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Fim da obra na BR-101 só em 2017, aponta estudo da Fiesc

Raio X contratado pela Federação das Indústrias diverge de informações do Dnit e projeta gargalos por mais quatro anos

A demora para conseguir as licenças ambientais para o túnel do Morro dos Cavalos, na BR-101, terá reflexo direto no tempo para a conclusão da BR-101 Sul, que deve ocorrer em 2017. Essa é a principal constatação do quinto relatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), apresentado, ontem, na sede da entidade.

O engenheiro responsável pelo estudo, Ricardo Saporiti, observou que se a licença sair até o começo de 2013, mesmo assim, o Dnit precisará elaborar o projeto executivo – com os cálculos estruturais – licitar a obra, contratar e assinar a ordem de serviço, para só depois construir. Por isso, a previsão de 2017. Segundo o especialistas, só a execução levaria três anos, pois além dos túneis duplos, a transposição do morro precisará de viadutos.

De acordo com Saporiti, a demora para iniciar a obra é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e não do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama). Ele lembra que foi dada entrada no pedido de autorização no órgão ambiental só em fevereiro de 2011, e a audiência pública foi em maio do mesmo ano.

Atraso se reflete em prejuízos

A morosidade foi tanta que o Ibama pediu complementações que só foram entregues mais de um ano depois. Em agosto, o governo chegou a anunciar para dezembro a licitação do túnel duplo em Palhoça, mas o Ibama afirma que não poderia definir um prazo para conceder a licença, pois a documentação está em análise.

O presidente da Fiesc, Glauco Côrte, afirma que o atraso, que deveria estar pronta em 2008, resultou em prejuízos para o Sul do Estado. Um estudo elaborado pela Universidade do Sul do Estado (Unisul), que quantifica as perdas, será apresentado na primeira quinzena de dezembro na federação.

– Percebemos que o Norte do Estado – primeiro trecho duplicado da BR-101 – cresceu muito mais do que o Sul e isso é influenciado pelo atraso – aponta Côrte.

Sobre as obras da primeira fase – os trechos entre Itapirubá/Capivari e Araranguá/Sombrio – , Saporiti não confia que seja concluído em julho de 2013, como aponta a última previsão do Dnit.

– Essa quinta avaliação teve até uma surpresa agradável, a obra neste ano teve um desenvolvimento significativo, mas acho difícil terminarem na metade de 2013. Existem duas pontes do contorno de Araranguá que acabaram de ser iniciadas – observa.

Pelo relatório do Dnit de outubro, 92% dos 238,5 quilômetros da rodovia estavam duplicados. A análise da Fiesc aponta que falta ainda 11% da extensão e, como ficaram as grandes obras para serem terminadas, o investimento necessário seria de 67% do que foi aplicado até agora (R$ 1,8 bilhão).

A Fiesc questiona a falta de restauração de pontes, como a do Rio Capivari, prevista na primeira fase do contrato. O Dnit preferiu não se pronunciar e alegou não ter recebido o relatório. Além disso, desde o ano passado não divulga estimativas para encerrar a obra.

(DC, 01/12/2012)

BR-101, a estrada do calote

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 01/12/2012)

O quinto relatório de inspeção das obras da BR-101 Sul constata que este ano houve avanços na execução. Mas, em relação aos prazos, o embuste continua. Na penúltima análise, o estudo do engenheiro Ricardo Saporiti indicava que a conclusão poderia acontecer em 2016. Agora, ficou para o primeiro semestre de 2017. E olhe lá! Fica tudo dependendo de novas licitações e contratações, especialmente, da transposição do Morro dos Cavalos, que compreende túneis e viadutos.

Quer dizer: um trecho mínimo, que poderia ser alargado, sem prejudicar um único índio e sem maiores danos ambientais, acaba retardando e congestionando a principal via de escoamento da produção e de transporte de passageiros no Sul do Brasil.

Muito mais grave: a transposição do Morro dos Cavalos não sairá por menos de R$ 500 milhões. Por baixo, daria para construir uns 10 hospitais de boa qualidade para atender milhares de pessoas. O alargamento do estudo original não se executou por veto do Ministério Público Federal, sob alegação de proteger uma comunidade indígena nas proximidades. A quarta pista que o Dnit vai construir custará cerca de R$ 10 milhões. País rico…

Cinco anos, é a previsão do relatório, se não surgirem recursos judiciais, se não faltarem verbas e se as licenças ambientais forem liberadas. Atraso? O projeto da transposição foi contratado em 2008.

A campanha presidencial de 2002 teve uma tônica: a promessa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que inauguraria a duplicação da BR-101 Sul no final de seu mandato. A disputa de 2006 teve a mesma marca: Lula garantiu que entregaria a obra até 2010. Nada.

Dilma Rousseff repetiu a promessa. Não vai cumpri-la! E salve a representação política de Santa Catarina.

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