Um casarão antigo localizado na Avenida Mauro Ramos, Centro de Florianópolis, abriga uma aconchegante biblioteca, que conta com um acervo de 15 mil exemplares das mais diversas áreas. O local, ainda pouco conhecido do público, é resultado da dedicação do político e professor Osni de Medeiros Régis, um manezinho apaixonado por literatura.
Foi ali que Régis morou boa parte da vida com a esposa, a professora de literatura Maria Helena Régis. Após a sua morte, em janeiro de 1991, seus filhos decidiram abrir a biblioteca para o público.
“Ele sempre gostou de compartilhar os livros, fazia questão de trazer os alunos dele aqui”, conta Maria, a atendente que trabalha há seis anos no local, mas que conhece a família há mais de 30 anos.
O espaço que abriga a coleção, construído nos fundos da casa, foi inspirado no clássico “My fair Lady” (1964), estrelado por Audrey Hepburn e dirigido por George Cukor, longa-metragem baseado na peça “Pigmalião”, do dramaturgo George Bernard Shaw. Encantado com a biblioteca da comédia musical, o estudioso decidiu fazer uma réplica.
Livros de cima a baixo
Como no filme, os livros ocupam as paredes inteiras, no primeiro piso e no mezanino. Volumes da Coleção Brasiliana, que começou a ser editada originalmente em 1931; obras completas do filósofo Tomás de Aquino; o livro “Cartas a Nora Barnacle”, de James Joyce; além de clássicos da literatura brasileira e estrangeira – todos devidamente catalogados e em excelente estado de conservação -, dividem prateleiras com títulos de Direito, área na qual Régis graduou-se pela Faculdade de Direito de Santa Catarina, em 1943.
Como parte do corpo docente da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), publicou as obras “Classe social e poder” (1955) e “Aspectos demográficos do trabalho” (1960), que também fazem parte do acervo.
Dos clássicos de Antoine de Saint-Exupéry, que gostava de ler na adolescência, aos livros de Sociologia Política, que refletem sua vida, as obras contam a trajetória de Régis. Há também muitos livros de linguística, poesias – contribuição de sua esposa – e revistas, como algumas edições da finíssima “Les Temps Modernes”, uma das mais importantes revistas literárias francesas, fundada por Jean-Paul Sartre, em 1945.
Empréstimos regulados
Pela raridade e antiguidade de algumas obras, pouquíssimos livros podem ser emprestados, e isso só acontece mediante o pagamento de uma taxa, que é devolvida no momento em que a pessoa devolve o livro. “Infelizmente, algumas pessoas não valorizam a literatura”, desabafa Maria.
Além do pagamento da taxa, que varia de acordo com o livro a ser retirado, é necessário preencher um formulário e levar uma cópia do CPF, do RG e de um comprovante de residência. A ideia é que as pessoas fiquem na biblioteca e aproveitem o local, que é pouco frequentado. Maria conta que vez ou outra aparecem estudantes de Direito, ou idosos curiosos. “Uma vez uma professora trouxe uma turma de crianças, mas faz tempo.”
Enquanto o público não aparece, a atendente simpática trata de cuidar da manutenção dos livros. Em 1998, os filhos criaram uma fundação para preservar o acervo, tudo mantido com recursos próprios.
Em um passeio pelas salas onde a manutenção é feita, é possível perceber o cuidado com cada livro, que, apesar de serem muito antigos, nem cheiro de mofo têm. Alguns receberam capa nova e a poeira não tem vez.
Além dos livros, pilhas de jornais aguardam para serem catalogados, como edições antigas do “Diário Catarinense”, quando ainda traziam histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, e alguns números do extinto “Jornal do Brasil”. “Esses eram da Dona Helena”, explica Maria.
O acervo da biblioteca também pode ser consultado pela internet, aqui.
Serviço
Biblioteca Prof. Osni Régis
Avenida Mauro Ramos, 1344, Centro, Florianópolis
(48) 3223 4833
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h
(DeOlhoNaIlha, 06/09/2013)
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