Alunos de Governador Celso Ramos conhecem a realidade local e questões sobre o meio ambiente
Em uma tarde de agosto, estudantes de terceiro e quinto ano da escola municipal Abel Capella, de Governador Celso Ramos, param na entrada de um sítio. Entre palmeiras e plantação de cana de açúcar vai começar mais uma aula de educação ambiental.
Na pauta do dia, a visita ao sítio do Seu Vava, na região de Areia de Baixo – um ambiente bem diferente do que a maioria, que tem mais ligação com o litoral e a pesca, está acostumada. Saber o que são produtos orgânicos, de onde vem o palmito, se deparar com bois soltos, brincar com coelhos e conhecer a nascente de um rio fizeram parte da aula. O roteiro foi guiado por Orivaldo Alexandre Severino, Seu Vava, que todo ano recebe estudantes. Ao final, um café com mandioca plantada na propriedade.
A tarde fez parte das aulas do projeto de educação ambiental Conhecer Para Preservar, da Secretaria de Educação do município. Uma vez por semana, os 2 mil alunos dos 15 colégios da rede – entre escolas e centros infantis – têm aula de educação ambiental. O programa existe há sete anos e tem formado crianças preocupadas com o meio ambiente. A secretária de Educação, Azenir Neia Porto Soares, diz que dar continuidade ao projeto foi uma decisão acertada e espera que ele permaneça nos próximos anos. A bióloga e coordenadora do projeto Cristina Sant’Anna fala que apesar de viverem numa cidade repleta de natureza, os estudantes são afastados das questões ambientais. A ideia é resgatar este contato. As aulas são dadas por seis professores da rede municipal, que recebem treinamento toda quinta-feira de Cristina.
– Eu não tenho essa noção de pedagogia e as professoras não sabem mais a fundo os conceitos de meio ambiente. É uma troca muito boa. – explica a bióloga.
Para ela, experiência mostra que sem muitos recursos e boa vontade, é possível fazer um trabalho para atrair a atenção dos estudantes. Mesmo os assuntos complexos, como legislação ambiental, começam a ser trabalhados na educação infantil e vão até o quinto ano do fundamental. O desafio é repassar o conteúdo da maneira mais didática possível. Teatro, jogos, vídeos e passeios fazem parte das aulas.
O entusiasmo dos estudantes pode ser visto quando a professora de educação ambiental pisa em sala se aula:
– Eles fazem a maior festa. Ficam gritando “meio ambiente! meio ambiente” – relata a professora Carolina de Amorim Miranda.
(DC, 13/09/2012)
Investimento por aluno ainda é baixo
Desde 2000, o Brasil está entre os países que mais investem verbas públicas em educação. Mesmo assim, o país ainda enfrenta um problema grave: o investimento por aluno está abaixo da média. No ensino pré-primário, a média de gastos por estudante do Brasil foi a terceira pior de 34 países – US$ 1,69. A média da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de US$ 6,67 nesta fase.
O mesmo acontece no ensino primário, onde o país investe US$ 2,40, contra US$ 7,71 da média. É o quarto pior resultado entre os 35 países avaliados. Esta relação é ainda pior no ensino secundário, onde o investimento é de apenas US$ 2,23 – a terceira pior –, contra US$ 9,31 da média de 37 países avaliados.
Outra constatação do relatório foi que, embora a taxa de escolarização tenha aumentado na última década, mais de um em cada cinco brasileiros, entre 15 e 29 anos, não vai à escola, nem tem emprego.
De acordo com Andreas Schleicher, diretor-adjunto da OCDE, esses dados mostram um país contraditório, dinâmico por apresentar mais investimento, mais participação, mais alunos na escola, mais pessoas completando a formação, mas que precisa ir além de colocar mais dinheiro.
–Melhorar a qualidade é um ponto crítico que ficou para trás – afirmou.
(DC, 13/09/2012)
O incentivo à inovação
Ensino de física nas redes sociais, atividades criativas para a alfabetização e lições de conscientização ambiental por meio da adoção de animais. Quem acessar o site A Educação Precisa de Respostas vai encontrar esses e muitos outros exemplos de professores que superam os desafios da profissão de maneira criativa. Os responsáveis pela formação dos estudantes têm um espaço fixo na seção Fala, professor! na internet.
Uma dessas iniciativas é de uma professora que busca incentivar a inovação. Há cerca de um mês, Marlise Santos começou a alimentar o blog Tecnologia e Inovação (www.marlisesantos.wordpress.com), com indicações de aplicativos e páginas que estimulem a criatividade em sala de aula. Marlise acredita no valor dos profissionais da educação.
–A formação dos professores tem que ser mais focada na realidade, precisa abordar aspectos mais práticos da educação – afirma.
(DC, 13/09/2012)