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Serviço da Zona Azul deixa a desejar em Florianópolis

Cleiton Colares e Felipe Jorge trabalham com montagem de móveis no Centro da Capital e enfrentam uma grande dificuldade na hora de estacionar o carro: comprar o bloco da Zona Azul. Já deixaram o veículo sem cartão, porque não encontraram os monitores. “Mas nunca fomos multados”, afirmou Colares. Mas os problemas de funcionalidade não param por aí. Um aspecto que demonstra a desorganização é déficit do sistema devido arrecadação baixa em conseqüência da quantidade de funcionários com atestado médico. Outro ponto é estagnação: a expansão para outros bairros nunca saiu do papel. O Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano) perdeu o controle da situação e quem transita no Centro sofre as consequências, inclusive a falta de rotatividade.
A Zona Azul tem 148 funcionários, mas, de acordo com o superintendente do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano), José Carlos Ferreira Rauen, 50 pessoas estão em licença médica e 15 faltam diariamente, por diversos motivos. Sendo assim, o trabalho fica comprometido. Atualmente, o valor da folha salarial dos servidores chega a R$ 300 mil, repassados para a Aflov. “O dinheiro arrecadado, com o valor de R$ 1 a hora, não consegue pagar os funcionários e encargos. Parte do pagamento vem da receita do Ipuf. Se tivéssemos 120 pessoas na rua conseguiríamos pagar”, explicou Rauen.
O Centro tem 4.500 vagas de estacionamento, mas a intenção era levar o sistema a outros bairros da Capital, com o Continente e os balneários. Entretanto, segundo Rauen, seria preciso aprovar um projeto de lei na Câmara de Vereadores, o que não está nos planos do município, tendo em vista as dificuldades enfrentadas hoje quando assunto é equilíbrio entre arrecadação e folha de pagamento.
Diante de tantos problemas, a solução para o usuário é buscar alternativas. “A gente estava passando próximo ao Hippo, achamos uma moça da Zona Azul e paramos ela para comprar o bloco”, disse Colares, que ajudava Jorge a estacionar o carro na Arcipreste Paiva, há mais de um quilômetro de distância de onde encontrou a monitora.
Dez minutos atrás de um monitor
Paulo Roberto Santos Raymundo estaciona o carro ao lado da Catedral Metropolitana, sai do veículo, olha para os lados e sobe apressadamente a rua Arcipreste Paiva. Atravessa a rua, entra na praça Pereira Oliveira, ao lado do TAC (Teatro Álvaro de Carvalho), observa atentamente as pessoas sentadas nas mesas e sai. Suspira aliviado quando vê, do outro lado da rua, dois funcionários da Zona Azul, que conversam encostados em um muro. Raymundo se aproxima, compra uma folha, o equivalente a uma hora de estacionamento, e volta para o carro, mais de dez minutos depois.
“Você viu o tempo que levei para encontrar o pessoal da Zona Azul? Quando é pra multar eles aparecem super rápido”, desabafou o usuário do sistema, indignado. Para Raymundo, falta pessoal para atender a enorme demanda no Centro da Capital. Ele não conhece muito bem o Estaciona Fácil, com cadastramento online do veículo, mas disse que tem medo que multem seu veículo se não tiver o bloco no carro.
Sistema eletrônico que não deu certo
O sistema eletrônico foi feito para diminuir a compra dos blocos e agilizar o trabalho dos monitores da Zona Azul, aumentando a arrecadação. Nesse modelo, o motorista acessa o site da prefeitura, cadastra sua placa e coloca créditos, que serão usados para o estacionamento. Quando encontra uma vaga, ele mesmo pode, por meio de smartphone, registrar a hora que chegou ao local, assim como o momento da saída. Caberia aos monitores cadastrar ou apenas conferir o cadastro do veículo. Entretanto, a maioria dos usuários da Zona Azul desconhece o serviço. “Ouvi que ia ter isso, mas não sei como funciona”, afirmou o motorista Ivo José Vieira.
Rauen afirmou que 25% dos usuários utiliza esse sistema atualmente. A funcionalidade é comprometida, de acordo com ele, por causa da rede de internet do município. “Tem locais que não há conexão”, disse. Sendo assim, a ideia que em março de 2010, quando foi lançada, deveria dobrar a arrecadação da Zona Azul, ainda patina para funcionar. A da prefeitura, que promete acabar definitivamente com os blocos de papel, ainda tem um longo caminho a percorrer. “Sem os blocos, os monitores não teriam que lidar com dinheiro e não estariam sujeitos a roubos. Isso é algo que acontece com frequência, inclusive na própria sede da Zona Azul”, comentou.
Licitação para manter serviço é uma incógnita
Na segunda-feira, o superintendente do Ipuf, José Carlos Rauen, garantiu que o convênio com a Aflov para contratação dos funcionários da Zona Azul será prorrogado até o dia 31 de dezembro de 2012. A promessa de manter o convênio foi assinada em um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) redigido pelo Ministério Público do Trabalho, em parceria com o advogado dos funcionários.
A prefeitura tem a intenção de abrir licitação para o serviço, em modelo de concessão, de acordo com Rauen, que, em contradição a sua declaração, não assinou a garantia de licitação no TAC, alegando caber ao prefeito essa definição. O prefeito da Capital, Dario Berger, foi procurado pela equipe do Notícias do Dia para dar esclarecimentos, mas não retornou as ligações até o fechamento desta edição.
Raio-X da Zona Azul
4.500 vagas de estacionamento
148 funcionários
50 pessoas estão em licença médica
15 faltam diariamente, por diversos motivos
Trabalham diariamente, em média, 83
(ND, 08/08/2012)

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