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Falta táxi e boa educação em Florianópolis

Com a redução dos horários do transporte coletivo em Florianópolis, devido aos atentados ocorridos no Estado, muitas pessoas tiveram que optar pelo táxi para se deslocar nas últimas semanas. Esta situação e a agressão de um taxista a um frentista na última segunda-feira retomaram a discussão sobre a qualidade do serviço e o atendimento aos usuários de táxi na Capital.

Quando a população é questionada sobre a qualidade do atendimento e serviço na região, a opinião é praticamente unânime: o trato com os passageiros é ruim, muitos taxistas correm apressados, por vezes desrespeitando a lei de trânsito, entre outros aspectos que precisam ser melhorados. A cidade tem 470 táxis autorizados a circular pela cidade, número que parece insuficiente, principalmente nos fins de semana, feriados e temporada, quando o número de turistas aumenta na Capital.

As amigas e pedagogas Margareth Neves, 30 e Tatiana Nunes, 31, vieram do Rio de Janeiro para passar o Carnaval na Ilha e usaram táxi na maioria dos seus trajetos. Na última quarta-feira, para chegar até a rodoviária, elas esperaram quase uma hora por um táxi em Canasvieiras. Além da demora, Margareth relatou que não conseguia informações com os taxistas e no dia anterior pegou um táxi em que o motorista estava visivelmente embriagado.

“Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi ir até o ponto de táxi perguntar se alguém sabia onde ficava avenida das nações, em Canasvieiras. A maioria me deu as costas. Aqui eles não se esforçam para dar informações e auxiliar o turista”, reclamou.

Taxistas impacientes, passageiros descontentes

As críticas de quem pega táxi todos os dias na Capital não são diferentes. A analista de contas Valquíria Gonçalves usa o serviço diariamente por causa do trabalho e diz que há exceções, mas percebe muitos taxistas desgastados por trabalharem por até 24 horas e como consequência ficam impacientes com o passageiro. Em outros casos ela observa que eles escolhem se vão ou não fazer a viagem dependendo do local, distância e passageiro. “Se for uma senhora cheia de sacolas que precisa ir até um morro em uma viagem de cinco minutos, por exemplo, eles não querem levar porque não rende. Vi isso acontecer várias vezes”, relatou.

Outro problema apontado por Valquíria é o celular ao volante. “Usamos o táxi justamente porque o transporte coletivo não é bom, nem suficiente, mas os taxistas, apesar das exceções, também não têm servido como deveriam”, opinou. O psicólogo Marcelo Razera, 26, que mora em Florianópolis, também desaprova o serviço: “É péssimo, a maneira como dirigem, a indisciplina no trânsito, a agressividade. Eles deviam ser mais bem orientados em como lidar com as pessoas”, aponta.

Fiscalização não tem controle

A Secretaria de Transportes de Florianópolis não tem um controle atual sobre o número total de motoristas de táxi na cidade, porque além dos permissionários há os substitutos. Apesar disso, estima-se cerca de 1.000 os profissionais que dirigem um táxi. Segundo André Luiz Curcio, diretor de fiscalização da pasta, não há um levantamento sobre quantas reclamações são recebidas na Ouvidoria diariamente, ele também não soube informar quantas foram registradas ano passado. Há menos de um mês no cargo, o diretor explicou que todo processo é concentrado no sindicato, que é quem encaminha para cadastro na prefeitura.

O vice-presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, João Lídio Costa, diz que os passageiros que forem mal atendidos devem denunciar, pois é a única maneira de solucionar o problema. “Não admitimos taxista sem paciência. Mesmo que trabalhe um dia inteiro ele deve fazer seu intervalo e estar preparado para encarar o dia de trabalho. A denúncia nos dá subsídio para tomar atitudes e melhorar”, disse.

Cursos de reciclagem serão mais frequentes

As constantes reclamações e a agressão desta semana motivaram o diretor de fiscalização da Secretaria de Transportes a mudar a estrutura de fiscalização, centralizar todas as operações na secretaria e promover “uma reciclagem geral”, como ele mesmo define, para todos os que trabalham com táxis. A intenção de André Luiz Curcio é fazer um plano de cursos periódicos e não apenas o curso de formação de 60 horas, realizado uma vez por ano, e obrigatório apenas para os novos taxistas.

No início deste mês os taxistas concluíram o curso de 60 horas que aborda relações humanas, direção defensiva, primeiros socorros e mecânica básica, mas o vice-presidente do sindicato acredita não ser suficiente: “Estamos conversando sobre estas mudanças desde o ano passado. Batalhamos para que estes cursos sejam mais frequentes, é interesse da categoria”.

Ainda não há uma data definida para estas mudanças, mas o diretor de fiscalização garantiu que está organizando os documentos e pretende colocar os projetos em prática ainda neste primeiro semestre. “Caso a situação ou reclamação seja reincidente além de advertência a secretaria pode abrir um processo administrativo e se o motorista for flagrado em situação irregular pode ser multado em no mínimo R$ 60”, afirmou o diretor.

Como denunciar

Para fazer denúncias ou reclamações o cidadão pode ligar na Ouvidoria da Secretaria de Transportes (48) 3251-6400 ou no sindicato (48) 3223-2635. É importante anotar a identificação lateral do táxi, dia e hora do ocorrido e não somente a placa, para que se possa identificar o motorista.

(Por Gabriel Rocha ND, 17/02/2013)

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