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Projeto da UFSC sugere transformar ponte Hercílio Luz em calçadão

O anúncio do Governo do Estado de que há um novo projeto para liberar a Ponte Hercílio Luz ao tráfego de veículos traz à tona os prós e contras desta polêmica proposta. Por permanecer interditada durante 26 anos, a estrutura já é vista como um monumento e não faltam sugestões para seu uso depois de restaurada. No departamento de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) um estudo defende que ela se transforme em um calçadão, com feiras e espaços para piqueniques.
Os defensores da ideia, uma equipe de 45 alunos e três professores da disciplina projeto arquitetônico III, são contrários a ideia de liberar a ponte para os veículos. Eles acreditam que é uma solução paliativa e dependerá de novos projetos e investimentos para definir onde estes carros desembocarão ao chegar na Ilha.
O professor Gilberto Yunes tem certeza que a Hercílio Luz não tem mais condições de ser reaberta para este fim e sonha em ver a ponte liberada apenas para pedestres e ciclistas. Com o tema “Diretrizes para intervenção nas cabeceiras e requalificação da Ponte Hercílio Luz”, a ideia parece simples e prioriza o lazer e a circulação de pessoas a pé.
O estudo dos alunos prevê que na cabeceira continental haveria um posto de informações turísticas, um local para contar a história da ponte e um conjunto de restaurantes. Na ponte, em seus 821 metros de extensão, um calçadão e uma ciclovia levariam as pessoas até a Felipe Schmidt e Parque da Luz.
Na cabeceira insular, mais um posto de informações receberia os visitantes, além de uma grande academia ao ar livre, não estas que a Capital já tem, como na Avenida Beira-Mar Norte, mas uma completa com instrutores e profissionais da área de educação física.
— A Hercílio Luz é quase uma ruína, um patrimônio que precisa ser preservado. Se liberada somente para pedestres ela seria mais área de lazer e contemplação de Florianópolis. Já imaginou um passeio como estes? Caminhar pela ponte, tomar sol na ponte, fazer um piquenique no meio dela, andar de bicicleta do início da Beira-Mar Continental até o fim da Beira-Mar Norte? Seria maravilhoso e não haveria necessidade de gastar ainda mais recursos com novos projetos que só priorizam os carros — diz o professor Yunes.
A ideia dos alunos está trancafiada em uma pequena sala da UFSC, longe dos olhos do poder público, tão escondida que nem a equipe de reportagem do DC conseguir entrar por um problema técnico no travamento das portas. Segundo Yunes, não há uma conexão entre universidade e governo para fazer com que estas ideias possam chegar na mesa de negociações do Estado e saírem do papel.
— Hoje a única maneira dos projetos ganharam visibilidade é por meio da imprensa — conta.
Apesar de bonito e barato, nem o governador Raimundo Colombo, nem o secretário de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, conhecem o trabalho dos alunos e ambos estão voltados para a ideia de reabrir a ponte ao tráfego de veículos.
Segundo o governo, a vontade de Colombo é que depois de pronta a ponte tenha utilidade para o trânsito na entrada e saída da ilha, apesar de ainda não se saber como isso ocorrerá na prática. Cobalchini diz pensar da mesma forma, mas não arrisca em adiantar qual solução será a grande escolhida e se realmente será a de liberar para veículos.
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População não será ouvida
De acordo com o governo por enquanto não há nenhuma pretensão de se fazer uma consulta pública para saber qual é a vontade da população no que se refere à reabertura da Hercílio Luz.
Segundo estimativa do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) depois de restaurada, a ponte suportaria a passagem de cerca de 30 mil veículos/dia, o que representa 20% do fluxo de carros que passam pelas pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles, só ainda não se como eles irão circular.
A secretaria de Infraestrutura confirma que não há projeto para definir como será este tráfego, nem onde os carros iriam desembocar na ilha. Nesta segunda-feira o governador Raimundo Colombo estará no Rio de Janeiro com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho para fechar a liberação de R$ 3 bilhões para os cofres do Estado.
A esperança é que parte deste recurso possa garantir o término da restauração da Hercílio Luz até 2014 que custará R$ 200 milhões, destes R$64 milhões já garantidos via Lei Rouanet.
(DC, 13/07/2012)

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