O último ataque a ônibus urbano na Grande Florianópolis aconteceu há oito dias, na Vila Aparecida, área continental da Capital. Apesar da aparente tranquilidade, não há previsão para que o transporte público volte a circular normalmente pela região metropolitana. Prefeitura de Florianópolis e Polícia Militar admitem que a manutenção das escoltas e a redução das linhas “mais críticas” são imposições unilaterais do Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano), que ameaça com paralisação total do sistema.
O prefeito da Capital, Cesar Souza Júnior, ainda aposta do diálogo com o Sintraturb, mas estuda medidas mais duras contra o Sindicato, se a exigência de escoltas for mantida por mais um ou dois dias sem atentados. Para o prefeito, houve conquistas nesse tempo, como a ampliação do horário parcial de atendimento das 19h para as 20h, anunciada ontem pela Secretaria Municipal de Transportes. “Estamos dialogando, ainda não vamos endurecer. Por parte da prefeitura, certamente as escoltas já teriam sido suspensas, não tivemos mais ataques na cidade nos últimos dias”, enfatizou. Cesar não pretende multar as empresas de transporte coletivo por causa da redução nas linhas.
A Polícia Militar afirma que as escoltas beneficiam a população, que ficaria sem ônibus caso sejam suspensas. “Cada dia que passa temos a chance de reduzir o efetivo. A intenção não é retirar todo o acompanhamento da PM de vez, mas de forma gradativa, priorizando linhas mais críticas”, explica a tenente-coronel Claudete Lehmkuhl.
Usuário vai pagar a conta
Um dos representantes do Sintraturb, Antônio Carlos Martins, reiterou que a entidade “não se posiciona sobre o assunto” e que “não há nada a declarar”. As duas respostas foram dadas quando ele foi questionado sobre a exigência de escolta feita pela Polícia Militar para que os ônibus circulem pela Capital e cidades vizinhas.
O presidente do Setuf (Sindicato das Empresas do Transporte Urbano de Florianópolis), Waldir Gomes da Silva, confirmou que as escoltas precisam ser mantidas para garantir segurança. “Estamos avaliando todos os dias a situação, e vamos respeitar a decisão da Polícia Militar enquanto eles julgarem necessária a manutenção do acompanhamento policial em determinados horários”, esclareceu o empresário.
Durante 19 dias de redução no transporte coletivo, o Setuf calcula uma redução que chega a 26% no número de passageiros transportados diariamente. Ou seja, dos 176 mil usuários diários do transporte durante o período normal, hoje apenas 130 mil são atendidos. O reflexo dessa redução, segundo o Setuf, aparecerá na tarifa que será reajustada em maio. “Certamente a conta dos atentados estará presente no próximo aumento”, disse.
(Por Gabriel Rocha ND, 20/02/2013)
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