O prazo para a liberação da Ponte Hercílio Luz foi antecipado para julho de 2014, mesmo sem a conclusão das obras, que ficam apenas para dezembro e vão custar cerca de R$ 160 milhões. Mesmo sem o término de todas as etapas, o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller, destaca que a segurança será garantida.
—O que pode ficar faltando é a retirada da estrutura antiga, já que vamos construir uma nova maneira de sustentação – explica.
A antecipação veio em conjunto com a criação de uma comissão para discutir a reabertura da ponte, anunciada pelo Prefeito Cesar Souza Júnior na última quinta-feira. O grupo será responsável por discutir a reforma viária do entorno da Hercílio Luz. O prefeito deu o prazo de até dois meses para que seja feito o levantamento prévio da readequação do trânsito.
Mesmo antecipadamente, o presidente do Deinfra lembra a importância da criação da comissão para evitar que a liberação no tráfego evite congestionamentos ao redor da ponte, já que as vias ao redor da cabeceira não sustentariam atualmente o fluxo de mais de 20 mil veículos por dia.
Mas os engenheiros e arquitetos do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) e Deinfra vão ter que correr contra o tempo para dar conta do trabalho. O instituto terá que se dividir para fazer o levantamento do entorno da ponte e ainda concluir o projeto de revitalização do Centro.
Mas todo esse processo prático só começará depois de vencida a etapa burocrática. Falta ainda a publicação do decreto municipal para criação da comissão técnica e a primeira reunião do grupo, que será realizada em duas semanas, como adianta o engenheiro do Ipuf, Lírio José Legenani.
Mesmo que se o levantamento inicial estiver pronto até o final de junho, ainda restará o desafio de licitar o projeto executivo e a obra. Ambos sem prazo para serem realizados. Também não há previsão de custos, que serão divididos entre Governo do Estado e Prefeitura de Florianópolis. A origem dos recursos ainda não foi divulgada.
Para evitar possíveis atrasos por alterações pedidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que tombou a ponte como patrimônio, técnicos do órgão federal foram chamados para compor a comissão. Assim, possíveis mudanças nos planos dos engenheiros e arquitetos serão feitas ainda na parte de levantamento preliminar e de projeto.
A composição da comissão
O grupo será formado por representantes das secretarias municipais de Obras, de Transportes, Mobilidade e Terminais, e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU); da Fundação Franklin Cascaes e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF); do Deinfra e da Fundação Catarinense de Cultura, por parte do governo do Estado, e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do governo federal.
Futuro da ponte
Após a liberação da ponte, poderão passar carros, motos e caminhões de até 3,5 metros de altura. De manhã, o sentido será único do Continente para o Centro de Florianópolis, para ajudar a desafogar o trânsito. Já à tarde, será invertido.
Mas no domingo não haverá trafego no local. Toda a estrutura será fechada para a passagem de pedestres e ciclistas, como forma de entretenimento e de apropriação da população para o espaço público.
No início do projeto, foi cogitada a hipótese de liberar o uso da Hercílio Luz apenas para pedestres e ciclistas. Mas as condições atuais de trânsito fizeram com que a medida fosse suspensa.
Histórico
1982 – Laudo de um instituto de pesquisa de São Paulo constata corrosão nos cabos de sustentação da ponte
1987 – Departamento de engenharia da UFSC negociam elaborar um estudo de recuperação
1988 – Secretaria de Obras e Transportes do Governo Pedro Ivo Campos reabre a ponte para tráfego de pedestre, bicicletas, motos e carroças
1991 – A ponte é interditada por técnicos da UFSC
1992 – É feito o tombamento como Patrimônio Histórico do município
1994 – Técnicos de uma empresa americana coletam materiais que serviriam de base para o projeto de reforma.
1996 – Governador Paulo Afonso Vieira assina decreto de tombamento como Patrimônio Histórico Estadual.
1998 – A ponte é considerada Patrimônio Histórico Nacional.
2004 – Projeto de recuperação é elaborado pelo Dnit.
2005 – Governador Luiz Henrique da Silveira assina edital de concorrência pública.
2009 – Consórcio vencedor muda a técnica de recuperação.
2010 – Começa a recuperação com dois anos de atraso. Previsão inicial era terminar as obras em 2012.
2011 – Começa o estaqueamento, mas é paralisado pela morte de um mergulhador.
2012 – Ministério da Cultura aprova captação de R$ 150 milhões pela Lei Rouanet.
Cronograma das obras em 2013
1º – Tubos de metal serão colocados entre as estacas para evitar a movimentação. Há quatro estacas em cada bloco. São ao todo quatro blocos.
2º – Sobre as estacas centrais será construída uma estrutura em forma de V.
3º – Em seguida, será construída uma estrutura de aço sobre as bases.
4º – Todas as estruturas de aço ficarão próximas da ponte e unidas por uma sustentação provisória.
5º -O peso da ponte será transferido para a estrutura de sustentação e poderá começar o restauro.
6º – Cabos de aço serão presos ao solo e amarrados nas torres principais, para fixá-las.
7º – Começa a restauração.
(DC, 26/04/2013)