Um estudo técnico contratado pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) calculou, na ponta do lápis, que o Sul de Santa Catarina já acumulou perdas superiores a R$ 32 bilhões em decorrência do atraso das obras de duplicação da BR-101. O valor representa quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) dos 44 municípios da região. Já a região Norte, que teve o acesso pela BR-101 duplicado há 10 anos, é 31,6% mais desenvolvida. O estudo da Fiesc evidencia os problemas econômicos que se acumulam e a queda vertical do PIB na região Sul, enquanto a duplicação se eterniza.
Segundo o coordenador da pesquisa, Valter Schmitz Neto, a rodovia emperrada faz o Sul perder competitividade, o que se reflete na geração de emprego. “A cada dia que passa, uma empresa deixa de atender um pedido porque não vai conseguir ultrapassar a barreira da BR-101”. Ele destaca, também, que no cálculo das perdas não está contabilizada a pior de todas: as vidas perdidas e as vidas mutiladas nos acidentes que têm por palco a rodovia em obras. Perdas irrecuperáveis.
A duplicação do trecho Norte da BR-101 foi concluída no prazo durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também autorizou a licitação para a obra no trecho Sul. No governo de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a obra emperrou, e o prazo da sua conclusão foi diversas vezes adiado. A Fiesc prevê que a entrega da obra só ocorrerá em 2017. Mais cinco anos de estrangulamento da economia do Sul, enquanto a porção Norte cresce com notável vigor, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A exasperante novela da duplicação superou todos os limites. O ex-presidente Lula garantiu que a obra seria questão de honra em seu governo. Dois mandatos, oito anos e o compromisso de honra, como tantos outros assumidos, virou fumaça. Com os números dos prejuízos causados ao desenvolvimento pela inércia, pela gestão deficiente e pela burocracia anestesiante, a Fiesc não apenas vai pressionar para que a duplicação seja acelerada como, também, vai cobrar medidas que compensem os prejuízos causados à economia do Sul.
“Mais respeito com Santa Catarina e com seu povo!”, como o jornalista Moacir Pereira escreveu em uma das diversas colunas que escreveu sobre o tema. O povo catarinense tem pressa. A duplicação é um imperativo e um justo retorno aos alentados tributos federais que recolhe. A sociedade precisa continuar atenta e mobilizada em torno desta causa.
(Editorial, DC, 14/12/2012)
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