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04/06/2013
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04/06/2013

Os prejuízos causados pelo crescimento desenfreado das últimas décadas fazem especialistas do mundo todo estudarem meios mais sustentáveis de desenvolvimento urbano. Florianópolis, uma das capitais do Brasil que mais tem potencial de evoluir na melhoria da qualidade de vida, recebe hoje pesquisadores renomados no seminário Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro.
Estarão em Florianópolis estudiosos dos Estados Unidos, da Finlândia, de Portugal e do Brasil para mostrar como a inovação pode transformar os locais onde as pessoas moram, trabalham e convivem.
As principais temáticas de um meio urbano voltado ao cidadão serão abordadas. Também serão apresentadas experiências em cidades inteligentes e projetos como o Hiriko, um veículo elétrico dobrável desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, nos EUA).
Florianópolis, que triplicou a população em três décadas, precisa se preparar para enfrentar o crescimento que vem por aí. O primeiro passo será a assinatura de um convênio da prefeitura com o Laboratório Internacional Multi-Institucional da UFSC para a troca de informações e aplicação do conceito de cidade inteligente. O evento é aberto ao público e gratuito.
(DC, 04/06/2013)
 
As velhas formas não estão funcionando
O americano Kent Larson, diretor do MIT, referência de pesquisa no mundo, desenvolve tecnologias para tornar as cidades mais habitáveis. Por telefone, Larson explicou ao DC algumas de suas propostas.
Diário Catarinense – Por que devemos nos preocupar com as grandes cidades agora, mesmo quem não vive nelas?
Kent Larson – Quase todo o crescimento da população ocorrerá nas cidades. Quase toda a riqueza será criada nas cidades. É aí que as empresas serão formadas. É onde as pessoas vão encontrar oportunidades. As cidades são o lugar onde uma grande percentagem de água e energia será consumida. Há enormes pressões sobre os sistemas agrícolas por causa do rápido crescimento. Mesmo se você vive nos subúrbios, o que acontece nas cidades terá um impacto sobre você.
DC – O que são veículos de uso compartilhado e como eles integram a equação sustentável?
Larson – Precisamos ter todo um ecossistema de veículos compartilhados que vão desde bicicletas convencionais até veículos elétricos como o CityCar (um veículo empilhável, elétrico, criado pelos pesquisadores do MediaLab). Você também tem ônibus e táxis elétricos. Deve haver uma família inteira de opções integradas neste programa de compartilhamento de veículos.
DC – O senhor aborda o conceito de um pequeno apartamento duas vezes mais funcional. Como é possível fazer isso?
Larson – Estamos trabalhando muito com pequenos apartamentos, com cerca de 80 a 100 metros quadrados. Conseguimos fazer deste imóvel um apartamento de 300 metros quadrados, com uma cama king size, mesa de jantar para oito pessoas, cozinha totalmente equipada e com capacidade para acomodar cerca de 10 pessoas. Desenvolvemos formas eficientes e de baixo custo para transformar radicalmente um espaço muito pequeno. Temos trabalhado em novas interfaces para fazer isso. Você vai ter um objeto pesado, como uma mesa ou cama, e levantá-lo manualmente. Gostaríamos que as pessoas fossem capazes de mover esses grandes objetos pesados em seus apartamentos tão naturalmente como se abre e fecha a porta. Estamos integrando grandes telas em portas de correr, então você não tem que ter uma parede para colocar uma TV de LCD grande. Os grandes itens são a cama, a mesa, o sofá – que se transformam –, e grandes portas que deslizam.
DC – Estas mudanças que o senhor sugere nas cidades podem ocorrer rapidamente?
Larson – Eu acho que isso vai acontecer muito rápido. Há vários prefeitos que já perceberam que as velhas formas não estão funcionando. Eu tenho passado muito tempo na China e na Índia e percebido os avanços. Nós também recebemos a visita de duas delegações da América Latina. Eu não tenho nenhuma dúvida de que a mobilidade compartilhada vai aumentar. O futuro vai chegar e eu não tenho nenhuma dúvida disso.
(DC, 04/06/2013)
 
Podemos escolher, finalmente, nossos lugares
O irlandês Jarmo Suominen é referência mundial em tecnologia e inovação. Em entrevista por telefone, o especialista em estratégias de customização em massa explica o conceito cidade flexível e sua aplicação.
Diário Catarinense – O que é uma cidade flexível?
Jarmo Suominen – Cidade flexível é modular, contém redes e tem bairros quase autossustentáveis. Ela precisa ser sustentável, com atendimento das demandas de formas eficientes. As cidades flexíveis têm três capacidades principais. Primeiro, elas possuem processos robustos para produzir soluções dinâmicas, com capacidade de reutilizar e/ou recombinar seus recursos. Estas cidades também têm soluções localizadas para diferentes necessidades locais, com capacidade de identificar as preferências dos usuários e, finalmente, possuem serviços e interfaces para navegar recursos disponíveis.
DC – O que o senhor considera como uma cidade boa?
Suominen – Cidades com fortes áreas locais e heterogêneas, cidades celulares como Londres, Paris ou mesmo Tóquio. Este é o modelo de aldeias locais interconectadas em conjunto como uma única cidade. Algumas cidades têm se dissociado umas das outras. Parques empresariais estão em isolamento e separados das áreas de habitação e plataformas de serviços. Este tem sido o caminho de muitas cidades grandes, dissociar atividades ao invés de fundi-las.
DC – Quais conceitos de uma cidade flexível podem ser aplicados em Florianópolis?
Suominen – Florianópolis é uma ilha com espaço limitado. Isso é, potencialmente, um exemplo perfeito para desenvolver cidades através de novos serviços e modelos. Isso requer o mapeamento de recursos acessíveis e serviços correntes de fornecedores, o que pode ser feito, por exemplo, nas áreas de trabalho, educação ou saúde. Plataformas locais devem ser desenvolvidas e dirigidas aos centros de mobilidade. O objetivo é aumentar a qualidade de vida em Florianópolis reduzindo todo o tráfego extra da parte continental.
DC – Qual o papel da tecnologia, que é forte aqui em SC, para conseguir obter esses avanços?
Suominen – Graças à tecnologia é que temos liberdade para trabalhar, consumir e aprender independente de tempo e lugar. Tecnologias de comunicação e mídias sociais nos tornam capazes de atender às nossas necessidades. Podemos escolher, finalmente, nossos lugares com base em nossas necessidades.
(DC, 04/06/2013)
 
Em SC as pessoas têm um grau maior de envolvimento
O professor Eduardo Costa, doutor em Eletrônica pela Universidade de Southampton, é diretor-geral da ÁgoraLab, uma organização internacional focada em desenvolver soluções e projetos para cidades inteligentes. Em entrevista por e-mail, Costa fala dos desafios para implantar o conceito de cidade inteligente no Brasil e dos bons exemplos que começaram a despontar no país.
Diário Catarinense – Quais os desafios e potenciais para desenvolver cidades inteligentes no Brasil e em Florianópolis?
Eduardo Costa – O principal desafio é o envolvimento dos prefeitos e dos cidadãos na solução dos problemas. Como ainda estamos no começo desta trajetória, existe muito desconhecimento sobre o assunto. As pessoas ainda estão vivendo na época do fetiche automóvel. Em Florianópolis, a gente teria mais apoio popular para fazer uma pista nova do que para alargar a calçada, digamos, da Rua Bocaiúva. Enquanto isto, as mães têm que descer da calçada com os carrinhos de bebê para passar pelos postes de luz. Os cadeirantes então…
DC – A sua palestra será sobre cidades inteligentes humanas. O que engloba esse conceito?
Costa – Fazer com que a cidade seja transformada em um conjunto de bairros inteligentes onde as pessoas podem morar, trabalhar e se divertir sem sair do bairro. Ligar estes bairros por transporte público de qualidade. E convidar as pessoas para participar das definições prioritárias do governo. Vamos criar a primeira região inteligente do Brasil em torno do Sapiens Parque em Canasvieiras. Depois, alargaremos o conceito para toda a cidade.
DC – SC tem cidades com características geográficas e de colonização muito diferentes. O quanto estes dois pontos influenciam em um projeto de cidade inteligente?
Costa – Alguns pontos são positivos. SC tem uma grande concentração de pequenas empresas e uma indústria criativa muito forte, principalmente no setor de TICs em Florianópolis, Blumenau e Joinville. As pessoas têm um grau maior de envolvimento nas coisas da cidade, principalmente no interior. Isto pode ajudar muito.
DC – As maiores cidades de SC foram desenvolvidas sem um planejamento de crescimento sustentável. Como adaptá-las para esta nova realidade?
Costa – Mudando a cabeça das pessoas com palestras, workshops, conversas, etc., e dos dirigentes públicos também. O assunto é apaixonante. Quem não quer uma cidade melhor para si e para a família? Todos estão vendo o caos na esquina, já há uma propensão a agir e aceitar as mudanças. Estou muito animado com as perspectivas. Já estamos agindo em Florianópolis e mantemos contato com Blumenau e Jaraguá do Sul. Este é o começo de um movimento que tende a se espalhar muito rapidamente.
DC – Existe alguma cidade que seja modelo no Brasil?
Costa – O Rio de Janeiro pulou na frente no assunto porque o seu desenvolvimento mais intensivo começou há poucos anos, depois de um longo período de estagnação. O projeto Porto Maravilha, de recuperação da área degradada do antigo porto, é um exemplo disto. A área tem, inclusive, a metragem recomendada para um bairro inteligente. A mesma área que estamos trabalhando no entorno do Sapiens.

(DC, 04/06/2013)
 
Cidades inteligentes: veja ao vivo pela internet
Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), da Finlândia e de Portugal estarão em Florianópolis, nesta terça-feira, dia 04 de junho, para apresentar como a inovação pode transformar os locais onde as pessoas moram, trabalham e convivem. Eles participam do seminário Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro, que será transmitido em tempo real pela internet.
O Seminário é uma realização da Prefeitura de Florianópolis, do Laboratório Internacional Multi-Institucional – ÁgoraLab e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) de Santa Catarina, por meio da Câmara Empresarial de Tecnologia e Inovação.
De acordo com a ONU, em 2050, a população que vive em cidades irá crescer 86% em países desenvolvidos e 64% em emergentes. Muitas cidades já encontraram soluções para superar os desafios desse crescimento com a adoção de soluções criativas e inovadoras. Algumas dessas experiências serão apresentadas no seminário Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro. Mobilidade urbana, acesso a serviços, qualidade de vida e integração cultural e social estão entre os temas que serão debatidos no evento.
Um dos palestrantes do Seminário é o diretor do grupo de pesquisa Changing Places, do Media Lab. do MIT, Kent Larson. Ele é referência em pesquisas sobre arquitetura, design urbano e sistemas de mobilidade. Entre os projetos desenvolvidos por Larson está o Hiriko, um veículo inteligente que ocupa 1/3 do tamanho de um veículo comum, é elétrico e dobrável. Outro palestrante referência em inovação é o brasileiro Eduardo Moreira da Costa, diretor geral do Ágora Lab, ex-diretor da FINEP e do CNPq.
Confira as palestras do seminário:
– ÁgoraLab e as cidades inteligentes humanas – Prof.Dr. Eduardo Moreira da Costa (Diretor Geral ÁgoraLab)
– Oito fatores para um Cidade Resiliente – Prof.Dr. Kent Larson (Diretor Changing Places, MIT Media Lab, EUA)
– Cidade flexível: o caso de Helsinque – Prof.Dr. Jarmo Suominen (Aalto University, Finlandia)
– Mobilidade sob demanda – Dr. Praveen Subramani (MIT Media Lab, EUA e Universidad Adolfo Ibáñez, Chile)
– Projetos de Cidades Inteligentes na Europa – Prof.Dr. Álvaro Oliveira (Conselheiro do ÁgoraLab)
Serviço
O que: Seminário Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro
Quando: 04 de junho, 14h30
Onde: Auditório Fecomércio, Rua Felipe Schmidt 785 – Centro – Florianópolis – SC
Link para transmissão pela internet: http://tvled.egc.ufsc.br/aovivo/
(PMF, 04/06/2013)

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