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Maratona Cultural: Festival do barulho e de espetáculos gratuitos

A 3a Maratona Cultural de Florianópolis nem havia ultrapassado a linha de chegada, ontem, e já superava as edições anteriores na geração de barulho. Não se trata do silêncio moralmente imposto ao Centro da cidade e quebrado pela orquestra de baterias (ao menos 30) regida por uma banda de metal em frente à Catedral e a volta do samba ao Bar do Noel. A etapa mais ruidosa do evento, que quer se firmar como a principal data do calendário de aniversário da Capital, amplificou debates antes, durante e ecoará depois.

Avessa à gritaria nos bastidores, a cidade respondeu à blitze de espetáculos gratuitos – quase 240 – e ainda no sábado, segundo dia, a organização já contava com superação do recorde de 120 mil participantes da Maratona do ano passado. Na mesma noite, no show performático e incendiário da cantora Karina Buhr, na Lagoa da Conceição, a pernambucana brindou o repertório com uma pérola que soou fina ironia: a canção Ciranda Incentivo. Diz que “eu vou fazer uma ciranda/pra botar o disco/na Lei de Incentivo à Cultura”. O requinte está no refrão: “boia no mar e é de graça/de graça”.

Pois foi justamente na questão do benefício (R$ 900 mil) concedido pelo governo do Estado, por meio do Funcultural – além da contrapartida da prefeitura e da organização, totalizando R$ 1,5 milhão –, à Maratona deste ano que se criou uma celeuma com diversos grupos artísticos, principalmente no cerne do teatro, um dos pilares do projeto. Na verdade, um ato contínuo ao veto imposto ao local de exibição do espetáculo Kassandra, que acabou por se retirar da programação. Com ele, outros seis grupos, segundo a organização (oito pelas contas da Federação Catarinense de Teatro), e oito espetáculos abandonaram a grade – e todos foram substituídos. Os protestos veementes pelas redes sociais e a curiosa iniciativa dos “coelhos de troia” espalhados pela cidade pouco impactaram na disposição do público, mais disposto a aproveitar a boia lançada ao mar.

Estreante na Maratona, o Teatro Ademir Rosa, no Centro Integrado de Cultura (CIC) lotou nas duas noites – a primeira com a Camerata de Florianópolis e a segunda com a montagem A Vida Como Ela É, de Nelson Rodrigues, do grupo Teatro Sim, Por Que Não?! No Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), as filas davam volta no prédio e, a cada espetáculo, os ingressos esgotavam-se em menos de meia hora. Situação parecida no Teatro da Ubro, nas imediações do TAC, e na Casa das Máquinas, na Lagoa.

O Museu Cruz e Sousa, no Centro, recebeu exposições, recitais e um público jamais visto em um mês: mais de 600 pessoas entre a manhã e o início da tarde de sábado. A Fundação Badesc abriu uma janela para a exibição de filmes de arte e contabilizou casa cheia durante todo o período. O desativado Terminal Urbano recebeu um palco por onde passaram bandas de rock – e foi o único ponto em local aberto onde o público foi submetido à revista. No continente, Dazaranha tocou no Parque de Coqueiros.

(DC, 25/03/2013)

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