A reciclagem de garrafas PET no país é feita diariamente por 409 empresas, sendo que 45 delas estão instaladas em Santa Catarina. As maiores empresas do Estado precisam comprar material reciclado de outras partes do país, porque a reciclagem local não é suficiente. Entre estes negócios se destaca, no segmento de transformação do material bruto em fios traçados, uma empresa com 38 anos de história em Itajaí. Conheça um pouco mais sobre a companhia,que é a maior em seu segmento na América Latina,e a respeito dos desafios vividos pelo setor
Cada garrafa PET, depois de passar por um processo de fragmentação de poucos segundos, se transforma em um novo produto e volta ao mercado. O processo ocorre todos os dias em 409 empresas país afora, 45 delas em SC. Na Arteplas, empresa de Itajaí que é hoje a maior da América Latina na reciclagem e transformação do material em fios trançados, o produto final são cordas fabricadas a partir da reciclagem do PET.
A Arteplas é exemplo daquilo que o segmento intitula como empresas integradas, ou seja, indústrias que adquirem a garrafa PET, transformam o produto em flocos e depois em grãos até se transformarem em filamentos para cerdas ou para cordas (veja mais na arte). Para realizar este processo, a empresa envolve 318 funcionários diretos e outros 5 mil indiretos.
A empresa de Itajaí trocou de mãos apenas uma vez durante os 38 anos de fundação, quando o empresário Mário Reis repassou o negócio para o atual presidente, Janor Bianchini, em 2008.
Empresa teve que fazer suas máquinas
Uma das tradições preservadas desde o início da operação é o desenvolvimento de novas máquinas para atender ao negócio:
– A Arteplas foi fundada apenas dois anos depois da primeira conferência da ONU a discutir a preservação ambiental no planeta. E, para dar conta do projeto, o próprio empresário Mário Reis precisou desenvolver parte do maquinário que temos aqui. Hoje, continuamos a manter um setor para desenvolver novas peças – comenta Renato Hadlich, contratado para acompanhar a rotina da produção e aprimorar os processos sob a função de gestor.
Apesar de contar com apenas 11% do total de recicladoras do país, Santa Catarina detém grandes empresas, que consomem muito mais do que há disponível de oferta no mercado, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria PET (Abipet), Auri Marçon. No caso das indústrias catarinenses, por exemplo, é preciso comprar garrafas de outros estados para produzir conforme a capacidade instalada.
– Há três segmentos muito fortes de reciclagem no Estado, que são a transformação em cordas, a aplicação têxtil nas formas mais diversas – de travesseiros e cobertores a roupas – e o uso como cerdas de materiais de higiene – explica Marçon.
(DC, 11/11/2012)
Mercado pode ser ainda maior
Segundo o oitavo censo da Abipet, 47% das garrafas PET que são recicladas chegam às indústrias pelas mãos de catadores, outras 21% vem das cooperativas, e 32% chegam pelas doações diretas de consumidores.
Apesar do volume de reciclagem ser alto – crescendo 12 mil toneladas e chegando a 57,1% entre 2010 e 2011 –, o presidente da Abipet, Auri Marçon, considera que os números do setor ainda são pequenos.
– A taxa de crescimento da reciclagem, que deve chegar a 7,5% neste ano, está ampliando, mas em ritmo lento porque estamos limitados à capacidade de coleta dos municípios, que não cresce. As recicladoras estão ociosas porque o Brasil não desenvolve um sistema eficiente de coletas, tema que está sob responsabilidade das prefeituras – explica.
SC tem que importar material reciclado
No Norte do Estado fica a Condor, que detém o título de líder na produção de escovas na América Latina. A empresa adquire matéria-prima de todas as regiões de SC e do PR, enquanto a Arteplas compra garrafas dos estados vizinhos, MG e SP.
Nas duas empresas, a escassez de matéria-prima preocupa os empresários. O gerente de compras da Condor, Osnir Dalcanale, diz que mais empresas estão utilizando o produto reciclado para os mais variados fins.
– Como o mercado nacional de reciclagem está expandindo, a tendência a médio prazo é que a oferta diminua e com isso o produto fique ainda mais caro. Logo chegará a não haver diferença entre a resina virgem, hoje mais cara, e o PET reciclado.
Segundo o responsável pela gestão da Arteplas, Renato Hadlich, 18 toneladas, o equivalente a 288 mil garrafas, são retiradas de circulação todos os dias. Metade desta montanha vem da região, e a outra parte vem de fora.
– Ainda não avançamos no modelo de reciclagem semelhante ao europeu e continuamos a depender basicamente do catador de rua. Estamos engatinhando nesse processo.
(DC, 11/11/2012)
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