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“O turismo é a indústria mais socialmente justa”

ENTREVISTA: Andrea Druck, diretora institucional do Grupo Habitasul
No dia 14 de outubro, Florianópolis ganhou destaque na reportagem do jornal O Globo, que integrou a série de matérias sobre os desafios de um país emergente como o Brasil, e trouxe indicadores nos quais a capital de Santa Catarina se destaca. A matéria, também reproduzida no Diário Catarinense do último dia 16, rendeu comentários elogiosos e outros nem tanto, estabelecendo uma grande polêmica na cidade. Um dos alvos principais foi Andrea Druck, diretora institucional do Grupo Habitasul, fundado por seu pai. Andrea escolheu Florianópolis para morar em 2005, aos 42 anos, vinda do Rio Grande do Sul, onde nasceu. Tem três filhos: Gabriel, 22, Diego Adil, 11, e Adrianna, de 7, que veio para Santa Catarina com poucos meses de idade. Andrea é jornalista com pós-graduação na França em Gestão e Política Cultural. Antes de trabalhar nos negócios da família, o que faz há 13 anos, atuou na criação e produção artística e cultural. Confira a entrevista de Andrea ao DC.
DC – O que exatamente você quis dizer com “o problema é ser pobre?” (Na frase “O problema não é ser rico, o problema é ser pobre”)
Andrea Druck – Este foi o resumo feito pelo jornalista de O Globo – com todo o direito que lhe assiste – do que eu disse. A pobreza é, na minha opinião, o principal problema a ser resolvido no Brasil, e Florianópolis tem indicadores e cenário absolutamente promissores para resolvê-lo de forma sustentada e permanente. Basta olhar os dados na própria matéria: um lugar especial para trabalhar e viver, razões pelas quais já concentra a maior proporção de ricos entre as capitais, com promissora perspectiva crescente, graças, exatamente, ao que tem de natural e nativo. Florianópolis talvez seja hoje o lugar no Brasil onde melhor se exerça um novo comportamento e mentalidade emergentes: a felicidade – curtir a natureza, a família, os amigos; “festar” não é um projeto para o futuro, “pós-aposentadoria” , ou pós muita batalha para acumular riqueza e poder ser feliz no futuro. A felicidade está justamente em poder harmonizar os dois desejos, realizá-los e vivê-los hoje. Não é preciso sofrer para ir para o céu. O Paraíso é aqui na Terra, já estamos nele. Temos que torná-lo sustentável, perene e próspero para curti-lo o maior e melhor tempo possível.
DC – E qual a solução para deixar de ser pobre? Porque muita gente trabalha mais de 10 horas por dia apenas para pagar alimentação, moradia, transporte…
Andrea – Tratando-se de Florianópolis e dando sequência ao que respondi à primeira pergunta, cito Domenico di Masi: o turismo é a indústria mais socialmente justa que existe. O turismo não é outra coisa do que um lugar, uma sociedade, que faz com que sua natureza, seu jeito de viver sejam percebidos como valor e experiência que interessam a muitas outras pessoas. Criar mecanismos, ordenamentos, equipamentos, estruturas que permitam capturar, produzir e distribuir riqueza a partir deste valor e experiência que o lugar e suas pessoas têm para oferecer é o que devemos fazer, entendo eu. Ao contrário do que alguns apregoam, não há nesta ideia e atitude qualquer prerrogativa de exclusão. Ao contrário. Toda pessoa que nasceu em Floripa ou escolheu Floripa para viver e trabalhar é potencialmente rica na minha opinião. Somos todos ricos “ por natureza”.
DC – Você esperava tamanha repercussão com essa entrevista ao jornal O Globo?
Andrea – Esperava uma excelente repercussão sobre Florianópolis: holofotes sobre uma cidade especial, como muito bem definiu o título da matéria publicada pelo Diário Catarinense. Os dados trazidos – e publicados – pelo jornalista, e as perguntas que me fez indicavam que a Capital seria apresentada como exemplo promissor de um desenvolvimento justo, orgânico e próspero para o Brasil. Mas optou por um título – “Os sem-lancha da classe A” – e um enquadramento que tornou seu conteúdo dualista e fútil. Mas, mesmo assim, quem a lê com atenção e riqueza de espírito (e esta riqueza não depende de classe econômica e social) percebe a realidade que temos e a promessa, por conta disto, que somos.
DC – Tem sofrido agressões por conta disso? O que mais incomoda com essa repercussão?
Andrea – “Volta pra sua terra”. Estou na terra que escolhi e vejo nisso tanto ou mais compromisso com a felicidade deste lugar quanto o das pessoas que nasceram aqui. Divergências devem existir para que a convergência resultante seja a mais abrangente e completa possível. Toda a polêmica ao redor do que foi dito que eu disse está dando nova oportunidade de holofote sobre nós mesmos. E é isto o que importa. Estou aqui para isso se é isso e assim que esta cidade precisa que seja. Escolhi esta cidade, e, se “não fui feita aqui”, sou hoje “feita daqui”.
DC – Se arrepende de alguma coisa que disse?
Andrea – Ju, o que eu disse está escrito aqui graças à oportunidade que estás me dando, o que reforça outra convicção minha: a imprensa não precisa e não deve ser justa; precisa e deve ser livre. Mas agora tenho certeza que minhas palavras serão de fato minhas o que me dará, no mínimo, a oportunidade de ser justamente criticada.
DC – Falaria a mesma coisa de outra maneira?
Andrea – Na verdade, foi o que fiz na entrevista para O Globo e agora para ti.
DC – Vivemos um pleito eleitoral, onde já vimos candidatos prometerem de tablet nas escolas à entrega de remédio por delivery aos cidadãos de baixa renda. Enquanto contribuinte, você considera a classe A desassistida nestas eleições ?
Andrea – Na minha opinião, uma boa proposta de governo não é aquela que atende à uma classe ou a outra, mas, sim, a um projeto de sociedade justa e próspera. As soluções paliativas e efêmeras devem ser somente o primeiro ato de novas circunstâncias para um desenvolvimento crescente e para todos.
DECLARAÇÕES
“Escolhi esta cidade, e, se ‘não fui feita aqui’, sou hoje ‘feita daqui’.”
“Estou na terra que escolhi e vejo nisso tanto ou mais compromisso com a felicidade deste lugar quanto o das pessoas que nasceram aqui.”
“Esperava uma excelente repercussão sobre Florianópolis: holofotes sobre uma cidade especial, como muito bem definiu o título da matéria publicada pelo Diário Catarinense.”
(DC, 24/10/2012)

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