão — grandes pedras — e, depois do primeiro adensamento, será colocada nova camada.
— Terá que ficar mais de quatro a seis meses adensando depois. Isso é para evitar que ocorram imperfeições no asfalto — comenta.
No trecho entre o Trevo da Seta e a ponte do Rio Tavares, também colocado no Lote 1 para duplicação, o Deinfra realiza levantamento para fazer as indenizações das famílias que vivem atualmente no local. Meller acredita que as desapropriações de mais de 30 residências custará cerca de R$ 10 milhões.
Os recursos já estão garantidos e a retirada das estruturas se inicia ainda neste ano, após o término da licitação para construção da nova ponte do Rio Tavares, temporariamente suspensa para readequação do projeto. A licitação da nova ponte é uma das três em andamento. As obras de viadutos e passarelas, licitadas no Lote 3, já tem empresa escolhida, mas ainda não há prazo para início dos trabalhados. O aumento e alargamento da antiga ponte também foi licitado, mas está em fase de análise da documentação das interessadas.
Imbróglio pode atrasar obra
Um impasse judicial pode ameaçar a construção da parte da rodovia. No traçado original do trecho entre o trevo de acesso à Ressacada e a Tapera, a via passava próximo a uma área de preservação ambiental. De acordo com presidente do Deinfra, Paulo Meller, por determinação do Ministério Público Federal (MPF) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental responsável pela reserva, a rodovia teve que ser desviada e agora passa em cima do Loteamento Recreio Santos Dumont, em quase 200 lotes.
— O Estado teria que desapropriar. Como o MPF afirma que os lotes estão em área de União, só as construções teriam que ser indenizadas. No entanto, os proprietários dizem que têm escritura pública. Se tiver que pagar as indenizações, custará mais de R$ 30 milhões ao Estado — afirma Meller.
No antigo traçado proposto, o custo das desapropriações seria de R$ 5 milhões. No entanto, o chefe da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, Daniel Cohenca, explica que o traçado da rodovia foi um acordo firmado entre os órgãos para preservar a área de grande importância ecológica para a cidade. Os terrenos em questão, segundo ele, não têm licenciamento ambiental e não poderiam ter recebido escritura ou alvará da prefeitura para construção.
Moradores querem mudança do traçado
O Loteamento Recreio Santos Dumont, no Carianos, foi criado em 1959, segundo decreto municipal. Conforme a Associação dos Moradores Recreio Santos Dumont (Amosad), todos os lotes têm escritura pública desde 1974. O coordenador da comissão que discute o novo acesso na associação, Henrique Bottega, diz que os donos dos lotes não foram avisados sobre o traçado da rodovia. Eles chegaram a fazer audiências públicas no bairro, mas apenas compareceu um membro do Deinfra que explicou sobre o número de lotes a serem desapropriados.
— Temos medo de a obra não sair. É uma obra muito importante para o Sul da Ilha e todos nós queremos que ela saia. Pedimos o retorno para o traçado anterior, no qual apenas 40 lotes seriam desapropriados. Não estamos pedindo a indenização, porque sabemos que temos direito a ela — afirma.
Bottega e outros donos de lotes no loteamento, no entanto, garantem que, se alguma máquina começar obras nos terrenos, eles entrarão com processo na justiça.
— Nós estamos legais aqui. Eles vão ter que indenizar, já disseram que não têm dinheiro pra isso e vai atrasar a obra — comenta Graciela Fernandez, vice-presidente da Amosad.
Obras no novo Terminal de Passageiros
A Infraero pretende lançar, ainda neste segundo semestre de 2013, a licitação para a aquisição de escadas rolantes e elevadores para o novo Terminal de Passageiros do Aeroporto Hercílio Luz. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, há duas obras já em andamento. A primeira, do novo terminal de passageiros, está na fase de construção das fundações do prédio. Executado pelo consórcio Espaço Aberto —Viseu, no valor de R$ 188 milhões, a previsão é de que o serviço seja finalizado no segundo semestre de 2014.
A segunda obra, realizada desde junho pelo o consórcio Aeroportos Brasil, compreende infraestrutura completa para o aeroporto: terraplenagem de toda área, construção de pátio de estacionamento de aeronaves, pista de taxi way, pistas de rolagem e estacionamento de veículos. Boa parte do sistema de drenagem já foi construído. A obra tem investimento de R$ 118 milhões e duração de 21 meses.
A Infraero também já licitou as cinco pontes de embarque do novo terminal de passageiros. O processo, publicado no dia 25 de janeiro de 2013, teve a abertura dos preços no dia 21 de fevereiro. A empresa vencedora foi a ThyssenKrupp. O valor do investimento é de R$ 7 milhões e o prazo de instalação é de 15 meses.
(DC, 03/10/2013)