Paisagens que há pelo menos 60 anos faziam parte do cotidiano catarinense começam a reaparecer. De Campos Novos (no Meio-Oeste) a Florianópolis – incluindo a Serra do Tabuleiro–, árvores de outros países estão sendo substituídas por vegetação nativa de cada região. A ação começou por Florianópolis, que já apresenta os exemplos mais visíveis da mudança. A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) iniciou a retirada de 700 árvores na unidade de conservação municipal do Parque da Lagoa do Peri, desde o costão do Morro das Pedras até o início da Praia da Armação.
A Capital serve de modelo, mas o projeto sob coordenação da Fundação Meio Ambiente (Fatma) é maior. Unidades de conservação de mais 20 cidades terão corte de exóticas. Depois de estudos detalhados do impacto das invasoras à biodiversidade, o órgão aguarda para licitar a empresa que derrubará o equivalente a mais de 600 campos de futebol de pínus, eucaliptos e outras árvores estrangeiras no Parque do Rio Vermelho, unidade de conservação estadual. O valor mínimo do processo será de R$ 5 milhões.
Conforme o tenente-coronel Márcio Luiz Alves, chefe do Parque do Rio Vermelho, o termo de referência para a retirada será publicado depois da temporada e próximo à inauguração da duplicação da SC-403. A intenção é evitar transtornos às comunidades que vivem no entorno do parque.
Processo de retirada das árvores será expandido para outras regiões
A fase inicial de restauração da vegetação deve levar cinco anos, com retorno de plantas rasteiras. As árvores mais altas terão cerca de seis metros. Será um novo Parque do Rio Vermelho. A primeira experiência da Fatma para a retirada das invasoras deu certo.
Segundo a bióloga Beloni Terezinha Pauli Marterer, em 2005 foram retirados pínus do meio das araucárias, plantas nativas do Parque Estadual do Rio Canoas, em Campos Novos. Segundo a Fatma, após concluir o processo do Rio Vermelho será iniciada a ação na Serra do Tabuleiro e no Parque Fritz Plaumann.
Com grande poder de dispersão das sementes, as espécies exóticas crescem em vários pontos da Ilha. O Morro da Galheta, no Leste, ficou tomado de pínus. Por isso, o projeto piloto para retiradas iniciou pelo Parque da Lagoa do Peri. As 700 primeiras árvores retiradas serão doadas ao Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa) e as demais entregues a entidades que tiverem interesse em vender o material. No local das exóticas, 2,8 mil mudas de plantas nativas serão plantadas.
(DC, 23/10/2013)
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