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A voz das ruas pode mudar o Brasil

Por Carlos Damião (ND, 20/06/2013)

Florianópolis da Novembrada e do Passe Livre de 2004 e 2005 voltou às ruas nesta terça (18), desta vez sem a pauta específica contrária ao aumento de passagens, porque não houve reajuste em 2013, por determinação do prefeito Cesar Souza Júnior. A capital catarinense uniu-se a pelo menos outras 11 capitais, em protestos generalizados, que começaram em razão das tarifas de ônibus e se ampliaram para questões mais abrangentes e complexas, como o combate à corrupção, aos gastos excessivos com a infraestrutura da Copa do Mundo, à mediocridade dos partidos políticos e ao custo de vida. O interessante desses protestos é a espontaneidade como o movimento surgiu, sem líderes, sem partidos ou políticos envolvidos diretamente. Da mesma forma que nos países árabes, os manifestantes comunicaram-se pelas redes sociais, hoje acessíveis a qualquer pessoa. E essa talvez seja a maior revolução proporcionada pelas centenas de milhares de participantes, em qualquer ponto do Brasil: a adesão a questões que extrapolam os interesses particulares ou corporativos. Essa parcela expressiva da população que se integrou aos protestos incorpora o sentimento de mudança, clama por reforma política, cansou de ver a sujeira ser varrida para baixo do tapete. O Brasil vive novos tempos. E os políticos precisam afinar seus discursos e suas práticas com a voz das ruas. Esse é o grande e fundamental ensinamento até aqui.

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