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Especialistas questionam uso da Ponte Hercílio Luz para carros

Após o governador Raimundo Colombo anunciar que a Ponte Hercílio Luz deverá receber tráfego de carros, o dilema são os acessos à travessia. Para especialistas, a capacidade das vias de acesso à ponte estão ultrapassadas para atender o fluxo de veículos de Florianópolis.
Na semana passada, Colombo declarou que utilizará parte dos R$ 3 bilhões de recursos financiados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para concluir a reabilitação da Hercílio Luz.
Segundo o levantamento feito pelo governo do Estado, a antiga travessia poderia receber 20% do número de carros da Pedro Ivo e Colombo Salles, onde passam cerca de 175 mil veículos por dia. Conforme o Departamento de Infraestrutura (Deinfra), devem ser adquiridos R$ 146 milhões de crédito. A expectativa é terminar a ponte em 18 meses.
Para a professora de Engenharia de Tráfego da Universidade Federal de Santa Catarina Lenise Grando Goldner, os acessos à ponte não são adequados para o tráfego atual de automóveis.
— Teriam que reformular as vias de entrada da Hercílio Luz. A pior situação é no lado da Ilha. As ruas (entre elas a Alameda Adolfo Konder) são estreitas e em mão única. Teria que reformular toda a área. A ponte seria mais bem utilizada para pedestre, tráfego de bicicleta e até motocicleta — considera a engenheira.
De acordo com o presidente Deinfra, Paulo Meller, a ponte foi projetada para receber cargas pesadas, como trens, metrôs e carros. Ele afirma que o estudo para tráfego de carros está em andamento e deve ficar pronto até agosto do próximo ano. Uma das ideias é abrir as duas únicas faixas no sentido continente-ilha no horário de pico matinal e na direção contrária à tarde. Outro estudo prevê o uso da travessia para a passagem de ônibus, táxis, ambulâncias e carros de bombeiros.
O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, é favorável à utilização da ponte para carros, mas de forma paliativa. Para ele, só a quarta ligação resolveria o problema de congestionamento.
— Realmente precisam ser feitas adaptações. Por exemplo, seria uma opção para quem vem do Continente para o Centro, mas para quem está na Beira-Mar e quer ir para o Estreito, é bastante complicado — analisa Dário.
O governo estadual segue com o projeto da quarta travessia. Na quarta-feira da próxima semana termina o prazo para as empresas apresentarem propostas de obras para a nova ligação por meio do procedimento de manifestação de interesse. O PMI é uma forma de o Estado obter junto ao setor privado os estudos necessários, que serão pagos pelo vencedor da concorrência pública.
A previsão é que leve 18 meses entre a escolha do tipo de obra até o lançamento de edital de execução da quarta ligação. Nessa estimativa, o governo não conseguiria concretizar a nova travessia dentro do mandato. Com a Hercílio Luz, há mais chances de reduzir os problemas de congestionamento ainda nesta gestão.
(DC, 16/07/2012)

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