O projeto para readequação dos trapiches para operação experimental do sistema alternativo de transporte marítimo já está com a Prefeitura de Florianópolis. A proposta apresentada pela empresa Lokanautica, do Espírito Santo, prevê a instalação de blocos de concreto flutuantes junto às estruturas já existentes para facilitar manobras de atracamento e saída das embarcações, e garantir o fluxo de passageiros com conforto e segurança.
A placa flutuante, segundo o representante da empresa capixaba em Santa Catarina, Gustavo Adrian Gasparini, é formada por módulos de concreto de quatro toneladas, revestidos com sistema de câmaras de ar com capacidade para suportar uma vez e meia o próprio peso. “É suficiente para amarrar um pequeno navio”, diz Adrian.
À espera de licença da Prefeitura para operar a primeira linha urbana em caráter experimental, o empresário Aldo Nonô Maciel, 57, da Florimar Transportes Marítimos, pretende submeter o projeto a engenheiros navais. “Estes flutuantes são fundamentais para viabilizar as operações de embarque e desembarque com segurança, em qualquer condição climática e de vento”, explica.
O primeiro itinerário definido para o Acquabus 1 da Florimar, entre o Centro e a praia de Canasvieiras, prevê a utilização dos trapiches da avenida Beira-mar Norte e da foz do rio do Brás. Mais altos que a borda da embarcação em testes, estas estruturas só poderão ser utilizadas com apoio dos blocos flutuantes de concreto.
A intenção da Lokanautica é firmar parceria com a Florimar e com a prefeitura para arrendar os flutuantes necessários para implantação do serviço experimental em Florianópolis. “O barco já está aqui, e agora é o momento de todos se ajudarem nesta empreitada. Caso contrário, a cidade ficará mais um século sem transporte marítimo”, alerta Adrian.
Embarcação faz teste na baía e chega ao Iate Clube
A primeira embarcação aprovada pela Marinha para transporte marítimo na Grande Florianópolis ficará atracada no Iate Clube Veleiros da Ilha até amanhã, quando será apresentada oficialmente amanhã a representantes da prefeitura da Capital. Tripulado pelo comandante Carlos Otávio Santos Oliveira e pelo próprio Nonô Maciel, o Acquabus 1 da Florimar demorou 30 minutos para cruzar 15 milhas da baía Norte, entre o rio Biguaçu e a baía Sul.
Com habilidade dos marinheiros e potência dos motores Mercury, o Acquabus superou com facilidade o vento norte e as ondas de través (de lado) até alcançar o meio do canal da baía. A dificuldade foi sair da boca da barra do rio Biguaçu, assoreada e sinalizada de forma precária por bandeirolas de pano vermelho amarradas em bambus fincados na lama.
Mesmo com a preamar mais alta do dia, às 11h, com 0.8 metro, e capacidade de suspender os motores para navegação a 40 centímetros de calado, o barco deixou um rastro de lama no canal. O entupimento do sistema eletrônico por pouco não abortou a viagem.
“É um absurdo, nestas condições ninguém navega. Nem pescador, nem para lazer”, critica o Nonô Maciel, que não entende os empecilhos ambientalistas para dragagem do rio Biguaçu. Luiz Roberto Feubak Junior, da marina Píer 33, reforça: “Não é tirar só o excesso de areia causado pelos desmatamentos lá em cima. Mas, principalmente, esgoto acumulado”, diz.
Enquanto espera parecer oficial da prefeitura para a primeira licença experimental, Nonô se apressa a propor parceria com a Capitania dos Portos para elaboração de cartilha aos futuros usuários. A ideia é ensinar a desfrutar o prazer de navegar sem os desconfortos do enjôo. Mesmo para os passageiros de primeira viagem.
Navegue tranquilo
Dicas contra enjôo
-Tentar dormir bem na véspera
-Não usar de bebidas alcoólicas
-Evitar gorduras, cafeína e excessos alimentares
– Nunca embarcar de estômago vazio
– Comer bolachas e frutas
– Beber água
– Não deixar a cabeça acompanhar o movimento do barco
– Olhar o horizonte ou outro ponto fixo de referência (objeto na costa, outro barco ao longe, ilhas)
– Manter-se preferencialmente longe do cheiro de combustível
– Procurar ocupar-se com atividades leves e conversas de bordo
– Evitar ler cartas náuticas ou olhar o GPS
– Evitar o fumo e manter-se longe de quem está fumando
– Respirar fundo e lentamente
– Evitar sentir frio
– Aplicar compressas geladas sobre os olhos e no pescoço
Acquabus 1
Características
Monocasco: 13 metros
Potência: dois motores de popa eletrônicos, não poluentes, independentes, de 200 hps cada
Combustível: gasolina
Tanque: 500 litros
Consumo: 70 litros/hora
Autonomia: seis horas de navegação
Calado: 40 centímetros
Segurança
Duas portas de emergência
Cabine estanque, à prova de fogo e naufrágio
Extintores internos
Coletes salva vidas embaixo de cada assento
Mala com bote insuflável com capacidade para 52 pessoas
Capacidade
45 passageiros sentados, mais quatro opcionais na parte externa da popa
Três tripulantes (capitão e dois marinheiros de convés)
(Edson Rosa, ND, 10/10/2013)
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