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Mudanças no atendimento em saúde: mais do que na hora

Por Adriana Baldissarelli (ND, 08/05/2013)

Em entrevista recente ao Grupo RIC, o governador Raimundo Colombo garantiu, para a metade deste mês, iniciativas que vão mudar de vez o atendimento em saúde. Monitorado pela Roland Berger, consultoria estratégica que opera em 51 países, a mesma que elaborou o plano diretor da Celesc, o modelo pretende organizar o sistema para os próximos 30 anos. Santa Catarina tem a chance de largar na frente, encarando a crise mais cruel do Brasil. Em 20 anos, o SUS não conseguiu universalizar o atendimento e a saúde privada, embora tenha cartelizado o atendimento de média e alta complexidade, oferece planos de cobertura reduzida e baixa qualidade assistencial aos mais pobres.

Mal das pernas

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor lidera manifesto em defesa do SUS e pela extinção de subsídios públicos para planos e seguros de saúde. Em painel realizado em São Paulo, especialistas denunciaram subfinanciamento da rede pública e a intenção do governo federal de transferir recursos à rede privada para bancar planos mais populares.

– A média mundial de gastos com saúde pública é de 5,5% do PIB, no Brasil, apenas 3,7%

– Para acompanhar, o Brasil teria de investir R$ 210 bilhões/ano, um terço a mais dos atuais R$ 138 bilhões

– O gasto per capita é de US$ 2,7 mil nos países mais ricos. Para chegar perto, União, estados e municípios brasileiros teriam de gastar R$ 910 bilhões/ano. Para acompanhar pelo menos a média dos europeus ou latino-americanos (US$ 1,6 mil), o Brasil teria de quintuplicar os gastos

– O SUS não oferece a qualidade exigida pela nova classe média e o governo estaria planejando financiar a saúde privada para esses consumidores com planos desiguais, mais baratos, mas com cobertura reduzida e baixa qualidade assistencial

– A rede de serviços do SUS, sobretudo de média e alta complexidade, é totalmente privada, comprometendo a capacidade pública de regulação do setor

– A Agência Nacional de Saúde Suplementar é tida como omissa na regulação dos planos de saúde. As principais queixas são de negativa de cobertura, reajuste por faixa etária e anual e descredenciamento de prestadores de serviço

– De 2002 a 2012, os planos de saúde reajustaram quase 40% acima da inflação. Nesse ritmo, em 30 anos, o consumidor passará a comprometer 73% da sua renda para bancar o custo com saúde privada, 10 vezes mais que os atuais 7%.

Na outra ponta

No atendimento hospitalar, apontou dia desses o deputado federal Rogério “Peninha” Mendonça, a tabela do SUS não é reajustada há 15 anos e hoje cobre apenas 25% dos custos de internação. Em SC, para piorar, os 14 hospitais públicos concentrados no Litoral, como apontou o próprio governador, sequer cobram direito os procedimentos. Não é à toa que gastam mais do que todos os outros hospitais do Estado juntos.

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