ENTREVISTA: Auri Marçon, presidente da Associação Brasileira de PET (Abipet)
A indústria do PET, que gira em torno basicamente da garrafa plástica, recicla mais a cada ano. Em 2011, foram 294 mil toneladas, contra 282 mil toneladas no ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de PET (Abipet). Auri Marçon, presidente da Abipet, apresenta este cenário e fala sobre a sustentabilidade da embalagem no 21º Congresso Nacional da Indústria de Água Mineral, hoje, no Costão do Santinho Resort, em Florianópolis. Em entrevsita ao DC, ele antecipa um pouco da palestra. Veja ao lado os principais trechos:
Diário Catarinense – Como é o mercado de Santa Catarina e qual a atual participação do Estado no ranking nacional?
Auri Marçon – O mercado de SC tem 45 empresas que reciclam as garrafas PET, atrás apenas de São Paulo, líder com 178 negócios neste setor. No Estado, o Vale do Itajaí lidera. A reciclagem ocorre onde a prática é mais popular, porque viajar com a garrafa vazia custa caro e isto leva as empresas a se instalarem em grande centros de reciclagem. Este é um mercado forte, que movimenta R$ 1,2 bilhão por ano e SC tem cerca de 14% deste total, ou seja, fatura entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões com PET reciclável.
DC – Quais são os segmentos de SC que despontam no cenário nacional em reciclagem de PET?
Marçon – SC detém grandes empresas, que consomem muito mais do que há disponível em termos de oferta. É preciso comprar garrafas de outros estados para produzir conforme a capacidade instalada nestas empresas. Há três segmentos muito fortes de reciclagem no Estado, que são a transformação em cordas, a aplicação têxtil e o uso como cerdas de materiais de higiene. Outro mercado grande em SC é a produção de TNT, uma manta fabricada com PET e usada em coifas de cozinha, para drenagem em construção civil e pavimentos de estradas.
DC – Qual é a relação entre o PET reciclado e o material fabricado a partir de resina virgem?
Marçon – Até a crise econômica, o preço do reciclado era de 70% a 80% do valor da resina virgem, mas depois isso se inverteu. De lá para cá, o reciclado ganhou valor e o uso da resina virgem diminuiu. Hoje a diferença de preço é insignificante entre o PET reciclado e o fabricado a partir da resina virgem. O uso do material reciclado pode crescer, mas isso ainda deve demorar.
DC – Como esse mercado de reciclagem pode crescer mais?
Marçon – A previsão é de crescer 7,5% para este ano, mas isto deve cair, porque estamos limitados à capacidade de coleta dos municípios. As recicladoras estão ociosas porque o Brasil não desenvolve um sistema eficiente de coletas. Hoje, 8,7% dos municípios têm coleta seletiva eficiente no país. Nestas cidades, a cobertura da coleta chega a pelo menos 80% da população. As recicladoras estão ociosas porque o Brasil não desenvolve um sistema eficiente de coletas. Hoje, 8,7% dos municípios têm coleta seletiva eficiente no país. Nestas cidades, a cobertura da coleta chega a pelo menos 80% da população.
(DC, 05/10/2012)