Pensada para difundir o turismo na Barra da Lagoa, no Leste da Ilha, a Aquavia Gastronômica do Canal da Barra dá os primeiros passos como um núcleo empresarial organizado e conta, por enquanto, com sete restaurantes que operam em conjunto. Bar do Boni, Ponta das Caranhas, Rancho de Canoa, Tempero da Ilha, Fedoca do Canal, Maria & Maria e Recantinho são os primeiros estabelecimentos integrantes do grupo que pretende colocar o canal no roteiro turístico da Ilha.
A proposta de criação da primeira via gastronômica e cultural utilizando transporte aquaviário nasceu depois que os restaurantes do canal foram ameaçados de demolição pela Floram (Fundação Municipal de Meio Ambiente), em maio deste ano. A ideia da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis) da Lagoa ganhou a simpatia dos empresários e se consolidou neste mês, com a entrega de uma pauta de solicitações ao prefeito Cesar Souza Júnior (PSD). O próximo passo é formalizar juridicamente a Aquavia como entidade.
Com mais de dez itens, o documento entregue ao prefeito prevê, entre outras ações, a sinalização turística do Canal da Barra e a criação de uma linha aquaviária ligando o Portinho da Lagoa da Conceição à Barra da Lagoa, com pontos de parada ao longo da avenida das Rendeiras e do Canal da Barra. A embarcação circularia durante o ano todo com a mesma tarifa do transporte coletivo, podendo ser integrada ao sistema viário. Além de desafogar o trânsito, a nova alternativa de mobilidade urbana ofereceria um passeio agradável aos turistas e serviria também à comunidade ribeirinha.
“Nossas ações nesse momento são para divulgar a existência da via e buscar parceria com município e iniciativa privada para que possamos adequar o Canal e transformá-lo num local mais conhecido e frequentado”, destacou Ernesto São Thiago, relações institucionais da Aquavia Gastronômica.
O primeiro desejo dos empresários poderá ser atendido ainda esse ano. Segundo a secretária municipal de Turismo, Maria Claudia Evangelista, a instalação de placas de indicação da Aquavia Gastronômica será inserida no projeto de sinalização turística da Capital, aprovado e com recursos garantidos no Ministério do Turismo. “Pedimos R$ 10 milhões e conseguimos R$ 1 milhão. Como o valor mudou estamos fazendo alterações no projeto”, confirmou. Ainda não há prazo definido para a liberação dos recursos, mas a expectativa é que sejam liberados antes da temporada 2013/2014.
Estudos para projeto piloto
O pedido do acesso náutico aos bares e restaurantes do Canal da Barra também teve boa recepção no município e para sua execução o prefeito pediu que fosse criada uma comissão de planejamento, composta por representantes das secretarias de Turismo, Obras, Mobilidade e Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). A intenção da prefeitura é trabalhar um projeto piloto de transporte aquático na região.
Segundo a secretária Maria Claudia Evangelista, os estudos de implantação desse modelo de transporte já começaram e a conclusão é estimada para o final de agosto. “Após esse estudo, cada secretaria fará um projeto para sua respectiva área. A de Mobilidade parte para a elaboração da licitação, e a de Obras projeta a reforma dos trapiches, por exemplo. Mas para a conclusão destas etapas ainda não há previsão”, disse.
As sugestões também agradam aos frequentadores dos restaurantes. “Quase ninguém conhece o Canal, os turistas chegam na Lagoa e pensam que o passeio acabou. Isso tudo vai melhorar a imagem do lugar e tornar mais interessante o passeio de quem já costuma vir aqui”, opinou a estudante Ana Maria Dias, que aproveitava com uma amiga a tarde de sol à beira do Canal.
Estudos ambientais em curso
Para tentar reverter a ação judicial movida pela Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), que pede a demolição dos estabelecimentos e a recuperação ambiental da área, os empresários contrataram uma empresa especializada para diagnosticar o impacto ambiental do Canal. O estudo apontará as medidas ambientais já existentes e as que deverão ser adotadas pelos restaurantes e clientes, para que possam permanecer onde estão.
A análise estará pronta em 50 dias e será entregue para avaliação da Floram, que em dezembro de 2012 entrou com nove ações contra restaurantes erguidos em APP (Área de Preservação Permanente) em área de marinha. A Floram pede a demolição dos estabelecimentos para uma recuperação ambiental da área.
Recuperar a imagem do local depois da ameaça de demolição também está entre as metas dos empresários, que confiam na união de forças para prosperar. “Contamos com o apoio da prefeitura, mas se não conseguirmos encontraremos outro caminho. Estamos unidos e confiantes nisso”, reiterou o empresário Alfredo de Oliveira, o chef Fedoca.
(ND, 31/07/2013)
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