Pela primeira vez, prefeitura de Florianópolis e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) esboçam acordo sobre as obras de duplicação da Rua Deputado Antonio Edu Vieira, um dos principais acessos ao campus. A reitoria diz que cede a área para as obras, em um tamanho maior do que o previsto inicialmente, se o prefeito Cesar Souza Junior incluir na proposta a construção de 10 quilômetros de ciclovia, no entorno e também na parte interna da universidade. O projeto, entregue ontem, será analisado pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf).
Pelo estudo elaborado por técnicos da UFSC, seria necessário um investimento de R$ 2 milhões – além dos R$ 20 milhões previstos para a duplicação. Sem muito tempo para argumentar, já que o alargamento da Edu Vieira será custeado com recursos do PAC e para que não perca a validade a obra precisa iniciar ainda neste ano, o Executivo prevê tempo recorde de avaliação. Cesar estima prazo de 20 dias até a apresentação de uma proposta conjunta, que inclui os dois projetos, e promete bancar a ciclovia com dinheiro próprio do município.
A falta de espaços específicos para quem circula de bicicleta nas proximidades da UFSC foi exposta após a morte de uma estudante, no dia 1o de julho. Lylyan Gomes, 20 anos, seguia de bicicleta para a universidade quando foi atingida por um ônibus, na rótula da Praça Santos Dumont.
Embate judicial atrapalha construção de ciclovia
A construção de uma ciclovia na Avenida Madre Benvenuta, que conectaria UFSC e Udesc foi parar na Justiça. Uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF), de 2006, previa a realização da obra por empresas do Shopping Iguatemi, como compensação pelo empreendimento. Houve uma audiência no dia 3 de julho e o processo continua tramitando. Cesar diz que vai exigir que o shopping cumpra o que foi acordado. O advogado das empresas, porém, argumenta que o trajeto apresentado pela prefeitura não condiz com o acordo inicial.
(DC, 10/07/2013)
“Estamos propondo executar os dois projetos”, diz prefeito de Florianópolis sobre obras de mobilidade
Prefeito Cesar Souza Junior propõe executar projeto de construção de 10 quilômetros de ciclovia, apresentado pela reitoria da UFSC, junto coma duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira. Para isto seriam necessários mais R$ 2 milhões, custeados com recursos próprios do município.
Diário Catarinense — Prefeitura e UFSC, enfim, chegaram a um consenso sobre as obras de duplicação da Rua Edu Vieira?
Cesar Souza Junior — Para que a universidade ceda a área, nós estamos propondo executar os dois projetos, o da duplicação da Rua Edu Vieira e o da construção da ciclovia, ao mesmo tempo. Foi essa a sugestão que eu encaminhei à reitoria e que nós vamos apresentar ao conselho universitário. O Ipuf vai avaliar os valores apresentados no projeto elaborado pela UFSC e que nos foi entregue hoje (ontem) e analisar se está dentro das diretrizes do plano diretor. Em 20 dias, no máximo, encaminharemos a proposta conjunta para a decisão do conselho.
DC — Em quanto tempo, após decisão do conselho universitário, as obras poderiam iniciar?
Cesar — Nós estamos retomando agora o cálculo das desapropriações que precisam ser feitas na Edu Vieira, a última avaliação é de 12 anos atrás. O nosso objetivo é dar início à obra de duplicação no trecho já liberado, que não precisa de desapropriação _ cerca de 1,2 quilômetro (do trevo da Dona Benta até a frente da Eletrosul), enquanto tratamos das desapropriações, o que já vai impactar bastante no trânsito. Lançaremos as licitações para as duas obras imediatamente após a aprovação do conselho.
DC — E as obras, propriamente ditas, começariam quando?
Cesar — O nosso objetivo é levar esse conjunto de soluções ao conselho universitário com muita agilidade para que consigamos executar a obra neste segundo semestre e não perder os R$ 20 milhões já assegurados. Lembro, perdemos o recurso se a obra não iniciar. O conselho aprovando, deflagramos a licitação. Esse recurso está em adiantado estado de liberação. Licitamos no começo deste segundo semestre e ainda neste ano tem obra.
(DC, 10/07/2013)
“Precisamos pensar com olhos no futuro.”
Especialista diz que é preciso priorizar pedestres, ciclistas e o transporte coletivo.
Diário Catarinense – Por que a universidade não aceitou o projeto de duplicação da Rua Edu Vieira apresentado pela prefeitura?
Carlos Roberto Vieira – A prefeitura apresentou um primeiro projeto, elaborado há mais 10 anos e já ultrapassado. A proposta visava apenas o trânsito de veículos automotores, não estava sendo pensada a mobilidade como um todo. E um projeto desses, que demanda um volume grande de investimento, precisa ser pensado com olhos no futuro.
DC – Para garantir os R$ 20 milhões, as obras precisam iniciar ainda neste ano. Dará tempo?
Vieira – Temos um prazo, que é 13 de agosto. Estamos nos reunindo duas vezes por semana para tratar disso, universidade, prefeitura e comunidade. Ainda não temos um projeto pronto, temos esboços. Se não conseguirmos fazer tudo o que pensamos, faremos o necessário para que a obra continue no futuro.
(DC, 10/07/2013)
Prefeitura quer integrar anel cicloviário às obras de duplicação da Edu Vieira
A integração da duplicação da rua Deputado Antônio Edu Vieira a um anel cicloviário projetado para ligar a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) aos bairros de seu entorno, pode ser a aposta de mobilidade de execução mais rápida na Capital. A ideia foi anunciada nesta terça-feira, dia 9, pelo prefeito Cesar Souza Júnior (PSD) após reunião em seu gabinete com a reitora da instituição, Roselane Neckel, que apresentou o projeto de ciclovias.
O projeto piloto apresentado pela universidade prevê a construção de 10 quilômetros de ciclovias no interior do campus interligadas aos bairros Itacorubi, Santa Mônica, Pantanal, Trindade, Carvoeira, Córrego Grande e a Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina). Assim que prontas, as vias seriam integradas com outras, existentes ou projetadas para a cidade, como a da Beira-mar Norte.
A sugestão já está com o Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano) que fará um estudo de viabilidade técnica. As conclusões da análise e a incorporação à proposta da Edu Vieira vão ser apresentadas ao conselho universitário da UFSC.
A intenção do prefeito, além de obter o aval do conselho universitário é aproveitar os R$ 20 milhões do PAC 2, já garantidos para a duplicação da via, na execução do projeto. “Com esse circuito, ao invés de uma obra viária de dois quilômetros [da Edu Vieira] teremos uma obra cicloviária de 10 quilômetros. Não podemos desperdiçar esses recursos”, comentou.
Universidade quer pactuar
O custo previsto para o projeto apresentado pela universiade, segundo a reitora Roselana Neckel, é de aproximadamente R$ 2,1 milhões. “Como a instituição não tem esse recurso queremos pactuar com prefeitura e Governo Federal para que isso aconteça”, comentou.
O projeto de ciclovia passa pelo entorno da praça Santos Dumont, na Trindade, onde a estudante de oceanografia, Lylyan Karlinski Gomes, de 20 anos, morreu na última segunda-feira, dia 1º. Ela pedalava pelo local quando foi atingida por um ônibus, a Polícia Civil investiga o caso. “A universidade é o grande equipamento da coletivo da comunidade, mas não pode interferir no espaço que está fora do limite federal. A segurança do trânsito nesse local é responsabilidade do município”, reiterou Roselane.
(ND, 09/07/2013)