Artigo de Luiz Alberto Ferla, CEO da Knowtec, Talk, Techfront, Keepingup e DDBR, morador de Florianópolis (DC, 24/06/2013)
Para entender o poder do ciberativismo que tomou conta do país, levando milhares de pessoas a participar de passeatas e manifestações empunhando em uma mão cartazes de confecção caseira e, na outra, sofisticados celulares, precisamos antes de tudo entender o ambiente onde ele foi gestado.
O Brasil já ocupa a terceira posição em quantidade de usuários ativos na internet (53,9 milhões), atrás apenas dos EUA e do Japão. Mais da metade da população tem computador e 94,2 milhões de brasileiros têm acesso à internet. Em nosso país, um celular é ativado a cada segundo – temos 264 milhões deles, sendo 65 milhões de smartphones e 58,9 milhões de conexões 3G. Não é de admirar que com tamanho alcance a internet seja parte fundamental do fenômeno que hoje toma as ruas do país.
Num primeiro momento, as manifestações foram mobilizadas quase que integralmente pela internet. A partir do dia 13, em virtude dos excessos cometidos pela polícia paulista, o tema ganhou maior destaque na imprensa tradicional.
Diferentemente do que acontecia nas manifestações de duas décadas atrás, no entanto, o discurso pasteurizado da grande imprensa é agora contestado por imagens captadas pelos próprios manifestantes. Veiculado livremente no ambiente democrático da internet, este material oferece um ponto de vista único e pessoal dos acontecimentos.
Mas se é verdade que dialoga com as mídias tradicionais na produção de conteúdo, a internet reina absoluta na organização das passeatas. Precisamos considerar que a rede reorganizou os hábitos de socialização. Quando o interesse comum que sustenta esses novos grupos encontra um ambiente propício, essas relações podem migrar do mundo virtual para o real. E o fazem com a força de um fenômeno que desconhece fronteiras – sejam elas territoriais ou culturais.
Quando o interesse comum que sustenta esses grupos encontra um ambiente propício, essas relações podem migrar do mundo virtual para o real.
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