Após a confirmação de que não haverá desfile, representantes das escolas de samba e prefeitura decidiram formar uma comissão para começar a planejar a festa do ano que vem. A ideia é transferir a organização para a Liga, que buscará patrocínio privado
Com o cancelamento dos desfiles na Nego Quirido, o presidente da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf), Zeca Machado, busca inspiração no modelo de gestão do Rio de Janeiro. Em conversa com o prefeito Cesar Souza Júnior, ele garante que os dois teriam tratado da transferência da organização do Carnaval do município para a entidade. Está sendo formada uma comissão com membros do governo, carnavalescos e Ministério Público. A transferência deve ocorrer até o final do primeiro semestre.
Isso permitiria que a Liga buscasse parcerias privadas. Machado diz que três empresas já teriam manifestado interesse. Porém, ainda seria preciso a participação do município.
– Com a Liga tomando a frente, vamos conseguir qualificar os desfiles. Para a gente, o Carnaval acontece durante o ano todo. Para a prefeitura, vem depois do Natal e do Ano-Novo.
A ideia é seguir o exemplo do Rio, onde a Liga Independente das Escolas está à frente dos desfiles e o investimento público é 10% do orçamento.Além da arrecadação com o direito à transmissão de TV, 53% da bilheteria e o repasse do governo, as escolas saem a campo em busca de patrocinadores. De acordo com a assessoria de imprensa da Liesa, o retorno financeiro do patrocínio costuma chegar, pelo menos, ao dobro do valor investido.
Prefeito diz que verba pública será reduzida
Segundo o prefeito, o modelo da autogestão depende de análise burocrática. Ele explica que a comissão está sendo criada para que se tenha um acompanhamento legal da transição. Quanto aos investimentos públicos que serão destinados aos desfiles no ano que vem, ele é taxativo:
– Essa transferência de responsabilidade significa também que a participação financeira da prefeitura vai diminuir. Não podemos quantificar ainda, mas queremos tornar o município muito mais um agente animador do que patrocinador da festa.
(DC, 17/01/2013)
Comércio afirma que terá perdas
A região central da cidade – e o setor de comércio e serviços que atuam no entorno – será a mais afetada com a ausência do desfile deste ano na Capital. Na área de alimentação, o impacto pode chegar a 50%, conforme o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis.
– Qualquer diminuição no movimento significa perdas consideráveis no setor. O desfile já é um evento tradicional na cidade e os comerciantes contam com ele – diz o presidente da entidade, Tarcísio Schmitt.
Já o diretor executivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), Marcos Arzua, prevê impacto também no comércio e nos serviços que atuam nas proximidades da passarela, como táxis, vigilantes e garçons.
A rede hoteleira, por sua vez, será a menos afetada, em razão do feriadão de Carnaval que costuma atrair turistas de forma independente.
Segundo Arzua, é difícil dimensionar o tamanho que terá este impacto, mas a pesquisa anual que a Fecomércio costuma realizar deve focar exclusivamente neste quesito em 2013.
– Queremos saber a percepção que o turista e que o comerciante terão em relação a isso: o quanto foi relevante, se frustrou, se o fará voltar. Com esses dados em mãos, poderemos ter uma ideia do quanto o desfile movimenta no comércio e também no turismo da cidade.
Por sua vez, o presidente da Santur (entidade de turismo do Estado), Valdir Walendowsky, adianta que o turismo não sofrerá um grande impacto pela falta do desfile. Para ele, será o setor menos atingido de todos.
(DC, 17/01/2013)
“O maior prejuízo é o sentimento. Estamos de luto”
Zeca Machado/Presidente da Liga das Escolas de Samba
Presidente da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf), Zeca Machado, diz que o Carnaval de 2013 ficou para trás e agora é hora pensar a festa do próximo ano
Diário Catarinense – Sem desfile, como as escolas vão comemorar o Carnaval?
Zeca Machado – Cada escola vai decidir se haverá comemoração e como será feita. Ainda não temos nada definido. E a partir da semana que vem, pulamos 2013 para começar as reuniões sobre 2014.
DC – O quanto do Carnaval já estava pronto?
Machado – Cada escola já tinha investido cerca de R$ 500 mil em fantasias e alegorias prontas. Para tentar minimizar o prejuízo, eu assinei uma portaria permitindo que todo o material seja usado no Carnaval de 2014. Mas o maior prejuízo é o do sentimento. Estamos todos em luto.
DC – O que esperar de 2014?
Machado – Às vezes precisamos passar por uma tempestade para que as coisas mudem e entrem nos eixos. É isso o que está acontecendo agora. O primeiro passo é garantir que o Carnaval venha para as nossas mãos, depois lutar pela criação da Cidade do Samba e ampliação da passarela. Hoje a ocupação é de 11 mil lugares, enquanto que para se ter um evento mais rentável vislumbramos, ao menos, 25 mil lugares.
(DC, 17/01/2013)
“É difícil encontrar alguém que viaje só para ver o desfile”
Valdir Walendowski/Presidente da Santur
O presidente da Santur, Valdir Walendowski defende uma maior exploração turítica do Carnaval de Florianópolis, principalmente da festa das escolas de samba na passarela
DC – Qual o impacto da ausência do desfile para o turismo?
Valdir Walendowsky – Se falarmos da questão do turismo profissional, o impacto será pequeno. O Carnaval de Florianópolis, hoje, está focado apenas na questão cultural, não tanto no turismo. É difícil encontrar alguém que viaje só para ver o desfile, ou a festa na cidade. As pessoas vêm por causa do feriadão, das belezas naturais e da fama de Florianópolis. Não temos aqui o que existe no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde, por exemplo, há venda de pacotes junto a operadoras turísticas.
DC – E por que nunca se colocou isso em prática aqui?
Walendowsky – Sempre houve intenção, mas ninguém assumiu isso. Já faz mais de 10 anos que sentamos com a Liga das Escolas de Samba para tratar sobre esse assunto e até hoje ninguém deu o primeiro passo. É claro que, aqui, temos grandes chances de seguirmos o mesmo exemplo do Rio e de São Paulo, de criar pacotes turísticos para a festa. Há público para isso, até mais do que imaginamos. Mas é preciso planejamento e organização que começam um ano antes. Nos carnavais cariocas e paulistas, os pacotes para a festa do ano seguinte já começam a ser vendidos logo ao fim do evento do ano anterior. Estamos muito atrasados no quesito do Carnaval voltado para o turismo.
DC – O que é preciso para tirar essa ideia do papel?
Walendowsky – Profissionalização. É preciso ter um cronogama de ações, um comprometimento das escolas de samba, um trabalho antecipado em pelo menos um ano. No Rio de Janeiro, há programação carnavalesca exclusiva para turistas, de visita aos barracões, de eventos, de ensaios. E as escolas conseguem se manter autosustentáveis com isso. Com oferta, sempre tem procura. É este o caminho. E é possível fazer aqui também.
(DC, 17/01/2013)
Carnaval nos municípios da região segue indefinido
Enquanto o Carnaval na Capital não terá desfile das escolas de samba, os municípios da região começam a organizar a folia. Os tradicionais bailes de rua e desfiles de bloco farão a alegria de moradores e visitantes que vêem em busca de alegria e diversão em um dos períodos mais movimentados para o turismo da região.
Em Biguaçu, a prefeitura ainda não fechou o calendário do evento, mas já confirmou os bailes públicos, escolha da rainha e desfile de blocos, entre os dias 8 e 12 de fevereiro, na Av. Marcondes de Mattos, no centro da cidade. Para os moradores de Palhoça a única previsão de evento no carnaval na cidade ficará por conta da iniciativa privada, já que a prefeitura informou que devido a questões financeiras e a falta de informações por parte da administração anterior não tem previsão de organizar algum evento para o período.
A prefeitura de São José, através da Fundação Municipal de Cultura e Turismo, vem conversando com a Liga dos Blocos para buscar alternativas para realização do desfile na cidade, porém nada ainda foi definido em função da falta de informações com relação à real situação da prefeitura, já que o balancete referente ao ano de 2012 ainda não foi fechado, impedindo que o orçamento para este ano seja utilizado. Segundo informações da fundação, algumas alternativas estão sendo estudadas para preservar a realização do evento e, em conjunto com a liga, serão apresentadas a prefeita, Adeliana dal Pont.
(ND, 17/01/2013)
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