A qualidade de vida de quem mora em Florianópolis saltou 12,43% nos últimos 19 anos. Esses números fazem parte do ranking divulgado ontem pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), responsável pela elaboração do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). Ele colocou os florianopolitanos em terceiro lugar no Brasil levando em consideração três pontos centrais: educação, longevidade e renda. Entre as capitais, Florianópolis é a primeira e, no contexto nacional, só perde para as cidades de São Caetano do Sul e Águas de São Pedro, ambas no Estado de São Paulo.
Santa Catarina também não fez feio. Entre os cem melhores municípios brasileiros para se viver, 23 estão daqui. No contexto geral, o Estado está em terceiro lugar entre todas as Unidades da Federação.
O índice divulgado com o nome de Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 leva em consideração as respostas dos brasileiros nos Censos de 1991, 2000 e 2010. Quanto mais perto do número 1 a cidade chega, melhor é a qualidade que oferece aos moradores. Nesse quesito, Florianópolis está bem: em 1991 tinha o conceito 0,681; no ano 2000 passou para 0,766 e, na última análise pulou para 0,847.
Os números refletem em quem mora na Capital. É o caso da professora Beatriz Meyer de Souza, 60 anos, que costuma caminhar na avenida Beira-mar Norte. Depois dos exercícios, ela senta em uma pedra e fica curtindo o visual da baía, principalmente o pôr do sol.
Para ela, a magia do mar pode ser um dos motivos que faz com que Florianópolis tenha qualidade de vida. “Mesmo não dando para tomar banho, por causa da poluição, o mar está aqui. Nos estimula a caminhar, correr, se exercitar. Nem todo mundo pode ir a uma academia, mas pode desfrutar dele”, disse.
E, como muita gente cuida da saúde, isso se reflete na longevidade. Beatriz, além de caminhar na Beira-mar, ainda faz ioga e tai chi chuan. Ela sente também que as pessoas estão ficando mais velhas e saudáveis. A mãe dela, por exemplo, tem 86 anos. E duas tias estão com 87 e 89 anos. As três, com ótima saúde. (Colaborou Maurício Frighetto)
Natureza e qualidade de vida
A beleza de Florianópolis é um dos pontos que colocaram a Capital em terceiro lugar no ranking do IDHM brasileiro. Mas a natureza e a consequente qualidade de vida não são as únicas responsáveis por transformar a cidade em uma das melhores para se viver no Brasil.
O professor de geografia econômica da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), José Messias Bastos, observou que desde a década de 1950, Florianópolis passa por um processo de investimentos, oriundos principalmente do governo federal. Tal iniciativa foi importante, destacou o professor, porque na época a Capital declinava em relação às cidades do interior. “Na década de 1970 houve o grande salto, com a vinda de empresas como a Eletrosul, que trouxe profissionais de grande porte, o que elevou os gastos e exigiu melhorias em todos os contextos da cidade”, afirmou.
Em uma história mais recente, Bastos acredita que a venda da imagem de Florianópolis como destino turístico o ano inteiro tem influenciado na vinda de novos moradores. “São empresários de São Paulo e aposentados que querem descanso e segurança”, completou.
Qualidade na história
Os números que deixam Santa Catarina e Florianópolis com conceitos altos dentro do IDHM não são surpresa para o professor de geografia econômica da UFSC, José Messias Bastos. O Estado teve um crescimento expressivo. Em 1991, estava com o índice de 0,543. Depois de 19 anos, o IDHM catarinense passou para 0,774.
Para ele, o segredo está na colonização quando o assunto é qualidade de vida, longevidade, renda e educação. Enquanto outros Estados tiveram a base desse período com latifúndios, onde apenas uma pessoa enriquecia, Santa Catarina foi colonizada basicamente por pessoas que desenvolveram o ritmo das pequenas propriedades. “Essa realidade trazida inicialmente pelos açorianos, depois por italianos e alemães, fez com que esses moradores lutassem por melhorias para suas regiões”, observou.
Bastos destaca que hoje o IDHM é um reflexo da forte indústria, da geração de oportunidades e da boa reputação que os catarinenses têm quando comparados a moradores de outros Estados. “Os catarinenses são conhecidos pela força e superação. Quando o ciclo do carvão terminou, no Sul do Estado, as mulheres souberam sair de casa, trabalhar e transformar a região em um dos maiores pólos da indústria de roupas e sapatos do Estado”, exemplificou.
Para que serve o IDHM?
O IDHM é um índice que permite conhecer a realidade do desenvolvimento humano dos municípios brasileiros. O índice não abrange todos os aspectos de desenvolvimento humano e não é uma representação da “felicidade” das pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para se viver”, mas sintetiza três das mais importantes dimensões do desenvolvimento humano, a longevidade, educação e renda. O IDHM é acompanhado por mais de 180 indicadores socioeconômicos, que dão suporte à análise.
Como ele é calculado?
Os indicadores do IDHM são obtidos pelos dados extraídos dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010.
Como que o IDHM classifica as cidades?
As cidades são divididas em faixas de desenvolvimento humano. Entre zero e 0,499 o IDHM é muito baixo; entre 0,500 e 0,599 a cidade se classifica em muito baixa; na classificação de 0,600 até 0,699 o desenvolvimento é médio; de 0,700 a 0,799 o IDHM é considerado alto e, por fim, de 0,800 até 1 a cidade é classificada de muito alto desenvolvimento humano.
IDHM de Santa Catarina
3º Florianópolis 0.847
4º Balneário Camboriú 0.845
8º Joaçaba 0.827
21º São José 0.809
21º Joinville 0.809
25º Blumenau 0.806
25º Rio Fortuna 0.806
34º Jaraguá do Sul 0.803
36º Rio do Sul 0.802
37º São Miguel do Oeste 0.801
40º Concórdia 0.800
53º Itapema 0.796
53º Tubarão 0.796
56º Brusque 0.795
56º Iomerê 0.795
56º Treze Tílias 0.795
56º Itajaí 0.795
67º Chapecó 0.790
71º Luzerna 0.789
76º Criciúma 0.788
87º Porto União 0.786
100º Salto Veloso 0.784
100º Timbó 0.784
(ND, 29/07/2013)
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