Hoje, quando chegar à prefeitura, Cesar Souza Junior receberá um mapa da Capital assinalado com cinco pontos estratégicos espalhados entre as cabeceiras insular e continental das três pontes. Será o primeiro esboço de um compromisso que ficou esquecido nas gavetas da prefeitura e do Estado pelos últimos oito anos: a construção do novo Museu da Ponte Hercílio Luz, um dos símbolos de Santa Catarina.
Estudadas com afinco por dois meses, as regiões indicadas no mapa representam as melhores áreas para receber o prédio, agora que a revitalização do maior símbolo do Estado está em andamento. O material foi elaborado pela mesma comissão que definiu como ficariam os entornos viários da cidade após a conclusão das obras da ponte. O grupo – de quase 20 pessoas, entre servidores municipais, estaduais e federais –, porém, não conseguiu chegar a um consenso. Souza Jr. recebe as cinco sugestões de terreno em primeira mão, mas a decisão não será só dele: o governador Raimundo Colombo será acionado para debater a escolha do local.
Depois de pronto, o museu será o lar dos quase 600 itens ainda remanescentes da ponte nos seus quase 90 anos de história: são 444 peças originais da planta e da estrutura, cerca de 100 fotografias de época e outros oito itens de reposição e equipamentos.
Todo esse acervo está guardado desde 2005 no Arquivo Histórico do Estado, no Bairro Saco dos Limões, em Florianópolis, depois de ser retirado às pressas do primeiro endereço que o Museu da Ponte teve em Santa Catarina: um casarão de madeira construído ao lado do Parque da Luz, hoje escondido pelos tapumes da obra. Foi lá que o material ficou em exposição permanente por 15 anos, desde a inauguração, em 1990. O espaço inadequado, a umidade e a proximidade com o canteiro de obras que se preparava para dar início aos trabalhos foram determinantes para o recolhimento do material.
– O local era apertado, a casa estava velha e tinha muito cupim. Algumas coisas foram se deteriorando com o tempo e, por isso, foram retiradas de lá – lembra o engenheiro do Deinfra Antônio Carlos Xavier, hoje aposentado. Ele foi o responsável pelo antigo museu nos 15 anos em que esteve em atividade.
Parte de material passou por restauro
De acordo com o livro de registro da época, 20 pessoas em média visitavam o local por dia – número que duplicava entre janeiro e fevereiro. Eram moradores, turistas e curiosos que não se saciavam apenas em fotografar a ponte de seu melhor ângulo do Parque da Luz: queriam também ver tudo que estava relacionado à sua construção, nos anos 20, época de tecnologias limitadas e que, mesmo assim, permitiram que a obra inteira fosse feita em menos de quatro anos.
Depois de encaminhadas ao Arquivo Histórico, as peças mais afetadas passaram por uma minuciosa restauração. Então seguiram para exposições itinerantes espalhadas pelo Estado. Permanecerão no Arquivo até que se concretize o protocolo de intenção firmado em 2005 entre Estado e município, que promete a construção definitiva de um novo museu.
– Este é o tipo de obra imprescindível, que resgata toda a história de um símbolo centenário e seu povo, fortalecendo o conhecimento e a proximidade entre eles – diz o engenheiro Dalton da Silva, da Secretaria de Obras de Florianópolis.
(DC, 05/08/2013)
Museu está incluído na proposta de revitalização
Oito anos após o fechamento do casarão, a ideia de um novo museu volta a surgir com força no Estado. É uma espécie de contrapartida cultural feita pelo governo em SC aos recursos obtidos por meio da Lei Rouanet que custeiam a revitalização da ponte. Junto com a reforma, o governo também previu, no plano encaminhado ao Ministério da Cultura, a realização de um projeto de implementação para o museu. O material, formado por estudos de conceitos arquitetônicos, museografia e museologia, é de responsabilidade da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e foi finalizado em 13 de fevereiro.
Segundo a analista técnica da instituição Maria Teresa Collares não se trata de um projeto de arquitetura pronto, mas de uma relação que indica os requisitos mínimos que o local precisa ter, como auditórios e espaços de convivência. A proposta é aproveitar a estrutura metálica retirada da ponte durante as obras – sobretudo as barras – para utilizar como elemento de destaque na fachada do museu e que ele seja todo em vidro estrutural transparente.
Embora o custeio do estudo esteja previsto nos recursos da Lei Rouanet, o investimento da construção não diz respeito ao incentivo. O dinheiro deve sair dos cofres do Estado – e não está descartada uma parceria com o município. O valor ainda não foi definido, assim como o prazo máximo para a construção do museu Só o que se sabe até agora é que o projeto precisa respeitar o período de captação e execução da Rouanet, que encerra em dezembro deste ano. Mas tem a possibilidade de ser prorrogado por outros dois.
(DC, 05/08/2013)
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