Proposta da Ópera Quatro Arquitetura para prédio da FATMA e da FAPESC ganhou concurso realizado pelo IAB-SC e apoio pela AsBEA-SC
O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SC) e Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SC) anunciaram nesta terça-feira (4/12), em Florianópolis, os vencedores do concurso para a Sede da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), prédio vocacionado para ser um “showroom” de sustentabilidade. A proposta vencedora foi a apresentada pela Ópera Quatro Arquitetura, de São Paulo, e se destacou pela valorização do pedestre, pela orientação solar – que minimiza a incidência direta do sol da tarde, contribuindo assim com a redução do uso de ar-condicionado e consequente economia de energia – e por privilegiar a vista a partir do terreno, no ParqTec Alfa, na rodovia SC-401.
Em segundo lugar ficou o projeto do escritório Biselli + Katchborian, de São Paulo. Seu sócio, Mario Biselli, é um veterano no pódium dos concursos de arquitetura. Venceu o Concurso para o Centro Judiciário de Curitiba, o Concurso para o Novo Teatro de Natal, o Concurso para a sede da Fapergs em Porto Alegre e, em Florianópolis, o Concurso para o Novo Terminal de Passageiros do Aeroporto Hercílio Luz, em 2004, entre outros prêmios. Para o prédio da Fatma e Fapesc, Mario Biselli propôs uma edificação que concilie o diálogo entre a geografia do terreno, a obra e os percursos públicos no entorno.
O projeto classificado em terceiro lugar é de Florianópolis e tem autoria de Marcos Alexandre Jobim e co-autoria dos arquitetos Leandro Rotolo Soares e Silvana Carlevaro Fedele. Desenvolvido para atingir a máxima eficiência nos quesitos estrutura, funcionalidade e integração ambiental, ele foi apresentado pela equipe como “um somatório de soluções que configuram um conjunto arquitetônico coeso, relacionado entre suas partes e com a cidade”. Os três projetos, agraciados com uma premiação de R$ 75 mil, R$ 15 mil e R$ 5 mil, conforme sua classificação, foram selecionados por um júri formado por sete arquitetos, com diferentes especialidades, que analisaram durante três dias 68 trabalhos provenientes de 11 estados brasileiros.
Em defesa dos concursos arquitetônicos de prédios públicos
Para o presidente do IAB-SC, arquiteto Rael Belli, a lisura e a transparência com que este processo foi conduzido é um passo adiante para que mais obras, em especial de prédios públicos, sejam definidas através de Concursos de Arquitetura. “A grande repercussão deste Concurso, que atraiu inicialmente 300 inscritos pela internet, reforça o mérito e o caráter democrático de um processo assim. Ao contrário de uma licitação tradicional, através de um concurso é possível focar a competência do projeto e não apenas seu custo, e garantir que o beneficiário da obra terá efetivamente as suas necessidades atendidas”, avalia Belli.
Opinião semelhante tem o presidente da AsBEA-SC, Ricardo Fonseca, que deseja que essa iniciativa em nível nacional para a construção de um prédio de órgãos estaduais catarinenses seja replicada pelo Brasil. “É importante que os governantes vejam o concurso da Fatma e Fapesc como exemplo para que realizem outros processos iguais em busca não do menor preço, mas sim do melhor projeto”, destaca.
SAIBA MAIS: O vencedor do Concurso de Arquitetura para a Sede da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), conforme anunciado nesta terça-feira no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, receberá R$ 842 mil em honorários para a elaboração dos Projetos Executivos Complementares, incluindo projeto estrutural, de instalações elétricas, hidro-sanitário, de telefonia, TV, som, lógica e CFTV, de paisagismo, de luminotecnia, preventivo contra incêndio e de conforto térmico, sendo que o prédio poderá ter até seis andares e 9.600m².
Lançado oficialmente em agosto de 2012, o Edital do Concurso se baseou no protocolo de inovação Cradle to Cradle, que vem revolucionando os parâmetros da construção civil, aproximando um setor que historicamente sempre esteve ligado à degradação ambiental de uma nova atitude, de regeneração do espaço urbano. “Não é mais admissível que uma obra traga prejuízos ao seu entorno nem que se vanglorie por impactar menos o ambiente. Cada vez mais elas deverão trazer uma “pegada” benéfica para as pessoas e o meio ambiente, gerar mais mobilidade, mais ar e águas limpos, mais micro-climas agradáveis, áreas de trabalho mais produtivas, e assim por diante”, exemplifica o consultor do Concurso, arquiteto Alexandre Fernandes.
Para orientar o trabalho dos profissionais inscritos, a fim de que valorizassem os critérios de sustentabilidade, o Concurso estabeleceu como princípios de projeto a Mobilidade (interna, em relação ao local da obra e à cidade como um todo); a Eficiência Energética e as Estratégias Bioclimáticas (otimização da qualidade da luz, ventilação, umidade, acústica); a Gestão da Água (com economia no consumo e redução de efluentes); a Paisagem e o Contexto Urbano (integração com o entorno); os Materiais e Resíduos (para reduzir o descarte e promover a Saúde dos ocupantes); a Evolução e Inovação (para que a operação do conjunto tenha máximo desempenho e custo mínimo) e ainda a Responsabilidade Social.
Já para qualificar os interessados, a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SC) ofereceu ao longo do processo um Seminário de Sustentabilidade na Arquitetura. “A realização de um seminário técnico, preparatório para a etapa de entrega das propostas, serviu de referência, abordando temas genéricos e também específicos, relacionados ao local e à tipologia de edificação em questão. Com isso qualificou-se profissionais e empreendedores locais para inserir definitivamente a sustentabilidade, com a importância que tem, no dia a dia de suas atividades de projeto e construção”, observa o presidente da AsBEA-SC, Ricardo Fonseca.
Futuramente, a AsBEA/SC deverá organizar uma exposição e lançar uma publicação sobre os melhores projetos, para valorizar e divulgar as vantagens da Sustentabilidade na Arquitetura. Responsável por conceder a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) às edificações que, comprovadamente, obtém uma economia de energia de 10%, o Green Building Council chegou a pesquisar o impacto que um projeto com foco na eficiência energética traz para as pessoas. O resultado foi 20% de melhora nas provas nas escolas, aumento de produtividade de 0,4 a 18% nas empresas, maior venda por metro quadro no comércio e antecipação da Alta nos hospitais.
(PalavraCom, 04/12/2012)
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