Overbooking em voos fretados no final de semana revela procura maior dos turistas do continente por pacotes turísticos
O sotaque portunhol, o gosto pelo choripán (pão com linguiça), pelo mate na areia e pelas praias de SC voltaram a ganhar protagonismo. Apesar da crise no país vizinho e da restrição para a compra de dólares, o número de voos charter (fretados) e da passagem diária de carros pela fronteira revelam que esta temporada deverá repetir o sucesso da anterior.
De acordo com a Polícia Federal de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste, desde o dia 2, cerca de mil argentinos passaram diariamente pela fronteira. Neste último final de semana, os voos charter com turistas da América do Sul chegaram a registrar overbooking (quando são vendidas mais passagens do que o limite das aeronaves), segundo o presidente da Santur, Valdir Walendowsky.
– Soube que 20% dos assentos dos voos que chegaram neste final de semana tiveram overbooking. Isso deve ter ocorrido porque o pessoal do turismo, achando que não iria vender tanto por causa da crise argentina, vendeu mais acreditando que teria desistência depois. O que não ocorreu – analisa Walendowsky.
A previsão de 500 voos charter até a Páscoa e a chegada de mil veículos diariamente pela fronteira são bons indicadores para esta temporada, segundo o presidente da Santur, porque estes números mantêm a média da temporada passada.
Este último final de semana foi o primeiro da temporada dos turistas latinos no Estado. Segundo Walendowsky e o cônsul da Argentina em SC, Emilio Neffa, os argentinos tradicionalmente deixam para vir para o Estado após as festas de virada de ano.
– É normal que o argentino venha após o Réveillon, porque ele gosta de passar esta data com toda a família, na Argentina. Acredito que SC terá uma boa temporada com a chegada de argentinos – opina Neffa.
A turista de Buenos Aires Valéria Magistral chegou ao Estado em uma excursão com mais de 50 argentinos e diz que há mais excursões como a dela saindo do país vizinho.
– A princípio, todo mundo se conteve com medo de dar um furo no orçamento. Mas tem muita gente disposta a vir, se divertir, curtir a natureza e as festas – conta.
A gerente de um hotel de Canasvieiras, Gabriela Daux, notou que a maioria dos argentinos está chegando por meio de empresas de turismo em pacotes fechados, o que é confirmado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) em SC.
(DC, 07/01/2013)
Cartão de crédito no lugar do dólar
Na fronteira, segundo funcionários da Polícia Federal, a maioria dos hermanos entra no país com veículos pequenos. Muitos dos que chegam de carro ficam em pousadas ou alugam residências pela internet.
Quem chega de voo charter fica, obrigatoriamente, nos hotéis, porque compram pacotes fechados.
– Com os pacotes, os turistas chegam com tudo reservado: hotéis, alimentação e passeios. Nossa expectativa é de que a quantidade de argentinos este ano supere entre 8% e 12% o ano passado – projeta o presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), João Moritz.
O jornal argentino El Clarín publicou, na quarta-feira da semana passada, uma reportagem que previa a “invasão” dos hermanos em Florianópolis. Na matéria, os leitores são orientados a se precaver com os cartões de crédito, que serão “tão essenciais quanto separar o biquíni e a sunga, protetor solar e guarda-sol”, tudo por conta da dificuldade de comprar dólares no mercado oficial.
– Eles normalmente trocam o peso argentino por dólar para vir para cá. Com a crise, o governo está restringindo esta compra – explica o economista Ivanir Schroeder.
Família com quatro prevê gastar R$ 660 por dia
A reportagem do El Clarín informa que o cartão é mais seguro para o argentino, mesmo com a sobretaxa de 15% imposta pelo governo para todas as compras feitas no exterior.
Segundo uma pesquisa do El Clarín, dois adultos e duas crianças vão gastar, em média, 1.600 pesos por dia (cerca de R$ 660 ou US$ 81 por pessoa). Um gasto que, se comprovado, superaria a média de US$ 52 por dia do argentino registrada até o ano passado.
– O ideal é que o argentino gastasse entre US$ 80 e US$ 100. Uma forma de conseguirmos isto é se a rede hoteleira fizer mais parcerias com empresas que oferecem pacotes de shows, turismo de aventura, passeios de barco, entre outros – opina o presidente da Santur, Valdir Walendowsky.
(DC, 07/01/2013)
Olhar da fronteira
Amovimentação dos argentinos na fronteira (de SC com a Argentina, em Dionísio Cerqueira) começou em dezembro.
Mas nada se compara com o movimento dos últimos dias, principalmente no domingo, quando 70% dos turistas que passaram pela fronteira vieram da Argentina.
A maioria (dos turistas) passa em carros de passeio de cidade como Posadas (a 468 quilômetros de Dionísio Cerqueira); já os ônibus são de Buenos Aires (1,5 mil quilômetros da cidade na fronteira de Santa Catarina).
(DC, 07/01/2013)
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