A segunda votação de pelo menos um dos sete projetos que alteram o zoneamento de pontos de Florianópolis poderá ficar para o ano que vem. A sugestão foi feita nessa terça-feira (30) pelo presidente da Câmara de Vereadores, Jaime Tonello (PSD), após representantes de entidades da região de Santo Antônio de Lisboa percorrerem o Legislativo em busca de solução para o impasse. Porém, a decisão cabe a Dalmo Meneses (PP), autor do projeto que retira a moratória da entrada do bairro Cacupé, passando a permitir construções com até seis pavimentos. Hoje, é possível prédios de somente dois. O assunto volta a ser discutido com a comunidade na próxima segunda-feira.
A comissão chegou à Câmara de Vereadores por volta das 16h. O grupo estava acompanhado do advogado Fernando Coelho, que protocolou documento contra a segunda votação dos projetos. Coelho afirmou que a maneira que as matérias foram votadas é inconstitucional. O mesmo documento será entregue no Ministério Público de Santa Catarina e Federal.
Pouco familiarizado com o ambiente, o grupo foi direcionado de um lado para o outro. Tonello, que estava reunido com os vereadores eleitos, atendeu os líderes comunitários em uma brecha na agenda. Em pé, perguntou por que não participaram da audiência pública. “Não tem o que fazer, o projeto está em fase de votação. Pode acontecer a qualquer momento. Vocês podem acompanhar a ordem do dia no site da Câmara”, informou-lhes. Devido à insistência dos moradores, o presidente da casa legislativa sugeriu que o grupo tentasse sensibilizar Dalmo Meneses.
Tonello foi questionado pela reportagem do jornal Notícias do Dia sobre a possibilidade de não colocar o projeto em votação. Ele manteve o mesmo discurso feito diante dos integrantes da comissão. Quando ia ser questionado sobre o motivo de votar projetos de habitação interesse social junto aos que beneficiam shoppings e aumentam gabarito de pontos da cidade, o presidente da Câmara fechou a porta do gabinete, sem qualquer cerimônia, interrompendo a entrevista.
Reunião discutirá se haverá uma segunda votação ou não
A cena se repetiu no gabinete de Dalmo Meneses. O vereador também cobrou a falta de interesse dos moradores na fase inicial do projeto, mas discutiu o tema com os representantes da comunidade. Segundo ele, é possível retirar o projeto de votação, mas desde que isso ocorra com aval dos outros legisladores. Meneses se dispôs a participar de reunião na segunda-feira com um número reduzido de pessoas e sem a presença da imprensa. “Não haverá votação até nos encontrarmos novamente”, prometeu.
A provável solução para o impasse surgiu após Meneses despedir-se do grupo. Questionado sobre atender a sugestão de Jaime Tonello de postergar a votação para a próxima legislatura, o vereador correu até o elevador para checar a informação com os moradores. “O presidente sugeriu isso mesmo?”, indagou. Diante da confirmação, pediu que a reportagem registrasse o tema: “Coloca aí que foi o presidente quem sugeriu isso”, solicitou com um ar de alivio, mas sem definir se atenderá a sugestão.
O presidente da Associação de Moradores do Bairro Santo Antônio de Lisboa, Cláudio Argenor de Andrade, saiu esperançoso da peregrinação pelos gabinetes. “Ficamos menos preocupados. Ele [Dalmo] deu uma trégua. Disse que vai nos receber para discutir o assunto. Isso nós dá esperança, mas continuamos em alerta”, ressaltou Andrade.
(ND, 01/11/2012)