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Centro de recuperação tem luta diária para devolver à natureza animais silvestres em SC

Golfinhos presos em redes de pesca, pinguins mortos na praia, elefantes-marinhos descansando na orla, canários com sinais de maus-tratos. Atender a ocorrências como estas é a rotina da Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina.
Com efetivo reduzido e pouco espaço, as equipes tentam, muitas vezes sem sucesso, solucionar a todas as denúncias que chegam por telefone inquieto da guarnição. Mesmo diante das dificuldades, em 2011, 35,5% das mais de duas mil aves recuperadas no local reaprenderam a voar e voltaram para a natureza.
O comandante da corporação, Leibnitz Hipolito, diz que em todas as áreas da segurança pública do Estado os efetivos estão reduzidos e fazem o possível para atender à demanda. Quando se trata dos animais não é diferente.
O único centro de recuperação de animais silvestres (Cetas), localizado no Rio Vermelho, em Florianópolis, recebe uma média de duas mil aves, cerca de 200 mamíferos e cem répteis para tratar todos os anos. Sob os cuidados de um veterinário e dois policiais militares por turno, no ano passado os hóspedes consumiram 3 mil quilos de banana, alimento preferido da maioria das espécies. Já os pinguins-de-magalhães, que costumam sair da Patagônia Argentina todos os anos rumo ao Litoral catarinense, consumiram quase 2 mil quilos de sardinha. Depois de bem alimentos e recuperados da viagem, eles voltam para casa.
Todos têm direito a uma segunda chance
Com a missão de cuidar de todos estes animais, o sargento Marcelo Duarte pede a compreensão dos catarinenses quando um chamado não é atendido. Segundo ele, nunca é falta de vontade, e sim, falta de efetivo.
— Um exemplo aconteceu há poucos dias. Não pudemos ir buscar o filhote de golfinho que se feriu em uma rede de pesca no Campeche porque estávamos em Imbituba para verificar a situação da fêmea de elefante-marinho que se encontrava na Praia do Rosa.
Todos os dias fazemos tudo que está em nossas mãos para atender aos chamados, mas nem sempre conseguimos — declara.
O comandante Hipolito informou que existem dois projetos para a criação de um centro de triagem, semelhante ao do Rio Vermelho, para Lages e Chapecó, mas que ainda não há recursos nem previsão de quando as ideias sairão do papel.
— Estamos em busca de parcerias, nos últimos seis meses conseguimos reforçar o efetivo e continuaremos tentando ampliar o atendimento — afirma.
Quem um dia nunca ouviu a frase: “Ele nasceu em cativeiro, não se acostumaria na natureza, tem tudo que precisa em casa”. Aos que pensam desta maneira e mantêm qualquer tipo de ave em casa, como papagaios e canários, o sargento Duarte afirma: eles podem, sim, ter uma segunda chance e voltar a voar e se socializar em seu meio.
– Muitas das aves, depois de 20 dias no centro, estão prontas para sair da prisão a qual foram condenadas. É um egoísmo pensar que não conseguirão. O melhor que eles podem ganhar é a liberdade, e não uma gaiola grande e comida a hora que quiserem — diz.
Universidades são as acolhedoras no interior
Sem um Cetas, todas as cidades do interior de SC contam com o auxílio de 19 quartéis da Polícia Ambiental. Nelas, e no batalhão que fica na Capital, trabalham 340 policiais. Hipolito explica que no restante do Estado as parcerias com universidades é que contribuem para atender à demanda. Assim, todos os animais silvestres encontrados são tratados em hospitais universitários.
Os únicos que são encaminhados até a Capital são os que estão em estado grave, que já foram domesticados ou que são filhotes e, por isso, precisarão de cuidado por um longo tempo.
Onde fica
Rod. João Gualberto Soares, 17000 / Entrada do Parque Estadual do Rio Vermelho. Telefone (48) 3269-7111
Estrutura
10 policiais militares divididos em: 2 por turno para recolher os animais, 2 por turno para tratar os animais, 1 médico veterinário, 2 caminhonetes e 1 caminhão para transporte em maiores distâncias (esporadicamente contam com o trabalho de voluntários da ONG R3 Animal.
Como funciona
A unidade fundada em 1994 é a única no Estado cadastrada para cuidar de animais silvestres. Funciona numa área de três hectares equipada com ambulatórios e 25 recintos para animais. A maior parte dos resgates envolve aves silvestres apreendidas em cativeiros irregulares.
Entre as principais tarefas diárias estão a alimentação dos animais, realizada duas vezes ao dia, limpeza dos recintos, medicação e averiguação de denúncias.
Principal dificuldade
Pouco efetivo e espaço reduzido Prazo para solução – não há
Como ajudar
Quem puder ajudar voluntariamente a tratar os animais pode se cadastrar no site www.r3animal.org.br.
De onde eles veem
A Polícia Ambiental não consegue informar de qual região ou Estado vieram cada um dos animais que estão em tratamento. O que se sabe é que a maioria é de SC e foram recuperados em três tipos de situações: estavam com criadores ilegais, foram encontrados por moradores e deixados no local, estavam doentes na mata e foram encaminhados ao Cetas pela polícia ou pela população
Os marinhos
Na maioria das vezes eles são tratados e medicados na praia para não estressar ainda mais o animal. Para o Cetas só vão os casos mais graves.
O que fazer se você encontrar um animal silvestre
Ligar para o 190 que a central deve encaminhar o caso à equipe de Polícia Ambiental. Em nenhum caso, se recomenda ficar com o animal em casa e tentar domesticá-lo.
(DC, 10/07/2012)

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